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Estado de Minas

Grupo teme paralisa��o de an�lise em Perus


postado em 07/11/2016 08:31 / atualizado em 07/11/2016 08:45

O trabalho de identifica��o das ossadas da vala de Perus, do cemit�rio Dom Bosco, na zona norte de S�o Paulo, pode ser interrompido por falta de recursos. Hoje, o projeto de reconhecimento dos corpos de desaparecidos do regime militar custa R$ 3 milh�es por ano - pagos pela Prefeitura de S�o Paulo, Minist�rio da Educa��o e o Minist�rio de Justi�a e Cidadania.

A mudan�a nas gest�es municipal e federal, no momento em que contratos com parceiros do projeto dependem de renova��o, traz d�vidas sobre sua continuidade. "Alguns contratos de profissionais vencem em janeiro, mas para a conclus�o do projeto nos precisamos de pelo menos mais dois anos", alerta Carla Borges, coordenadora de Direito � Mem�ria e � Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC).

A pasta faz parte do Grupo de Trabalho Perus (FTP), formado pela Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) e pela Comiss�o Especial dos Desaparecidos Pol�ticos,

Hoje, a Prefeitura de S�o Paulo arca com R$ 440 mil, o Minist�rio da Justi�a tem liberado, via emenda parlamentar, algo em torno de R$ 2 milh�es, e o Minist�rio da Educa��o tamb�m tem liberado, via emenda parlamentar, outros R$ 500 mil. A previs�o or�ament�ria para o pr�ximo ano � de a Prefeitura dobrar seu valor, mas sua aprova��o depende de vota��o na C�mara Municipal, que deve acontecer at� o final deste m�s.

Das 1.047 caixas de corpos que est�o no Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), 530 j� foram abertas e analisadas. Com essas an�lises, o grupo tem avan�ado na identifica��o de tr�s desaparecidos pol�ticos: Dimas Ant�nio Casemiro; Grenaldo de Jesus da Silva e Francisco Jos� de Oliveira.

"Al�m da abertura das outras caixas e de todo o processo de limpeza e identifica��o, estamos na fase de coleta de DNA e cruzamento de informa��es com as amostras �sseas", explica Javier Amadeo, membro do comit� Gestor do GTP.

O atual secret�rio municipal de Direitos Humanos, Felipe de Paulo, espera que o projeto tenha continuidade com a nova gest�o do prefeito Jo�o Doria (PSDB). "Ainda n�o houve nenhum processo de transi��o, mas tenho certeza que ser� republicano e estamos prontos para colaborar e garantir esse recurso para uma das a��es mais importantes da nossa secretaria", avalia. A assessoria do prefeito eleito informou que Doria deve se pronunciar em breve.

Outro fator que tem colocado em risco o desenrolar dos trabalhos � o contrato, que vence em janeiro de 2017, com um grupo internacional de arque�logos e antrop�logos forenses. Da Argentina e Peru, eles aportam expertise ao projeto ainda n�o desenvolvida no Pa�s.

Fam�lias

Aos 74 anos, o historiador Jos� Lu�s Del Roio vive a apreens�o pela identifica��o de sua mulher desaparecida em 1972, a estudante Isis Dias de Oliveira. "Um quarto de s�culo j� se passou e ainda existem perguntas b�sicas que n�o foram respondidas: Como? Por qu�? Quem?", pergunta. "O que o governo faz � uma imensa crueldade com quem tem parentes e amigos v�timas da ditadura militar", acrescenta, classificando o contexto de "tortura institucional". Al�m dele, outras 41 fam�lias vivem em situa��o parecida.

A descoberta da vala de Perus ocorreu durante a gest�o da ent�o prefeita Luiza Erundina, em 4 de setembro de 1990. O local, que originalmente foi aberto em 1972 e teria "funcionado" at� 1976, tamb�m serviria para esconder corpos de indigentes, v�tima de viol�ncia policial e, possivelmente, outros desaparecidos pol�ticos que n�o aqueles previamente registrados no cemit�rio Dom Bosco, onde a vala est� situada.

Transfer�ncia


A partir da abertura para identifica��o das ossadas na vala, familiares exigiram a transfer�ncia do material para o Departamento de Medicina Legal da Unicamp - j� que no Instituto M�dico Legal de S�o Paulo ainda atuavam m�dicos legistas que assinaram laudos falsos de presos pol�ticos mortos em tortura.

Em 2001, as ossadas foram transferidas para o Cemit�rio do Ara��, na regi�o central de S�o Paulo, e ficaram sob os cuidados da USP. No per�odo, as caixas com as ossadas ficaram acondicionadas de forma prec�ria - e passaram at� por uma inunda��o. S� em 2014, j� na Prefeitura de Fernando Haddad, foi criada a parceria entre o munic�pio, a Comiss�o Especial de Desaparecidos Pol�ticos e a Unifesp. "O trabalho precisou ser retomado do zero. O que vai acontecer se, agora, o processo de identifica��o for interrompido, � que ser�o jogados fora muitos anos de pesquisa", diz Amadeo.

No pr�ximo dia 28 de novembro, o Grupo de Trabalho Perus vai organizar uma audi�ncia p�blica para prestar contas do que foi realizado at� agora e apresentar resultados ao p�blico.

Os minist�rios da Educa��o e da Justi�a e Cidadania foram procurados pela reportagem, mas at� a conclus�o desta edi��o n�o haviam se manifestado.


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