
Juiz de Fora e Montes Claros - Os quatro advogados de Adelio Bispo de Olivera, que esfaqueou o presidenci�vel Jair Bolsonaro (PSL) nessa quinta-feira em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, s�o bancados por uma ‘congrega��o evang�lica’ de Montes Claros, no Norte de Minas Gerais.
Ao menos foi isso o que garantiu o advogado Fernando Costa Oliveira Magalh�es, um dos representantes de Adelio no caso. “Fomos contratados a partir de uma congrega��o de Montes Claros, que pediu sigilo”, disse.
Os advogados Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa, Zanone Manuel de Oliveira J�nior, Fernando Costa Oliveira Magalh�es e Marcelo Manoel da Costa foram os respons�veis por defender o acusado durante audi�ncia de cust�dia na tarde dessa sexta-feira, em Juiz de Fora.
Representante de Bolsonaro, o deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR) questionou o fato de Adelio ter contratado tantos advogados particulares. “Nos chama muita aten��o - e aqui eu fa�o o registro de que � um direito da defesa ter advogados -, mas algu�m, em situa��o de pobreza como a gente viu, ter quatro advogados e n�o ter a defensoria p�blica acompanhando… S� a� eu deixo para voc�s de que n�o h� ind�cios de que n�o � um ‘lobo solit�rio’ sem estrutura financeira nenhuma”, disse, ao sair da audi�ncia.
Na manh� deste s�bado, Adelio - que � investigado com base na Lei de Seguran�a Nacional -, foi transferido de Juiz de Fora para um pres�dio federal no Mato Grosso do Sul, onde cumprir� pris�o preventiva. Ainda na madrugada de quinta para sexta-feira, ele havia sido levado ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) ap�s ser pego em flagrante.
Os advogados
Zanone Manuel de Oliveira J�nior e Fernando Costa Oliveira Magalh�es s�o velhos parceiros. Os dois trabalharam juntos, por exemplo, na defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, envolvido na morte de Eliza Sam�dio, ex-namorada do ex-goleiro Bruno.
Zanone e Fernando trabalham em Belo Horizonte e na Regi�o Metropolitana da capital, mas n�o s�o do mesmo escrit�rio. Os dois foram acionados por Marcelo Manoel da Costa e Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa, que s�o de Barbacena, na Zona da Mata, e acompanham o caso desde o in�cio.
Sil�ncio
Enquanto isso, advogados de Adelio orientaram os familiares dele em Montes Claros a n�o dar nenhuma declara��o. O sil�ncio tem o intuito de "n�o atrapalhar as investiga��es".
"S� podemos dizer que n�o sabemos de nada" , disse uma sobrinha do agressor de Bolsonaro ao Estado de Minas, na manh� deste s�bado , esclarecendo que segue orienta��o dos advogados. "N�o vou responder nenhuma pergunta. Vou sempre dizer n�o, n�o e n�o", afirmou a interlocutora diante da insist�ncia do rep�rter.
Na sexta-feira, um dia ap�s o atentado contra o presidenci�vel do PSL, durante um ato de campanha no Centro de Juiz de Fora, foi grande o movimento de profissionais da imprensa nacional na casa humilde da fam�lia (onde o lote � ocupado por v�rios barracos sem reboco), no Bairro Maracan� (Regi�o Sul de Montes Claros). Mas os familiares do homem, evitando o ass�dio da imprensa e com medo de repres�lias, deixaram o local, indo para as casas de outras pessoas da fam�lia, na zona rural do munic�pio.
No im�vel no Bairro Maracan� permaneceu somente o pedreiro Eraldo F�bio Rodrigues Oliveira, de 47 anos, companheiro de uma sobrinha de Ad�lio. O pedreiro disse para a imprensa que o homem que esfaqueou Bolsonaro tem h�bitos estranhos e sempre que retornava � cidade natal para rever a fam�lia ficava trancado dentro de um quarto com as janelas fechadas, mesmo nesta regi�o de clima muito quente.
Uma outra parente do homem que atacou Bolsonaro revela que h� tr�s anos, ele come�ou a apresentar comportamento estranho, "falando coisas desconexas ". Advogados de Adelio informaram que ele faz uso de rem�dio controlado, mas n�o apresentaram laudo m�dico de que o cliente sofre transtorno psiqui�trico.
O pedreiro Eraldo se envolveu em uma briga com Ad�lio em abril de 2013, registrada em boletim de ocorr�ncia da Pol�cia Militar, ao qual o Estado de Minas teve acesso. A desaven�a come�ou quando o pedreiro reclamou o n�o pagamento de um barrac�o da fam�lia por Adelio, que n�o gostou da cobran�a. Os dois se agrediram fisicamente. Acabaram sendo levados para a delegacia, mas n�o ficaram presos. Ambos tiveram hematomas e escoria��es e dispensaram atendimento m�dico.
Conforme os familiares do agressor de Bolsonaro, ele deixou a casa da fam�lia aos 17 anos e foi trabalhar em Santa Catarina. Chegou a trabalhar como camareiro em um cruzeiro mar�timo Internacional e para isso, aprendeu a falar ingl�s e espanhol, de acordo com uma sobrinha dele. "Teve uma �poca que ele ficou v�rios dias no navio (atracado) a poucos metros da entrada dos Estados Unidos. Ele contou que teve oportunidade de entrar l�, mas preferiu nao fazer isso " , disse a fonte, explicando que o tio n�o quis aproveitar a "oportunidade" para entrar clandestinamente nos EUA.
Ainda conforme seus parentes, h� oito anos, Ad�lio tornou-se mission�rio da Igreja do Evangelho Quadrangular e, nesta condi��o, passou a passar maior parte do tempo se deslocando entre v�rios lugares. "Ele sempre ficava viajando entre Uberaba, Uberl�ndia e Santa Catarina", disse uma sobrinha de Adelio ao EM. Por outro lado, ela alegou que s� veio saber da presen�a do mission�rio em Juiz de Fora, quinta feira, por meio do notici�rio da televis�o sobre o atentado contra o candidato do PSL.
Na sexta-feira, os advogados que defendem Adelio disseram em Juiz de Fora que foram contratados pela fam�lia do agressor de Bolsonaro com honor�rios custeados por uma igreja evang�lica frequentada por parentes de Adelio. No entanto, na quinta-feira � noite, a fam�lia de Adelio revelou em Montes Claros que n�o tinha feito nenhum contato, pois nem sabia que o mission�rio estava em Juiz de Fora.
(Colaborou La�s Possani, da TV Alterosa)