A lista � longa. Valdemar da Costa Neto (PR-SP), Jair Bolsonaro (PSC-RJ), Romero Juc� (PMDB), Jos� Agripino Maia (DEM), Luis Tib� (Avante), Ademir Camilo (PODE), para ficar nesses. Velhos pol�ticos se vestem de novo ou planejam faz�-lo. Criam, trocam ou apenas alteram o nome dos partidos pol�ticos para se apresentar novos em folha ao eleitorado nas elei��es de 2018.
Embora cacique do PR e principal respons�vel pelas nomea��es de segundo e terceiro escal�es de sua legenda no Minist�rio dos Transportes, Costa Neto est� prestes a ganhar mais um partido para chamar de seu, com o qual aumenta o seu poder de barganha nas negocia��es em torno de alian�as e tempo de televis�o das elei��es de 2018.
O “Muda Brasil” j� cumpriu todas as formalidades da Justi�a Eleitoral e deve obter o registro antes de 7 de outubro, portanto, com anteced�ncia de um ano em rela��o ao pleito. Mantido o atual or�amento do Fundo Partid�rio, que nos �ltimos anos variou entre R$ 600 milh�es e R$ 800 milh�es anuais, de quebra, levar� ainda um naco do mesmo fundo de aproximadamente R$ 1,2 milh�o ao ano.
Made in EUA
Valdemar da Costa Neto n�o � a �nica velha raposa a trocar de roupa. Na onda da pol�tica sem partido, para as elei��es de 2018, sai o “P” das legendas e entram refr�es associados a movimentos. Com um olho no cansa�o do eleitor com as siglas desgastadas pelo vendaval das dela��es e den�ncias de corrup��o, o Partido Trabalhista Nacional (PTN) virou Podemos (PODE), imita��o tupiniquim do slogan do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, “Yes we can” (Sim, n�s podemos).
Para esse barco correram velhos nomes: a come�ar pelo senador �lvaro Dias, ex-tucano e ex-verde do Paran�, pr�-candidato � Presid�ncia da Rep�blica. Entre os 17 deputados federais que agora comp�em a bancada federal do PODE, 13 a mais do que os quatro eleitos pelo velho PTN, est� o deputado federal Ademir Camilo, que j� passou pelo PSDB, PPS, PL, PDT, PSD e PROS.
Surfando na mesma onda, o Partido Trabalhista do Brasil (PT doB) livra-se do “trabalhismo” – palavra que se tornou inconveniente depois da reforma trabalhista – e agora se chama Avante. O deputado federal mineiro Luis Tib�, cacique do velho PTdoB, se mant�m como presidente nacional da legenda, agora com o nome novo, sob inspira��o do En Marche, do presidente franc�s Emmanuel Macron.
N�o s�o poucos os partidos pol�ticos, comandados pela velha guarda, que esperam o melhor momento para trocar de nome. E n�o est�o com pressa, pois como j� est�o registrados junto ao TSE, podem mudar de nome a qualquer momento, sem preocupa��o com o princ�pio da anualidade, segundo o qual as altera��es que afetam o pleito s� podem acontecer um ano antes. “A Constitui��o Federal exige o prazo de um ano para que sejam estabelecidas novas regras que alterem o processo eleitoral. N�o � o caso em se tratando de mudan�a de nome de partido”, avalia o jurista especialista em direito eleitoral Jo�o Batista de Oliveira.
“O que importa � o primeiro registro do partido. Mudar nome ou at� mesmo a fus�o e incorpora��o de siglas s�o situa��es que n�o est�o sujeitas ao princ�pio da anualidade”, afirma Edson Resende, coordenador da Coordenadoria Estadual de Apoio aos Promotores Eleitorais (Cael).
Velha narrativa
Preparando-se para se meter em uma nova embalagem, o pol�mico deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), que j� foi do PP e agora est� filiado ao PSC, j� planejou a pr�xima jogada de marketing: est� de mudan�a para o Patriotas, futuro nome programado para o Partido Ecol�gico Nacional (PEN).
Assim como os outros da velha guarda, Bolsonaro trocar� de partido, o partido trocar� de nome, mas a antiquada narrativa ser� a mesma: militarismo, homofobia, intoler�ncia, machismo est�o entre as caracter�sticas que chegar�o com o parlamentar ao PEN, que lan�ou sem pestanejar a plataforma ambiental no lixo para satisfazer as exig�ncias do futuro “dono” do Patriotas.
“N�o posso mudar de partido agora para o Patriotas porque perderia mandato. Mas est� 99% acertado. O PEN muda de nome, muda completamente o estatuto, e se eu n�o conseguir uma brecha ou uma nova janela, mudo em mar�o de partido”, afirma Jair Bolsonaro, salientando que pediu ao partido a garantia de que ter� a legenda para concorrer � Presid�ncia da Rep�blica.
Saudosismo
A saga reformista, de velhos pol�ticos que querem mostrar uma fantasia nova, arrasta tamb�m o Partido do Movimento Democr�tico do Brasil, o PMDB de Michel Temer. Saudosista da �poca em que tinha uma plataforma, o PMDB sonha em esconder o “P” para ser simplesmente MDB e “ganhar as ruas”, como nos tempos de Ulysses Guimar�es.
E quem faz a exposi��o de motivos � o atual presidente nacional da legenda, senador Romero Juc� (PMDB-RR), velha raposa que integra a comitiva da c�pula partid�ria que � alvo de inqu�ritos no Supremo Tribunal Federal (STF) – Juc� responde a 14 deles, sendo tr�s origi�rios da Lava-Jato. Ao trocar de nome a inten��o do PMDB n�o � fugir do desgaste da legenda, mas, antes, promover o “resgaste da mem�ria hist�rica”, retirando o “P” do nome, o “�ltimo resqu�cio da ditadura”. O of�cio comunicando a mudan�a, que ser� oficializada em conven��o nacional no pr�ximo 27, j� foi enviado ao TSE.
O Democratas, que um dia descartou o PFL para se tornar entre chacotas dos advers�rios a legenda do “demo”, agora tamb�m se prepara para o rebatismo. E quem mais trabalha para isso � o presidente nacional e senador Jos� Agripino Maia (RN), outra figura carimbada, denunciada pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. Os poss�veis novos nomes do velho PFL, nascido da Arena, est�o sendo estudados. Uma possibilidade � que se torne Movimento da Unidade Democr�tica (MUDE).
Para a reciclagem, tamb�m ser� lan�ado um outro “P”: o Partido Social da Democracia Crist� (PSDC) ser� apenas Democracia Crist�. Igualmente arrastado ao rold�o dos novos batismos, o Partido Social Liberal (PSL) ser� o “Livres”. F� em Deus e p� na t�bua, assim segue o sistema partid�rio brasileiro, que, nas pr�ximas semanas ganhar�, al�m do Muda Brasil, um outro ca�ula, o “Igualdade”, 37º Ambos desbancam na ninhada o Partido da Mulher Brasileira (PMB), sigla para as mulheres, mas sem elas, parido h� dois anos. J� dizia o escritor norte-americano Jack Kerouac, no s�culo passado: “Vive a tua mem�ria e assombra-te”. Para 2018, esse � o para casa do eleitor.