Bras�lia - O governo quer esquecer o ajuste fiscal e liberar investimentos, emendas e acelerar a nomea��o de cargos para tentar fidelizar a base de apoio na C�mara e impedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. PSD, PTB, PR, PDT e PP, legendas rebeldes, comandam
O governo precisa, de fato, abrir o cofre. Para onde o Planalto se vira, h� problemas. Na comiss�o do impeachment, que analisa o processo de afastamento da presidente, o governo diz ter garantido 32 dos 65 votos, uma conta na risca, j� que o presidente do colegiado, Rog�rio Rosso (PSD-DF) s� vota se houver empate. No plen�rio da C�mara, para barrar o processo de impeachment, o Planalto e seus articuladores calculam contar com 150 votos cristalizados. S�o necess�rios, ao menos, 171, para impedir o afastamento de Dilma. A matem�tica tem sido cruel para os governistas. A estimativa � de que haja uma margem de 50 a 60 deputados ainda indecisos, male�veis a poss�veis argumentos. Na pr�tica, isso significa que 90% dos 513 deputados j� se decidiram pela perman�ncia ou afastamento da presidente.
“Para respirar aliviada, Dilma teria de ter uma margem de 200 a 220 votos cristalizados, para evitar os riscos de uma vota��o aberta. Essa � a base aliada que persegue desde que foi reeleita em 2014 e que jamais conseguiu”, admite, desolado, um petista bom de conta. “Se formos para o plen�rio com 150 votos, esse n�mero despenca para 100. Mas se chegarmos com 200, podemos crescer para os 220. � o efeito manada”, diz o mesmo estrategista.
Se for derrotada na C�mara, Dilma ainda tenta contar com os senadores para preservar o mandato. Se o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) aceitar a abertura do processo encaminhado pelos deputados, automaticamente Dilma � afastada do cargo por at� 180 dias. Renan j� avisou que, ao contr�rio do que prometia em dezembro, n�o decidir� essa quest�o monocraticamente, passar� para o plen�rio da Casa. A oposi��o precisa de 54 votos para cassar a petista. Hoje , pelos c�lculos dos pr�prios governistas, os advers�rios do Planalto j� tem 41.
O c�lculo de um defensor do impeachment � cruel para o Planalto. “Se eu disser que defendo a Dilma hoje nas ruas, apanho”, admite ele, n�o se sabe se utilizando linguagem figurada ou concreta. Mesmo que ele compre a briga, a batalha n�o render� dividendos pol�ticos. “Quem hoje defende a Dilma vota no PT, no PCdoB. N�o � meu eleitorado. Ou seja, ser contra o impeachment n�o me d� um voto a mais e ainda afasta aqueles que me elegeram em 2014”, avalia um parlamentar, pedindo anonimato.
A conta pr�tica, em ano de elei��es municipais, � cristalina. O PSD de Rog�rio Rosso (DF), presidente da comiss�o especial do impeachment, liberou a bancada para votar como bem entender. O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, n�o pretende abandonar o cargo, mas ele tem pouca ascend�ncia na bancada. “Hoje, o c�lculo � de 55% deputados fi�is ao governo e 45% defensores do impeachment”, diz um dirigente pessedista. “Antes dos grampos envolvendo a conversa de Dilma com o ex-presidente Lula, essa margem pr�-Planalto era muito maior”, admite o cacique do PSD.
APOSTA O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (RS), que teve de intervir na elei��o de l�der da bancada na C�mara para evitar que o partido derrapasse para a oposi��o, aposta ainda que a maior parte da legenda mantenha-se alinhada ao Planalto ap�s ter mantido – com um t�cnico, n�o um pol�tico – o comando do Minist�rio da Integra��o Nacional. A aposta pode ser arriscada. Vinte e dois deputados e quatro senadores aprovaram uma resolu��o exigindo que Ciro marque uma reuni�o do comando do partido na quarta-feira para definir se o PP � base ou oposi��o. “� quase a metade dos deputados e dois ter�os dos senadores. Queremos uma defini��o em conven��o de emerg�ncia da legenda antes da vota��o do impeachment na C�mara, prevista para a segunda quinzena de abril”, disse o deputado Jer�nimo Goergen (PP-RS).
O PR tamb�m est� dividido. Um integrante do comando partid�rio faz e refaz as contas e n�o sabe se a titularidade no Minist�rio dos Transportes ser� suficiente para manter a bancada coesa em torno do Planalto. “Tivemos manifesta��es de rua marcadas e espont�neas pelo impeachment, grampos de Dilma e Lula, do ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, e as dela��es do senador Delc�dio do Amaral (sem partido-MS). � muita not�cia ruim para um governo s�”, reconhece um deputado do PR.