(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Odebrecht adquiriu banco para propina, diz delator da Lava-Jato

De acordo com um dos executivos que operava o departamento da propina, foi adquirida uma filial do Meinl Bank Antigua


postado em 20/06/2016 07:49 / atualizado em 20/06/2016 09:42

Um dos executivos apontados como operadores de offshores do chamado "departamento de propina" da Odebrecht disse em depoimento � for�a-tarefa da Lava-Jato que a empreiteira controlou 42 contas offshores no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada ap�s aquisi��o da filial de um banco, o Meinl Bank Antigua, no fim de 2010.

Vin�cius Veiga Borin citou em dela��o premiada transfer�ncias "suspeitas" das contas associadas � Odebrecht que somam ao menos US$ 132 milh�es. O delator � o primeiro a falar em detalhes sobre as transa��es internacionais do grupo por meio de offshores.

Borin trabalhou em S�o Paulo na �rea comercial do Antigua Overseas Bank (AOB), entre 2006 e 2010. Ele e outros ex-executivos do AOB se associaram a Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares, ent�o executivos do Departamento de Opera��es Estruturadas - nome oficial da central de propinas da empreiteira, segundo a Lava Jato - da Odebrecht para adquirir a filial desativada do Meinl Bank, de Viena, em Ant�gua, um para�so fiscal no Caribe.

A aquisi��o envolveu ainda Ol�vio Rodrigues J�nior, respons�vel por intermediar a abertura das contas para a empreiteira no AOB. A participa��o de 51% da filial da institui��o financeira em Ant�gua foi adquirida, segundo o relato, por US$ 3 milh�es mais quatro parcelas anuais de US$ 246 mil. Ao final da negocia��o, o grupo passou a ter 67% do Meinl Bank Ant�gua.

Homologa��o

A Procuradoria da Rep�blica no Paran� pediu na sexta-feira ao juiz federal S�rgio Moro que homologue a dela��o premiada de Borin e de outros dois executivos do AOB: Luiz Augusto Fran�a e Marcos Pereira de Sousa Bilinski. Somente Borin prestou depoimento.

O Departamento de Opera��es Estruturadas da Odebrecht foi alvo da 23.ª etapa da Lava Jato, que levou � pris�o do marqueteiro Jo�o Santana, sua mulher e s�cia, M�nica Moura, al�m do pr�prio Borin. Foi a partir da Opera��o Acaraj� - assim batizada em refer�ncia a um dos nomes usados nas planilhas da contabilidade paralela da Odebrecht para propinas - que a for�a-tarefa da Lava Jato chegou ao n�cleo dos pagamentos il�citos da empreiteira.

As revela��es foram feitas principalmente pela funcion�ria Maria L�cia Guimar�es Tavares, a primeira do grupo empresarial a colaborar com as investiga��es. Atualmente, executivos da Odebrecht e o empreiteiro Marcelo Odebrecht negociam uma dela��o premiada com a Lava Jato.

Entre as contas offshores citadas por Borin est�o a Klienfeld, a Innovation e a Magna, que fizeram dep�sitos na conta offshore Shellbill Finance, apontada como de propriedade de Santana, na Su��a, no valor de US$ 16,6 milh�es, segundo o delator.

Representante

Borin afirmou que o banco AOB come�ou a operar contas para a Odebrecht a partir de um pedido de Ol�vio Rodrigues, que se disse representante da empreiteira e interessado em abrir contas no banco para movimentar recursos referentes a obras no exterior.

Ele afirmou ainda que acredita que os recursos movimentados em grande parte pelas contras associadas � Odebrecht "eram il�citos" ou n�o se referiam a pagamentos de fornecedores ou "relativos a obras da companhia".

Conforme o delator, com a aquisi��o do banco, seu grupo e o dos executivos da Odebrecht passaram a dividir uma comiss�o de 2% sobre cada entrada de valor nas contas das offshores controladas por Ol�vio. Da porcentagem, 0,5% ia para os tr�s ex-executivos do AOB, 0,5% para a sede do banco em Viena e 1% para Ol�vio, Soares e Migliaccio.

A aquisi��o, segundo Borin, inicialmente envolveu tamb�m Vanu� Faria, sobrinho do controlador do Grupo Petr�polis Valter Faria, que, de acordo com o delator, teve cerca de US$ 50 milh�es nas contas que mantinha no AOB bloqueados com a liquida��o do banco. Entre o fim de 2011 e 2012, Vanu� vendeu sua participa��o.

No depoimento, o delator disse que nunca teve contatos com Marcelo Odebrecht ou outros executivos do grupo al�m dos citados. Borin afirmou que Migliacio e Felipe Montoro, outro representante da Odebrecht, sugeriram no ano passado que ele e os outros s�cios no Meinl Bank deixassem o Brasil em raz�o do avan�o da Lava-Jato. Segundo o delator, citaram Ant�gua, Portugal e Rep�blica Dominicana e chegaram a pedir um plano de gastos com a mudan�a.

"Que Felipe Montoro e Migliacio tinham uma grande preocupa��o com os documentos do Meinl Bank, tendo aventado a possibilidade de comprarem o banco e o encerrarem em seguida para ‘sumirem’ com a documenta��o", diz trecho do depoimento.

Ol�vio est� preso e � r�u na Lava-Jato. Luiz Eduardo Soares tamb�m cumpre pris�o preventiva no Paran�. Ambos respondem por forma��o de quadrilha e lavagem de dinheiro na Lava Jato por pagamentos da empreiteira no exterior e em esp�cie no Brasil para Santana e sua mulher. Migliaccio est� preso na Su��a e responde a processo no pa�s europeu.

Defesas

Procurada pela reportagem, a Odebrecht informou, por meio de sua assessoria, que n�o iria se pronunciar sobre o depoimento. O advogado Fabio Tofic, que defende Santana, informou que s� vai se manifestar sobre o caso perante a Justi�a. As defesas de Ol�vio Rodrigues, de Valter Faria e Vanu� Faria n�o foram localizadas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)