Bras�lia - O presidente afastado da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta ter�a-feira, 21, que o ex-ministro da Casa Civil Jacques Wagner o ofereceu, em pelo menos tr�s encontros, os votos a seu favor dos tr�s integrantes titulares do PT no Conselho de �tica em troca de o peemedebista n�o aceitar o pedido de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
O peemedebista disse que os tr�s encontros que teve com Wagner ocorreram na resid�ncia oficial da presid�ncia da C�mara, na base a�rea de Bras�lia e no Pal�cio do Jaburu, resid�ncia oficial do vice-presidente da Rep�blica.
De acordo com Cunha, o presidente da Rep�blica em exerc�cio, Michel Temer, intermediou o terceiro encontro, mas n�o participou da reuni�o. "E nos tr�s encontros, ele ofereceu os votos do PT no Conselho de �tica e chegou a ponto de oferecer que n�o haveria discuss�o sobre minha mulher e milha filha. (...) Soava como chantagem", disse.
O presidente afastado da C�mara afirmou que Jacques Wagner tamb�m chegou a oferecer a ele o controle sobre o presidente do Conselho de �tica da Casa, deputado Jos� Carlos Ara�jo (PR-BA). De acordo com o peemedebista, o ex-ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff afirmou que tinha "controle total" sobre Ara�jo, ao sustentar que o parlamentar baiano dependia de algumas a��es do governo da Bahia. A administra��o estadual � atualmente comandada pelo governador Rui Costa (PT), que sucedeu Wagner no cargo.
Cunha disse que j� estava decidido a deflagrar o impeachment de Dilma antes de o PT declarar voto contra ele no Conselho de �tica. Conforme o peemedebista, a decis�o estava assinada e trancada em um cofre na C�mara.
Ele disse que n�o anunciou antes a autoriza��o para n�o atrapalhar a vota��o da altera��o da meta fiscal na sess�o do Congresso Nacional. O peemedebista relatou que, no dia do an�ncio, Wagner tentou falar com ele por telefone, para tentar convenc�-lo.
"Ignorei esse fato e sai para o an�ncio, porque me convenci que a vota��o da meta ia ter curso", afirmou.
'Tratamento diferenciado'
Cunha tamb�m reclamou do que chamou de tratamento diferenciado dado a ele e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por deputados e senadores favor�veis � sua cassa��o.
Sem mencionar Calheiros, Cunha afirmou que qualquer "evento" contra ele que vinha � tona, parlamentares davam entrevistas ou entravam com representa��es contra pedindo seu afastamento. "Os mesmos senadores n�o defendiam isso no Senado", afirmou. Assim como Cunha, o presidente do Senado tamb�m � investigado no �mbito da Opera��o Lava Jato.
Protesto
Manifestantes protestam nesta ter�a-feira na porta do hotel em Bras�lia no qual Cunha concede entrevista coletiva. Sons de buzina e palavras de ordem contra o peemedebista podem ser ouvidas de dentro da sala onde ele fala. Cunha ignora os protestos e seguia, por volta das 12h, com a coletiva.
Para evitar poss�veis protestos dentro da sala, a assessoria do presidente afastado da C�mara s� permitiu a entrada no local de jornalistas que possuem a credencial oficial para a cobertura das atividades da C�mara dos Deputados.