Bras�lia, 12 - A ex-senadora Marina Silva, filiada � Rede Sustentabilidade, disse nesta quinta-feira que, embora seja legal, o processo de impeachment n�o atende ao desejo da popula��o de "passar o Brasil a limpo".
Marina fez o coment�rio ao defender novamente a cassa��o na Justi�a Eleitoral da chapa vitoriosa nas elei��es de 2014 composta pela presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), e seu vice, o agora presidente em exerc�cio, Michel Temer (PMDB). Processos que correm no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tentam abreviar o mandato do governo eleito por conta de den�ncias sobre o uso de recursos il�citos, como dinheiro desviado da Petrobras, na campanha.
"As den�ncias e os crimes que foram praticados e que est�o sendo comprovados pela Lava Jato colocam cada vez mais o sentido de urg�ncia do TSE", afirmou Marina, ap�s repetir que as den�ncias de corrup��o na Petrobras que recaem sobre o PT implicam tamb�m o PMDB.
"Uma vez comprovado que houve corrup��o e que foram fraudadas as elei��es pelo uso de dinheiro do 'petrol�o', deve-se cassar a chapa que violou a lei. A�, ser� dado um forte sinal para a sociedade de que o crime eleitoral n�o compensa", acrescentou a ex-ministra do Meio-Ambiente.
Marina conversou com a Ag�ncia Estado ap�s proferir na noite desta quinta-feira uma palestra sobre mudan�as clim�ticas e crise ambiental num templo evang�lico no centro da capital paulista. Na entrevista, ela avaliou que o governo Temer, apesar de ter "inegavelmente" acertado na escolha da equipe econ�mica, n�o "dialoga" com as grandes quest�es em discuss�o no mundo, mencionando temas ambientais.
"N�o podemos passar o recado de que, resolvendo a economia, o resto n�o importa", disse Marina. Ao comparar a qualidade t�cnica da equipe econ�mica com os erros cometidos em outras �reas, acabou dando ainda uma alfinetada no presidente interino, autor de poemas nas horas vagas. "Fazendo uma met�fora, � como se tiv�ssemos uma pessoa excelente em ortografia e gramatica , mas que n�o � capaz de fazer um poema. S� entender de economia n�o basta."
A ex-senadora defendeu tamb�m a legalidade do processo de destitui��o de Dilma, que est� na reta final no Senado. "Houve um crime de responsabilidade. A constitui��o assegura que um governante pode ser deposto (nesse caso) e essa � a realidade."
Um dia ap�s o t�rmino, na madrugada de quarta-feira, da sess�o do Senado que encaminhou o processo de impeachment a julgamento final, Marina afirmou durante sua palestra na catedral presbiteriana que o mundo vive uma crise civilizat�ria, na qual uma das bases reside na grave crise pol�tica - igualmente exacerbada, segundo ela, no Brasil. De acordo com Marina, a pol�tica se tornou impotente em resolver os problemas da humanidade.
Num discurso em que por diversas vezes fez refer�ncias a passagens b�blicas a um publico majoritariamente de evang�licos, a ambientalista disse que a ruptura a um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustent�vel ter� que ser conduzido pela sociedade, e n�o por um partido ou por um presidente eleito.
"Talvez a mudan�a n�o venha de pol�ticos. Pesquisas mostram que 39% dos consumidores aspiracionais querem mais do que pre�o, design e qualidade. Querem �tica, produtos que n�o tenham sido feitos em preju�zo � contamina��o da �gua, com trabalho escravo. A sociedade pressiona por mudan�as", disse a candidata derrotada no primeiro turno das elei��es de 2014. "Um modelo sustent�vel precisa ser sustent�vel do ponto de vista �tico e, para n�s que cremos, do ponto de vista espiritual", complementou Marina.(Eduardo Laguna)