
� ju�za federal Gabriela Hardt, sucessora de S�rgio Moro nos processos da Lava-Jato, o empreiteiro contou que soube do s�tio de Atibaia quando "a obra j� estava em andamento", em 2010. Odebrecht citou o ex-executivo do Grupo Alexandrino Alencar e seu pai Em�lio Odebrecht.
"Deve ter sido l� para final de dezembro, em algum momento eu soube n�o sei se por Alexandrino, pelo meu pr�prio pai ou por algu�m que eu me encontrei. Em algum momento eu soube, no in�cio, eu, inclusive, reagi, fui contra por duas raz�es espec�ficas. Eu at� reclamei porque primeiro eu achava que eu achava que era uma exposi��o desnecess�ria, porque seria at� ent�o, fora a quest�o que eu j� sabia que havia, que eu tamb�m tinha me posicionando contra, mas que era uma coisa bem antiga, que era o assunto do irm�o, o apoio ao irm�o, mas pelo que eu soube era uma coisa bem antiga e que foi renovado, chegou um momento eu acho que acabou, fora essa quest�o, seria a primeira vez que a gente estaria fazendo uma coisa pessoal para o presidente Lula", disse.
Ele citou a hist�ria de um terreno em S�o Paulo que sua empreiteira iria adquirir para supostamente alojar as depend�ncias do Instituto Lula - epis�dio que sustenta uma outra acusa��o da for�a-tarefa da Lava-Jato contra o ex-presidente.
"At� ent�o, por exemplo, tinha tido o caso do terreno do Instituto. O terreno do Instituto, bem ou mal, era para o Instituto Lula n�o era para a pessoa f�sica dele (Lula)", seguiu Odebrecht em seu relato � ju�za.
"Quando eu vi l�, que eu soube, tinha um bando de gente trabalhando na obra (do s�tio). Quer dizer, a dificuldade de voc� manter isso em sigilo, em algum momento vazar, era enorme. Outra coisa, que � uma coisa mais pragm�tica, eu tinha uma discuss�o com meu pai, que o alinhamento que eu tinha com ele era de que tentasse todo acordo que ele fizesse com Lula, passar pelo contexto da planilha Italiano. Quer dizer, a conta corrente que eu tinha com Palocci, para que a gente n�o pagasse duas vezes."
O ex-presidente est� preso em Curitiba desde 7 de abril. Ele cumpre pena de 12 anos e um m�s de reclus�o, no processo do caso triplex, tamb�m por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro. O petista nega enfaticamente ter recebido valores il�citos da empreiteira.
Durante a audi�ncia, Gabriela Hardt perguntou a Marcelo Odebrecht se Lula "tinha ci�ncia da reforma que estava sendo custeada em parte pela Odebrecht".
"Ah tinha, com certeza. E, olha, ele sabia que tinha. Eu n�o escutei isso de Lula, mas meu pai sempre deixou isso claro para mim que ele sabia que estava sendo custeado e, dentro de casa, todos n�s entend�amos que aquele s�tio era de Lula", disse o delator.
"O que eu soube foi que esse pedido chegou via Alexandrino, foi autorizado por meu pai e a obra era para o s�tio do presidente. N�o entrei nos outros detalhes."
O ex-presidente Lula nega ser o dono do s�tio.
Crocodilo
Em outro trecho de seu interrogat�rio, o empres�rio disse que reclamou com seu pai sobre "valores muito altos" que o PT, via ex-ministro Ant�nio Palocci, pedia ao grupo. Numa dessas ocasi�es, o patriarca da Odebrecht teria dito ao pr�prio Lula que o pessoal do PT ia "da boca de jacar� para boca de crocodilo".
"De fato, em v�rios momentos reclamei de valores muito altos. Falei com meu pai e, de alguma maneira, ele ia l� e reclamava com o Lula. De fato, n�o foi uma ou duas vezes s� que fui reclamar com meu pai das demandas do Palocci, mais o Palocci, que estavam muito altas."
A ju�za questionou Marcelo Odebrecht se, em determinada reuni�o, houve discuss�o sobre contratos de interesse da empresa.
"Eu n�o diria contratos, na verdade, a gente tratou os temas. A gente nunca discutiu, eu, acho que meu pai tamb�m, nunca discutiu detalhe de contrato com o presidente. A gente foi discutindo, a agenda � bem clara", disse.
"Foram os temas que a gente achava relevante da rela��o, seja da Odebrecht com o Governo, seja da Odebrecht com outros pa�ses de Geopol�tica brasileira, alguns temas que a gente sempre levava para contribuir com o presidente de maneira institucional, com o pa�s. Quer dizer, n�o foi nada a ver com contrato. Eu, pelo menos, eu acho que, meu pai tamb�m, nunca discutimos contratos, essas coisas, com os presidentes."
A magistrada perguntou a Odebrecht se, no in�cio do Governo Lula, ele participou de reuni�es para "reclamar de dificuldades com diretoria de Petrobras".
"N�o, n�o participei dessas reuni�es. Essas reuni�es foram mais no contexto da Braskem. Em rela��o � Petrobras, por exemplo, eu tinha uma discord�ncia com meu pai. Eu sempre entendi que Petrobras devia ser tratada pelos executivos que lidavam com a Petrobras, junto aos diretores. Se isso inclu�a fazer contribui��o pol�tica, eles que deviam avaliar", relatou.
"Eu nunca levei, nunca tratei esse assunto Petrobras por cima, digamos assim. Eu achava que isso devia ser conduzido pelos executivos. Meu pai tinha uma vis�o um pouco diferente. Ele gostava do tema Petrobras, principalmente relativo a rela��o Petrobras com Braskem, ent�o, ele costumava ter o tema Petrobras na agenda dele com o presidente. N�o estou dizendo que tratava-se nada il�cito, mas que o tema Petrobras de modo geral, na agenda com o presidente."
Durante a audi�ncia, o Minist�rio P�blico Federal perguntou ao delator se ele sabia que os "l�deres empresariais tinham que efetuar pagamento no interesse do PT, PMDB, PP, no �mbito das diretorias da Petrobras".
"Eu seria ing�nuo se eu dissesse que eu n�o sabia. Eu confirmo que eu tinha ci�ncia", declarou.