
Nos �ltimos dias de uma campanha presidencial manchada por amea�as e agress�es em diversos pontos do pa�s, 356 localidades contar�o com militares das For�as Armadas para garantir a seguran�a nas se��es eleitorais, no pr�ximo domingo. Este n�mero, superior aos 325 registrados nos dois turnos do pleito de 2014, foi anunciado ontem pelo Minist�rio da Defesa, um dia depois de o titular da pasta, general Joaquim Silva e Luna, afirmar que a vota��o do segundo turno ocorrer� “em clima de total normalidade”.
O refor�o na seguran�a foi solicitado pelas 356 localidades ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou ao Minist�rio da Defesa o envio de militares para as miss�es de Garantia da Vota��o e Apura��o (GVA), destinadas a assegurar a normalidade da elei��o, o livre exerc�cio do voto e o bom andamento da apura��o. Os estados onde elas ser�o executadas s�o Acre, Amazonas, Cear�, Maranh�o, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Par�, Piau�, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins. No primeiro turno, 513 localidades contaram com esse apoio.
Procurado pelo Correio, o Minist�rio da Defesa n�o confirmou nem negou a informa��o, publicada ontem na coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, de que comandantes do Ex�rcito, da Marinha, da Aeron�utica t�m conversado sobre o receio de que grupos radicais, de ambos os lados em disputa, pratiquem atos de viol�ncia ap�s o segundo turno. Segundo a nota, os militares pregam que o pr�ximo presidente fa�a da concilia��o uma prioridade ap�s o resultado das urnas.
O minist�rio reiterou ao Correio as declara��es do ministro Silva e Luna sobre a expectativa de um clima de normalidade no segundo turno. Enquanto isso, no PT, do candidato Fernando Haddad, h� forte preocupa��o com ataques no dia da vota��o, e a dire��o do partido se reuniu com l�deres de movimentos sociais para orient�-los a n�o intimidar opositores nem cair em provoca��es. A c�pula da legenda recomendou os militantes a n�o andarem sozinhos no domingo.
Al�m disso, o PT decidiu fazer um chamado para que pa�ses “preocupados com a democracia” observem a vota��o. Se houver ataques a petistas, o discurso ser� de que o candidato Jair Bolsonaro (PSL) deve ser visto como correspons�vel. Questionado anteriormente a respeito de ataques atribu�dos a seus apoiadores, Bolsonaro disse dispensar o voto de quem pratica viol�ncia.
O clima de tens�o se agravou no �ltimo domingo, quando Bolsonaro fez discurso transmitido ao vivo para uma multid�o de apoiadores na Avenida Paulista, em S�o Paulo. O presidenci�vel anunciou que, se eleito, far� uma “faxina nunca vista” no pa�s e que, se n�o respeitarem a lei, os “marginais vermelhos” ser�o “banidos”. O candidato tem sido alvo de muitas cr�ticas por discursos inflamados que estimulariam seus eleitores a cometerem atos violentos contra homossexuais, negros, nordestinos e outros segmentos da popula��o.
No mesmo tom, o coronel reformado Carlos Alves, em v�deo divulgado nas redes sociais, ofende e amea�a a ministra Rosa Weber, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Alves — visto como desequilibrado e sem credibilidade pelo pr�prio Ex�rcito — amea�a a ministra para que “n�o se atreva” a dar seguimento � a��o eleitoral contra Bolsonaro, ou “n�s vamos derrubar voc�s a�”.
A Pol�cia Federal j� instaurou quatro inqu�ritos para investigar amea�as � presidente do TSE. “Todos est�o identificados. N�o existe impunidade, n�o existe anonimato nas redes”, disse ontem o ministro da Seguran�a P�blica, Raul Jungmann. “N�s j� sabemos de quem se trata e onde se encontra.”
O Minist�rio da Defesa, al�m de enviar efetivos para garantir a seguran�a da vota��o em 356 localidades, empregar� 27 mil militares no apoio log�stico aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Eles atuar�o no traslado de urnas e de pessoal da Justi�a Eleitoral a locais de dif�cil acesso. Os militares desempenham essa tarefa acompanhados de servidores da Justi�a Eleitoral. Essas opera��es estavam confirmadas, at� ontem, para 91 localidades de cinco estados: Acre, Amap�, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Roraima.