
Collor � suspeito de receber propina em troca de contratos com a subsidi�ria da Petrobr�s que era controlada politicamente por ele at� o ano passado. Suas empresas seriam usadas para lavar o dinheiro por meio de empr�stimos fict�cios. Os gastos milion�rios com consumo s�o bem inferiores � renda declarada pelo senador em todo o per�odo, de R$ 700 mil.
Ao analisar documentos apreendidos na sede da TV Gazeta, os investigadores descobriram que Collor fez 6.762 empr�stimos entre 2011 e 2014 com sua empresa que totalizaram R$ 31,1 milh�es. Desse montante, 49,5% foram destinados a cobrir gastos correntes do senador. H� registros de pagamento de horas de voo (R$ 140.250), viagens de turismo internacional (R$ 30.874), conta de energia el�trica em Campos do Jord�o (R$ 1.782), tr�s despesas registradas como "Foto campanha FC 2010", ano em que ele disputou e perdeu a elei��o para o governo de Alagoas. O �ltimo valor n�o foi registrado.
Os investigadores destacaram que o fato de Collor ter usado parte do dinheiro que tomou "emprestado" da TV Gazeta com despesas pessoais � relevante porque s�o valores que n�o podem ser recuperados, ao contr�rio do que ocorre com bens adquiridos cujos valores poderiam ser readquiridos por meio de venda. "A TV Gazeta, al�m de conceder empr�stimos a Collor sem observar sua capacidade de pagamento, n�o se preocupou com o fato de que ele despendeu pelo menos metade dos recursos recebidos em consumo - e o fez com o conhecimento da empresa, pois ela registrava isso na sua contabilidade", diz a per�cia.
"Os rendimentos declarados por ele de 2011 a 2013 foram �nfimos em rela��o ao montante da d�vida perante a TV Gazeta (R$ 31,14 mi). Essa d�vida era de 110 vezes o valor dos rendimentos anuais do senador em 2011 e 118 vezes em 2013", escreveram os peritos. Para concluir que as supostas d�vidas de Collor com a TV Gazeta "foram constitu�das em circunst�ncias que caracterizam transfer�ncias de recursos e n�o empr�stimos, ainda que tenham sido contabilizados como tal."
Os documentos apreendidos na TV Gazeta e outras duas empresas que tem Collor como s�cio revelaram aos investigadores que a empresa recebeu ao menos R$ 9,6 milh�es em dinheiro vivo, al�m de outros repassem sem qualquer rela��o com sua atividade. Do montante, R$ 523 mil foram depositados pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, e Rafael �ngulo, que distribu�a propina a mando do doleiro. Os dois fizeram 17 dep�sitos entre outubro de 2012 e janeiro de 2014.
A per�cia comprovou o que foi dito em depoimentos na Lava Jato de que �ngulo viajava para Macei� para fazer as entregas de dinheiro em esp�cie destinadas a Collor. As datas das viagens coincidem com as dos dep�sitos, realizados um ou dois dias depois.
Dos R$ 9,6 milh�es, R$ 5,6 milh�es foram para Collor ou sua mulher, Caroline. Do montante, R$ 3,3 milh�es foram contabilizados pelas empresas como sendo para abater a suposta d�vida do casal, mas os investigadores descobriram que at� isso era uma opera��o simulada. "Em alguns casos, os dep�sitos foram transferidos imediatamente (de volta) para Collor."
Collor tem negado irregularidades nos empr�stimos tomados com suas empresas. Em nota � reportagem em novembro passado, sua assessoria informou que "todos os gastos e despesas realizados pelo senador Fernando Collor s�o categoricamente compat�veis com os recursos por ele recebidos nos anos de 2011 a 2013, considerados os rendimentos recebidos e os empr�stimos tomados no per�odo, notadamente junto � TV Gazeta de Alagoas, empresa familiar da qual � acionista."