A professora Priscila Luana Pereira, ex-companheira de Cesare Battisti, espera que as autoridades da It�lia revejam a pena de pris�o perp�tua aplicada ao italiano preso no s�bado, 12, na Bol�via e extraditado para seu pa�s.
"Acredito que os defensores dos direitos humanos v�o pedir a redu��o da pena. Cesare foi julgado � revelia e a senten�a � muito dura", disse ela ao jornal O Estado, no domingo, 13, pouco depois de saber que o avi�o que levaria Battisti de volta � It�lia havia decolado de Santa Cruz de La Sierra.
Priscila mora em S�o Jos� do Rio Preto (SP) com o filho do casal, de cinco anos, mas recebeu a not�cia da pris�o de Battisti em Cananeia (SP), onde o italiano tem uma casa.
Segundo Priscila, Battisti ainda tem fam�lia na It�lia (um irm�o e sobrinhos), duas filhas e um neto na Fran�a al�m de uma rede de advogados e colaboradores espalhada pela Europa.
Priscila disse n�o entender o motivo de o governo Jair Bolsonaro ter enviado um avi�o para a Bol�via depois da deten��o. "A partir do momento que ele saiu do Brasil o assunto � da Bol�via coma It�lia", afirmou.
Embora n�o tenha contato com Battisti desde o ano passado, Priscila foi alvo de a��es da Pol�cia Federal. "Fizeram buscas na minha casa e no local onde morava anteriormente", disse ela.
Segundo a professora, o filho do casal, apesar da pouca idade, tem sentido efeitos da situa��o. "Ele n�o entende completamente o que est� acontecendo, mas sente falta do pai, pergunta por que n�s estamos aqui e ele n�o.".
Asilo
Tr�s dias depois de o ex-presidente Michel Temer assinar o decreto de extradi��o de Cesare Battisti, o italiano encaminhou um pedido de asilo ao governo do presidente da Bol�via, Evo Morales. Battisti apresentou uma solicita��o de ref�gio � Comiss�o Nacional do Refugiado (Conare) no dia 18 de dezembro do ano passado, quando j� era considerado foragido internacional. No documento, o italiano afirma que a "nefasta coincid�ncia" da chegada ao poder de dois governos de "ultradireita" no Brasil e na It�lia o obrigou a fugir para a Bol�via.
Ele cita na carta o presidente Jair Bolsonaro. "Poucos dias depois de seu triunfo eleitoral, Bolsonaro prometeu publicamente que realizar� todos os esfor�os para me extraditar", escreveu Battisti �s autoridades bolivianas.
No texto de quatro p�ginas, ele cita tamb�m o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva - atualmente preso e condenado na Opera��o Lava Jato -, que lhe concedeu ref�gio no fim de 2010. "O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (depois de ter a certeza de que minha pessoa n�o era aquele monstro que o governo italiano tentava construir, com um pedido de extradi��o absurdo) me concedeu resid�ncia permanente", escreveu Battisti.
O italiano afirmou tamb�m que se "distanciou" de atividades violentas por parte de grupos de esquerda nos anos 1970. Battisti tamb�m alega que centenas de processos foram criados na �poca para justificar a pris�o de militantes, entre eles o que baseou sua pena perp�tua.
No domingo, antes de Battisti ser enviado para a It�lia, amigos no Brasil fizeram uma �ltima tentativa de evitar a extradi��o e endere�aram uma carta endere�ada ao vice-presidente da Bol�via, �lvaro Garc�a Linera pedindo que o governo Evo Morales concedesse ref�gio pol�tico ao italiano.
A carta foi assinada pelo historiador argentino radicado no Brasil Carlos Lungarzo, autor de um livro sobre o italiano e amigo pessoal de Battisti. "� essencial ter em mente que se Battisti for devolvido ao Brasil ou entregue � It�lia ter� uma morte terr�vel e muito triste. Pedimos que Cesare Battisti tenha ref�gio pol�tico na Bol�via", diz trecho da carta.
O texto foi endere�ado a Linera por causa da similaridades entre a hist�ria do vice-presidente da Bol�via e a do italiano. Ex-integrante do movimento armado Ex�rcito Guerrilheiro T�pac Katari (EGTK), Linera ficou preso entre 1992 e 1997.