
A Comiss�o da Verdade em Minas Gerais (Covem) apresentou, na manh� desta quarta-feira (13), o relat�rio das investiga��es sobre as viola��es de direitos humanos no per�odo da ditadura militar no estado. Um dos pontos destacados no documento foi a conclus�o de que o ex-presidente Juscelino Kubitscheck provavelmente foi assassinado.
Mais de 40 anos depois do ocorrido, a morte de JK em um acidente na rodovia Presidente Dutra, pr�ximo a Resende (RJ), � alvo de constantes pol�micas. A Comiss�o Municipal da Verdade de S�o Paulo concluiu por um atentado. J� a Comiss�o Nacional diz que foi um acidente.
No novo relat�rio, a comiss�o mineira (Covemg) diz que � “plaus�vel, prov�vel e poss�vel que as mortes (de JK e seu motorista Geraldo Ribeiro) tenham ocorrido devido a um atentado pol�tico”. Juscelino morreu quando viajava do Rio de Janeiro para S�o Paulo em um opala conduzido pelo motorista Geraldo Ribeiro. Pr�ximo a Resende, o carro cruzou o canteiro central em dire��o � pista oposta e bateu em uma carreta. A vers�o oficial � que um �nibus teria batido no opala e provocado o acidente. O motorista foi absolvido.
Para chegar � conclus�o, o grupo analisou as pesquisas das comiss�es nacionais e estaduais da verdade que j� conclu�ram os trabalhos. A Covemg aponta contradi��es como o fato de n�o ter sido feita uma per�cia na pista e o fato de n�o terem sido feitos exames toxicol�gicos no motorista de JK. Outro ponto apontado s�o fotos diferentes do opala constatadas nos laudos periciais.
O coordenador da subcomiss�o que analisou o caso, Carlos Melga�o Valadares, diz ainda que uma per�cia feita 20 anos depois pela Delegacia de Resende concluiu que n�o houve sabotagem, por�m a chapa do carro analisado n�o era a do ve�culo de JK. Para o pesquisador, JK teria sido morto por sua oposi��o � ditadura e por defender as elei��es diretas.
No relat�rio de 1.781 p�ginas, feito em quatro anos por mais de 100 pesquisadores, a Covemg tamb�m conclui que o Estado deve ser responsabilizado pela omiss�o ou coniv�ncia em casos de tortura, morte e desaparecimento. Segundo o coordenador da comiss�o, Robson S�vio Souza, o grupo mineiro apontou tent�culos da ditadura nos tr�s poderes de Minas Gerais e no setor privado.
De acordo com o relat�rio, associa��es e empresas de �reas como minera��o, siderurgia e reflorestamento eram aliados de primeira hora do regime. “Voc� tinha uma rede que tinha pol�ticos, empres�rios e outros agentes do estado que se aproveitaram desse per�odo para promover viola��o dos diretos humanos no estado. A ditadura era um corpo muito mais amplo do que conhecemos”, disse.
Entre os bra�os estatais, a comiss�o apontou a Ruralminas que “atuou pela legitima��o de terras griladas em detrimento dos posseiros”. Por isso, uma das recomenda��es do grupo � que a Assembleia fa�a uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito para investigar a institui��o.
S�vio destacou ainda que, entre os trabalhadores rurais, o n�mero de mortos, apontado pela comiss�o mineira, � maior dos que j� haviam sido divulgados. De 78 assassinados, o documento passa a 109.
A Covemg expediu uma s�rie de recomenda��es para os tr�s poderes do estado para evitar que pr�ticas consideradas como “resqu�cio da ditadura” continuem a ocorrer em Minas. “Muitas das pr�ticas que ocorriam no per�odo ditatorial, como tortura e viola��o sistem�tica dos direitos humanos continuam ocorrendo. Ent�o, o relat�rio recomenda uma s�rie de quest�es que podem mitigar essas pr�ticas e trabalhar com a preven��o delas”, afirmou o coordenador.
