Tema de discuss�es jur�dicas e pol�ticas, a diferencia��o entre o caixa 2 e a propina n�o existia para o ex-chefe do setor de Opera��o Estruturadas, conhecido como "departamento da propina" da Odebrecht. Questionado pelo juiz auxiliar do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin em depoimento no dia 6 de mar�o, Hilberto Mascarenhas afirmou que os valores para os dois tipos de pagamentos sa�am das mesmas contas do setor abastecidas com caixa 2 da empreiteira.
O juiz questionou: "Nesse setor de opera��es estruturadas havia algum tipo de diferen�a entre valores que corresponderiam a propina devidas em contratos em geral e valores que seriam simplesmente caixa dois n�o contabilizado?."
E Mascarenhas respondeu: "Para mim � a mesma coisa, viu, doutor. Propina, caixa dois e n�o contabilizado. � a mesma coisa. A �nica diferen�a que fa�o a� � que n�s tamb�m pag�vamos em determinado momento b�nus do ano."
Sobre o b�nus, o delator explicou que "era uma parcela que era paga por fora" e que "isso � caixa 2, n�o � propina, � caixa 2". Embora tenha dito n�o diferenciar os dois tipos de pagamentos, Mascarenhas afirmou que apenas atendia as solicita��es de repasses sem saber se os recebedores eram pol�ticos.
A defesa do presidente Michel Temer perguntou diretamente qual � o entendimento do executivo sobre caixa 2, e tentou diferenciar o caixa 2 da empresa do caixa 2 pago para campanhas eleitorais. O delator disse que, quando fala em caixa 2, se refere em rela��o �s pr�prias contas da Odebrecht.
Ele afirmou tamb�m n�o poder afirmar que pagamentos em 2014 foram feitos para a campanha presidencial Dilma/Temer e que deixou o comando do setor das propinas meses antes da elei��o.
O "departamento da propina" operacionalizava todos os pagamentos n�o oficiais da Odebrecht e chegou a movimentar, segundo ele, US$ 3,370 bilh�es entre 2006 e 2014. Desse total, foram U$ 450 milh�es pagos somente em 2014, mas ele n�o especificou o volume exato destinado a campanhas eleitorais neste ano.
Hilberto explicou que, do total de recursos do setor, "o que era usado para campanha eleitoral era 20%!". Segundo ele, havia "muito mais usado para as propinas de resultado, de melhoria de resultados das empresas, usado para conquistar novos projetos, usado para receber pagamentos. N�o � tudo usado para campanha. Campanha era na periodicidade, que tinha as campanhas".
Sobre o caminho do dinheiro dentro da empresa, o delator esclareceu que os recursos de caixa 2, em algum momento, transitaram de forma legal nas contas oficiais da Odebrecht, mas, em outro momento, foi feita uma "gera��o" para o caixa 2.
Ele disse que os recursos do "Departamento da Propina" n�o foram utilizados como doa��o oficial (caixa 1) -- estas, segundo ele, eram feitas pela "tesouraria normal". O delator tamb�m explicou que havia muitos custos para gerar o caixa 2, e que, uma vez feita essa "gera��o", este dinheiro n�o voltaria a ser usado como caixa 1. "O senhor n�o sabe o sofrimento que era para gerar o 2 para, depois, botar o 1 de novo. Era suic�dio!", disse.
Hilberto explicou que o setor dele s� trabalhava com recursos "n�o contabilizados, vamos colocar assim, (caixa) 2, propina"."Se voc� dava alguma doa��o de campanha, ou com pagamento de propina a quem quer que seja, era Caixa 2. Era pagamento irregular!", disse Hilberto.
O delator disse que este era o setor "trepa moleque". A express�o significa, segundo ele, que l� se fazia "s� coisa errada". "Moleque n�o trepa em �rvore para poder roubar, trepa nos muros? Ent�o, s� 'trepa moleque'!", afirmou.