Bras�lia - Para evitar ficarem ineleg�veis, os presidentes da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eun�cio Oliveira (MDB-CE), fizeram viagens ao exterior nos �ltimos tr�s meses que custaram pelo menos R$ 250 mil aos cofres p�blicos. Os gastos se referem a di�rias de servidores e custo em avi�es da For�a �rea Brasileira (FAB).
Ambos foram em miss�es oficiais a outros pa�ses nos mesmos per�odos em que o presidente Michel Temer (MDB) deixou o Brasil. Apesar de Oliveira e Maia recusarem receber as di�rias a que teriam direito nessas viagens, outros parlamentares e servidores os acompanharam, gerando gastos para os cofres p�blicos.
Se permanecessem no Pa�s, Maia ou Eun�cio teriam de assumir a Presid�ncia da Rep�blica, por estarem na linha sucess�ria, e pela legisla��o eleitoral ficariam impedidos de concorrer nas elei��es deste ano - os dois s�o candidatos � reelei��o. Em todas as ocasi�es, quem assumiu a Presid�ncia interina foi a ministra C�rmen L�cia, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A primeira das viagens foi no in�cio de abril, quando Temer participou da 8.ª C�pula das Am�ricas, no Peru. Naquele m�s, o presidente do Senado foi ao Jap�o, em uma miss�o oficial acompanhado dos senadores Jorge Viana (PT-AC) e Ant�nio Anastasia (PSDB-MG).
A assessoria de Eun�cio informou que ele pagou as passagens do pr�prio bolso e que as despesas de hotel foram cortesia do governo japon�s. O site da Casa, por�m, mostra o pagamento de R$ 30.138 aos dois senadores que o acompanharam e tamb�m a servidores, al�m de um empenho de R$ 14 mil para servi�o de foto, int�rprete e guia durante a miss�o. Eun�cio chegou a publicar em sua rede social imagens dos parlamentares em visita ao Memorial da Paz de Hiroshima. Algumas destas fotos foram publicadas tamb�m no site do Senado.
Procurado, Anastasia defendeu a import�ncia da viagem. Por meio de sua assessoria, o senador afirmou que manteve "intensa agenda, entre as quais visita ao Congresso e ao Keidanren, a confedera��o nip�nica de ind�strias". Viana n�o respondeu at� a conclus�o desta edi��o.
Panam�
Na mesma data, Rodrigo Maia realizou uma miss�o oficial no Panam�. Ele tamb�m abriu m�o de suas di�rias, mas foi acompanhado de outros quatro deputados e servidores, o que resultou num custo total de R$ 51.134,99 em di�rias.
Al�m disso, a viagem foi realizada com um avi�o da FAB, o qual o deputado tem direito. A For�a A�rea n�o divulga informa��es sobre o gasto dessas viagens, mas uma estimativa feita por especialistas, levando-se em conta o modelo do avi�o e a dist�ncia percorrida, aponta para um gasto aproximado de R$ 53 mil apenas com o combust�vel para ida e volta ao Pa�s.
Em junho, quando Temer foi ao Paraguai, Maia realizou uma viagem para Portugal e Eun�cio foi para Argentina. Na C�mara, as di�rias dos servidores somaram R$ 36.524. No Senado foram mais R$ 5.346. Eun�cio usou um avi�o da FAB com um gasto de combust�vel estimado em R$ 31 mil.
Ainda no in�cio deste m�s, enquanto o emedebista foi a Cabo Verde, Maia realizou uma miss�o oficial ao Chile, cuja despesa ainda n�o foi contabilizada na C�mara. Mas foi usado um avi�o da FAB, com estimativa de custo de R$ 38.500.
Maia n�o quis comentar a situa��o e disse que est� apenas cumprindo o que prev� a lei. Ele afirmou que abriu m�o de todas as di�rias, assim como Eun�cio. Por meio de sua assessoria, o presidente do Senado disse ainda que defende mudan�as na lei da inelegibilidade, "ou que seja encontrado outro mecanismo para evitar que tenham que ocorrer essas sa�das do Pa�s".
O economista Gil Castello Branco, fundador e secret�rio-geral da entidade Contas Abertas, afirmou que, por mais que os parlamentares tentem reduzir os gastos, recusando suas di�rias, ainda h� um �nus ao Estado com as demais despesas. "Ainda que essas viagens fossem muito �teis, seria muita coincid�ncia que elas acontecessem sempre nas mesmas datas das sa�das do presidente", disse ele. "Dentro da racionalidade, como eles s�o substitutos naturais do presidente, deveriam estar aptos a substitu�-lo", completou. Ele defende que a lei atual seja revista. "O TSE deveria se preocupar com isso", disse ele.
Tramita no Congresso uma Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC), de autoria de Rodrigo Garcia (DEM-SP), l�der da bancada de Maia na C�mara, para mudar a regra. A mat�ria s� pode ser apreciada ap�s o fim da interven��o do Rio de Janeiro, mas Garcia acredita que a proposta tem apoio suficiente para ser aprovada.