
"O que eu fiz foi aprovar, quando o Alexandrino me trouxe o assunto a pedido de Dona Marisa", disse Em�lio, ouvido na tarde desta quarta, pela ju�za substituta da 13ª Vara Federal, Gabriela Hardt. "Se eu n�o tivesse aprovado, hoje n�s n�o estar�amos aqui tratando desse assunto." A ju�za ouviu ainda Marcelo Odebrecht, seu filho, e Alexandrino Alencar, ex-executivo do grupo e porta-voz do empres�rio com Lula.
Em�lio disse que pediu or�amento da obra a Alexandrino. Disse que o valor seria entre R$ 400 mil e R$ 500 mil e que pediu que fosse usada a estrutura da construtora em S�o Paulo e que os funcion�rios n�o usassem nada que identificasse a Odebrecht.
"Dona Marisa fez esse pedido a ele (Alexandrino)."
O empres�rio � r�u no processo em que Lula � acusado de corrup��o e lavagem de dinheiro. Preso desde o dia 7 de abril, condenado a 12 anos e um m�s no processo do caso triplex do Guaruj� (SP), essa � a terceira a��o aberta contra o ex-presidente. A segunda, em fase final, � a de propinas da Odebrecht na compra de uma terreno para ser sede do Instituto Lula e de um apartamento usado pela fam�lia do petista, em S�o Bernardo do Campo.
Filho
N�o � a primeira vez que ele confessa ter ordenado a obra no "s�tio de Lula". Item de sua dela��o premiada, homologada em janeiro de 2017, Em�lio tamb�m encaminhou documento � Justi�a assumindo a responsabilidade sobre o caso do s�tio e isentando seu filho Marcelo Odebrecht.
Em declara��o escrita ao juiz federal S�rgio Moro, o patriarca do grupo Odebrecht isenta seu filho Marcelo de responsabilidade nas obras do s�tio Santa B�rbara, em Atibaia. O empreiteiro afirma que competia a ele "contatos diretos" com o ex-presidente e que Marcelo tinha como interlocutores do petista para pleitos da construtora os ex-ministros Ant�nio Palocci e Guido Mantega.
Em�lio afirma que Marcelo reportava a ele "os temas por ele tratados diretamente com Ant�nio Palocci e Guido Mantega que tinham rela��o ou envolviam Lula".
Em sua dela��o premiada, Em�lio disse ter relatado a Lula em reuni�o no Pal�cio do Planalto, em 2010, que as obras no s�tio ficariam prontas no m�s seguinte. O encontro, segundo ele, ocorreu no fim do ano, pr�ximo do fim do mandato do ent�o presidente.
Em�lio relatou aos procuradores que, no encontro, o petista n�o teria ficado "surpreso" com a informa��o. "Eu disse: 'Olhe, chefe, o senhor vai ter uma surpresa e vamos garantir o prazo que n�s t�nhamos dado no problema l� do s�tio'." Anota��es e e-mails foram entregues pelo delator como forma de comprovar a reuni�o.
Crocodilo
Em�lio Odebrecht foi questionado pelo procurador da Rep�blica Athayde Ribeiro Costa, da for�a-tarefa da Lava-Jato, sobre afirma��o que ele fez em sua dela��o sobre conversa com Lula que teria tido para pedir que os pedidos do PT fossem controlados, em que ele teria dito que eles deveriam parar de ter "boca de crocodilo e come�arem a ter boca de jacar�".
O empres�rio afirmou que fez um pacto de sangue com Lula para custear campanhas do PT.
O caso envolvendo o s�tio representa a terceira den�ncia contra Lula no �mbito da Opera��o Lava-Jato. Segundo a acusa��o, a Odebrecht, a OAS e tamb�m a empreiteira Schahin, com o pecuarista Jos� Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milh�o em obras de melhorias no s�tio em troca de contratos com a Petrobras.
Detalhes
O empres�rio disse n�o ter conhecimento dos detalhes da obra e que s� veio a conhecer os pontos espec�ficos, ap�s a Lava Jato. O delator tamb�m n�o vinculou especificamente a reforma aos contratos da Petrobras da empresa.
O processo inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do ex-presidente, at� seu compadre, o advogado Roberto Teixeira. O im�vel foi comprado no final de 2010, quando Lula deixava a Presid�ncia, e est� registrado em nome de dois s�cios dos filhos do ex-presidente, Fernando Bittar - filho do amigo e ex-prefeito petista de Campinas Jac� Bittar - e Jonas Suassuna. A Lava-Jato sustenta que as obras feitas na propriedade por empresas do cartel que atuava na Petrobr�s ocultariam propinas.
O ex-presidente Lula nega ser o dono do s�tio.