�nica mulher entre os candidatos ao governo de Minas, Dirlene Marques (Psol) concedeu entrevista ao Estado de Minas e ao Portal Uai. A economista e professora aposentada da UFMG prop�e, caso eleita, auditoria na d�vida p�blica e a suspens�o do pagamento � Uni�o at� a regulariza��o dos dividendos.
Os �ndices de desemprego no Brasil aumentaram nos �ltimos anos e em Minas n�o � diferente, um estado muito dependente das commodities. Como voc� pretende iniciar a invers�o do que chama de ‘padr�o imposto pelo capital’ para economia mais diversificada e regionalizada tal como est� no seu plano de governo?
At� agora, o estado tem funcionado para subsidiar e viabilizar o grande capital. Os recursos do estado devem viabilizar outro tipo de investimento para que d� conta da distribui��o de renda e de melhores condi��es de vida para a sociedade. Estamos pensando, tanto no campo quanto na cidade, financiar a pequena e m�dia propriedade que gere emprego e que n�o leve destrui��o ao meio ambiente como s�o com as mineradoras e o agroneg�cio.
Quais outras medidas econ�micas voc� pretende implantar para tentar controlar a crise econ�mica do estado?
Outra medida � a discuss�o sobre a auditoria da d�vida. Todos os estados t�m d�vida negociada nos anos 1990 com o governo federal, mas ningu�m sabe a origem dessa d�vida. Ela tem se amplificado de forma assustadora. Voc� paga e ela est� cada vez maior. Vamos suspender esse pagamento, negociar com o governo federal e fazer a auditoria na origem dessa d�vida. A� vamos ter recursos para o social.
Um dos aspectos mais danosos dessa d�vida e da crise econ�mica � o pagamento do funcionalismo. Qual � o seu plano, caso eleita, para resolver esse problema?
Primeiro, vamos ver se existem recursos do estado e para onde est�o indo. A primeira iniciativa ser� colocar em dia o pagamento dos professores. N�o vai ser no primeiro m�s. Seguramente, at� o segundo m�s, vamos ter condi��es de levantar as contas p�blicas e ver para onde est�o indo recursos de arrecada��o do estado e redirecionar para dar conta dos pagamentos.
Do funcionalismo todo?
Sim. Mas alguns setores do funcionalismo t�m sal�rios muito mais elevados. As professoras t�m sal�rio vergonhoso, nem o piso recebem. Educa��o � fundamental. Ainda divide e atrasa. Isso � inaceit�vel. Essa vai ser a primeira prioridade. Os outros sal�rios vamos ver como vai ser feito o pagamento, quando tivermos mais controle sobre as contas do estado.
Em debate no Col�gio Batista, voc� convidou os alunos para participarem da Marcha da Maconha. Qual foi o contexto dessa fala e qual a sua posi��o sobre as drogas?
Estava explicando para eles o qu�o importante essa discuss�o ser� feita. Isso � tratado como tabu exatamente porque quem sofre esse tipo de repress�o s�o jovens, pobres e negros da periferia. Eu estava dizendo que participei da Marcha da Maconha, no in�cio do ano, e me surpreendi pois ali estavam presentes muitos jovens, pobres e negros. S�o as que sofrem as consequ�ncias da repress�o a quem usa. O usu�rio pobre e negro vai ser preso, jogado em penitenci�ria e ficar mofando por n�o ter pai e m�e com condi��es de contratar advogado que o retire sem ser criminalizado. Os outros n�o. E n�o s� punidos, eles s�o mortos. Essa popula��o sente a necessidade de lutar pela descriminaliza��o. Foi nesse contexto que estava discutindo. N�o podemos tornar essas quest�es tabu, pois s�o esse jovens que est�o sendo mortos e encarcerados por usarem a maconha.
As mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro e voc� � a �nica mulher entre os candidatos ao governo. Qual a dificuldade em convencer as eleitoras a votar na sua chapa?
Hoje tenho felicidade muito grande de ter me colocado minha hist�ria, minha vis�o, minha estrutura e fazer essa discuss�o disputando o governo. Se n�o tivesse essa ousadia, n�o ter�amos nenhuma mulher nesse espa�o. Ter�amos nove homens. Normalmente, homens brancos e ricos na disputa. N�o ter�amos como mostrar �s jovens da luta feminista de hoje que podemos estar onde quisermos. Espero que reflita na participa��o pol�tica delas, incluindo no voto. Espero, pelo menos, os 50% de voto das mulheres.
Uma demanda que envolve grandes empresas e que seu plano de governo cita � auditoria nas empresas de �nibus. Voc� pretende tentar junto ao governo municipal fazer essa auditoria e reduzir as tarifas?
Nossa meta � tarifa zero. � perfeitamente poss�vel n�o pagar tarifas. N�o � s� o cerceamento da juventude, mas a tarifa possibilita melhores condi��es para todos os trabalhadores. Estamos lutando para isso. Temos colocado que isso � um processo. Temos condi��es de fazer tudo de imediato. � necess�rio fazer essa auditoria para mostrar como se tem um custo muito alto � sociedade com essa forma de compensa��o.