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Estado de Minas POL�TICA

Com desgaste dos pol�ticos, ruas t�m campanha t�mida

Driblar a resist�ncia das pessoas nas ruas e enfrentar a falta de paci�ncia em rela��o � pol�tica tem sido um desafio para candidatos e cabos eleitorais


postado em 05/10/2018 07:37 / atualizado em 05/10/2018 07:53

"N�o � santinho de pol�tico, n�o", se apressa Jos� Augusto Moura, enquanto tenta distribuir folhetos de um restaurante na Avenida Paulista, na regi�o central de S�o Paulo. � uma estrat�gia. "S� assim para as pessoas aceitarem. Era eu esticar o bra�o e as pessoas respondiam 'j� tenho candidato'. Hoje em dia ningu�m quer saber de pol�tico. At� o pessoal das campanhas percebeu."

Driblar a resist�ncia das pessoas nas ruas e enfrentar a falta de paci�ncia em rela��o � pol�tica tem sido um desafio - n�o s� para Augusto, que trabalha no com�rcio e � afetado indiretamente - mas para militantes que ainda veem no contato corpo a corpo uma forma eficaz de conquistar votos.

Para analistas ouvidos pela reportagem, este comportamento e a consequente debandada das milit�ncias das ruas para as redes s�o sintomas da desilus�o dos brasileiros em rela��o �s elei��es. Assim como h� quatro meses o "clima" de Copa do Mundo n�o foi como em anos anteriores no Pa�s, o barulho t�pico das ruas nos tempos de elei��o foi bem diferente e fez surgir a sensa��o do surgimento de campanhas "fantasmas", ou pelo menos t�midas.

"Houve muita resist�ncia. Sentimos isso indo para a Pra�a da Rep�blica todos os dias", conta Alex Sandro, que trabalhou numa campanha do PT. "As campanhas foram mais t�midas nas ruas neste ano", avalia Magali Cristina Lopes, que trabalhou em Itaquera, na zona leste, para um candidato do PSDB. "Dif�cil. Uma forma de fazer as pessoas aceitarem os santinhos � conversando. Fiz isso, mas mesmo assim muitos negavam. N�o era assim."

"A menor intensidade de milit�ncia nas ruas indica um desgaste dos pol�ticos e da pol�tica", analisa o cientista pol�tico Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie. "Isso deixa as pessoas receosas de se exporem. O clima de viol�ncia na pol�tica tamb�m leva a isso. Mas as campanhas tamb�m est�o mais virtuais. Mais nas redes do que nas ruas. Isso tudo contribui."

Outro fator que pesou no afastamento das milit�ncias das ruas foi a atua��o dos partidos. Em geral, a sensa��o de n�o se sentir mais representado. Foi o que aconteceu com o funcion�rio p�blico Caike Ramos, que neste ano n�o militou por candidatos de seu partido, o PSTU. "A desilus�o vem por parte dos partidos de esquerda n�o conseguirem dialogar com o povo, com a periferia", diz Caike.

"H� uma possibilidade de que as pessoas estejam se manifestando agora de forma mais negativa do que positiva em rela��o �s candidaturas", diz o cientista pol�tico Jairo Pimentel, da Funda��o Getulio Vargas. "Al�m disso, as campanhas est�o com menos dinheiro, com a proibi��o de doa��es empresariais. Isso se reflete em menos gente na rua. Com isso e as desilus�es com os partidos, a tend�ncia � mesmo o esvaziamento."

'Desmoraliza��o'

O momento imp�s dificuldades mesmo para quem j� tinha experi�ncia de milit�ncia na rua, como o deputado federal Ivan Valente (PSOL), que tenta se reeleger para o quinto mandato. A reportagem acompanhou uma panfletagem do candidato e sua equipe na Avenida Paulista. Apesar da grande movimenta��o de pessoas e de ser um pol�tico conhecido, poucos paravam para receber o material de campanha e conversar ou tirar fotos com Valente. O destino fatal de boa parte dos folhetos distribu�dos era a primeira lixeira no trajeto dos eleitores.

"Houve um processo de desmoraliza��o dos partidos. Ent�o, isso se manifesta �s vezes na rua na nega��o dos folhetos, levantando as m�os. Rea��o de forma mais agressiva � de um outro. Essa nega��o atrapalha", disse o candidato. "Al�m disso, com as novas regras, voc� n�o v� mais cavalete, faixas, isso trabalha contra a democracia. Voc� v� no m�ximo alguns folhetos e as campanhas parecem menores."

A reportagem tamb�m esteve em Graja� e Parelheiros, no extremo sul da capital. Entre o hor�rio de almo�o e fim da tarde, a reportagem contou apenas cerca de 15 pessoas com bandeiras de candidatos nesta quinta, �ltimo dia de campanhas. "Nem recebemos mais santinhos na porta de casa ou do com�rcio", diz a comerciante M�rcia Bartiromo do Carmo. "Os que chegam s�o colocados na caixa do correio."

"O cen�rio de incivilidade da nossa pol�tica atual faz com que as pessoas repensem prioridades. Ir para a rua e se arriscar n�o � uma dessas prioridades", analisa Prando, sobre a forma como a discuss�o pol�tica parece se distanciar, de forma volunt�ria, do cotidiano de eleitores. Avalia��o vista na pr�tica at� por quem � afetado indiretamente pela rejei��o � pol�tica, como Augusto, o distribuidor de folhetos do restaurante da Paulista, do in�cio desta reportagem. "No fim das contas, parece que as pessoas est�o mais interessadas mesmo � no pre�o do prato feito, n�o com esses caras." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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