
Respons�vel por dar in�cio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente da C�mara e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode se beneficiar da decis�o do Senado de manter os direitos pol�ticos da petista. A vota��o de ontem no Senado foi dividida em duas etapas. Na primeira, os parlamentares decidiram destituir Dilma, por 61 votos a 20. Em seguida, eles decidiram que a ex-presidente n�o deve perder os direitos pol�ticos, por 42 votos a 36, com tr�s absten��es.
Ainda no plen�rio do Senado, alguns parlamentares alertaram que a decis�o de separar a autom�tica cassa��o da perda de direitos pol�ticos poder� beneficiar parlamentares envolvidos em esquemas de corrup��o que julgados no futuro, entre eles Eduardo Cunha. A vota��o para decidir se o peemedebista ser� cassado est� marcada para o dia 12.
O presidente da C�mara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ponderou que, em seu entendimento, a Casa n�o � obrigada a seguir o mesmo rito do Senado, mas a decis�o de manter as fun��es pol�ticas da Dilma pode beneficiar Cunha. “Se formos usar a mesma decis�o do presidente Ricardo Lewandowski, muda o processo de cassa��o de qualquer um, do Eduardo ou de qualquer outro que venha depois”, disse Maia.
“Fiquei preocupado, porque ele cita muitas vezes o regimento da C�mara e que est� votando uma proposi��o. Por isso houve o destaque e suprimiu-se parte do texto, o que, no caso das cassa��es, n�o era poss�vel. A decis�o abriu um precedente”, afirmou Maia. A ideia de votar um projeto de resolu��o j� vem sendo cogitada por aliados de Eduardo Cunha. Com isso, eles imaginam apresentar emendas para que a puni��o ao ex-presidente da C�mara seja abrandada.
A ex-senadora Marina Silva (Rede) tamb�m criticou a decis�o do Senado e considerou que a preserva��o dos direitos pol�ticos de Dilma pode beneficiar Cunha. “Provavelmente, o beneficiado ser�, em seguida, j�, o ex-presidente da C�mara dos Deputados, Cunha. Quando digo que PT e PMDB s�o faces da mesma moeda, irm�os siameses, est� provado”, criticou Marina.
“Protagonista do processo”
Ontem, logo depois do fim da sess�o do impeachment, Eduardo Cunha comemorou, por meio de nota, o resultado da vota��o que destituiu Dilma Rousseff. Antigo desafeto da petista, Cunha se disse “protagonista do processo” e afirmou que o impeachment “vira uma p�gina negra na hist�ria do pa�s”. O peemedebista desejou “sucesso” ao governo de Michel Temer.
“Como protagonista do processo, vejo que todos meus atos foram confirmados por sucessivas vota��es, tanto na C�mara quanto no Senado, atestando a lisura dos meus atos”, afirmou Cunha. Ele disse lamentar que uma “democracia t�o jovem tenha de passar pelo trauma de mais um impeachment de presidente da Rep�blica”.
O deputado afastado enviou ontem uma carta aos deputados para expor seus argumentos de defesa e pedir que os colegas votem contra a cassa��o dele no plen�rio da C�mara. Cunha admite que errou e “passou do ponto” em algumas situa��es, mas se diz v�tima de advers�rios, que buscam seu exterm�nio pol�tico para abafar o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
“Reconhe�o que errei e passei do ponto em muitos momentos, acirrando os confrontos e gerando uma rea��o corporativa”, escreveu aos colegas. O ex-presidente da C�mara diz, ainda, que seu direito de defesa foi cerceado no STF, onde tramitam inqu�ritos e processos contra ele, e no Conselho de �tica, onde a maioria j� se posicionou pela cassa��o.
“A C�mara permitiu isso sem reagir, sem se ater que amanh� esse absurdo poder� ser direcionado contra outros deputados”, acusa. Em outro trecho da carta, Cunha faz autocr�tica e reconhece que, se pudesse voltar atr�s, “talvez” faria “refer�ncia” � exist�ncia do trust, com recursos no exterior, em depoimento � CPI.