�s v�speras do envio de um projeto de lei pelo governador Romeu Zema (Novo) para a privatiza��o da Cemig, os deputados estaduais mineiros fizeram nesta quinta-feira uma investida contra a proposta. Para isso, se valeram de argumentos de parlamentares de Goi�s, onde a desestatiza��o da companhia de energia gerou preju�zos e aumento da conta de luz para a popula��o, segundo apura uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito.
O recado dos deputados de Goi�s para que os mineiros impe�am a privatiza��o de sua principal estatal foi dado em audi�ncia na Comiss�o de Minas e Energia da Casa. "Temos a convic��o de que vender a estatal n�o � um bom neg�cio. (A Celg, empresa de energia de Goi�s) era uma empresa que era ruim e deu saudade dela. Imagina aqui que voc�s t�m uma empresa boa", questionou o deputado Henrique Arantes (sem partido), presidente da CPI da Enel.
De acordo com o deputado de Goi�s, a empresa italiana que assumiu os servi�os no estado tende a ser a mesma a comprar a Cemig. Sem ter como reverter a venda, os parlamentares pretendem, com a CPI, for�ar a companhia a "pelo menos" investir e fornecer bons servi�os.
Segundo Arantes, a Celg era deficit�ria, diferentemente da Cemig, e, mesmo assim, a avalia��o foi de piora. "Acredito que a Enel v� comprar (a Cemig), eles tem interesse no lucro, n�o v�o querer fazer justi�a social", disse. A Enel � uma empresa com sede em Roma que atua na distribui��o e gera��o de energia el�trica, al�m da distribui��o de g�s natural.
Conta mais cara
O parlamentar afirmou que, depois da privatiza��o, os aumentos da conta de luz que eram da ordem dos 6%, passaram ao patamar de 17%. " Se eu fosse mineiro, trabalharia para que n�o vendesse ", refor�ou Arantes.
Tamb�m membro da CPI de Goi�s, o deputado Alysson Lima (PRB) disse que, depois da privatiza��o, a empresa de energia goiana passou a ser avaliada como a pior do pa�s, segundo a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel).
Autor do requerimento da audi�ncia, o deputado Ulysses Gomes (PT) afirmou que o objetivo do encontro � mostrar � popula��o mineira o que pode ocorrer se a privatiza��o for levada adiante. De acordo com ele, o sentimento da maioria dos deputados da ALMG � contr�rio � medida.
O petista apresentou n�meros segundo os quais a Cemig vale hoje R$ 22 bilh�es. Como o estado tem cerca de 17% dela, com uma poss�vel venda arrecadaria em torno de R$ 3,8 bilh�es. "Equivale a pouco mais de uma folha de pagamento. Vender ativos para pagar d�vida � uma solu��o tempor�ria e retira do estado o poder de investimento em um setor absolutamente priorit�rio", disse.
"Estamos buscando esclarecer o m�nimo que pode acontecer. O governador vem descaracterizando o que a Cemig � para o estado. Se ela tem problemas, ele como gestor deveria ajudar", disse Gomes.
Integrante da Mesa da Assembleia de Minas, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) pediu ao governador que "bata a m�o na mesa" e administre a estatal como se fosse uma de suas empresas, que d�o lucro. "Eu vendo meu patrim�nio se der preju�zo, o que n�o d� preju�zo vou vender por qu�?", questionou.
Alencar afirmou que a compara��o que fazem com as telecomunica��es, quando se fala em privatiza��o, n�o se aplica ao setor da energia. Isso porque, de acordo com ele, no caso da telefonia, h� concorr�ncia. "O grupo italiano vai vir para c� para concorrer com quem? V�o dizer ou pagam ou est� desligado. Em Minas, tirando o jogo do Atl�tico, que quando est� precisando ganhar apaga a luz, n�o temos mais apag�o. A Cemig � um exemplo", disse.
O vice-l�der do governo, deputado Guilherme da Cunha (Novo), saiu em defesa da proposta de privatiza��o e confirmou que o governador deve enviar um projeto para acabar com a necessidade de um referendo popular para permitir a venda da estatal. Segundo ele, a Cemig precisa de R$ 21 bilh�es em investimentos nos pr�ximos quatro anos para manter os servi�os e s� disp�e de R$ 6 bilh�es. "Isso significa que ela n�o d� conta de fornecer energia para todos os mineiros", disse.
Ele confirmou que a Cemig tem lucro, mas disse que ele � revertido para investimentos. Sobre a possibilidade de a conta de luz aumentar com a privatiza��o, Guilherme da Cunha disse que a defini��o � da Aneel, que autoriza as tarifas de acordo com as informa��es fornecidas pelas empresas. Segundo ele, o fato de empresa ser p�blica n�o segura os pre�os, assim como uma poss�vel administra��o privada n�o significa aumento autom�tico.
Sobre a dificuldade de aprovar, Cunha disse que qualquer ato de privatiza��o precisar� passar pela Assembleia e que a posi��o dos mineiros ainda n�o � definitiva. "Depende muito da pergunta que � formulada. Se os mineiros s�o a favor que Cemig continue sendo controlada pela classe pol�tica ou se preferem que adote m�todos de gest�o empresarial. Tenho certeza que prefeririam uma empresa mais din�mica, mais empresarial e que tivesse condi��es de atender aos investimentos t�o necess�rios para Minas", argumentou.
Para acabar com a necessidade de um referendo da popula��o, o governador Romeu Zema precisar� dos votos de pelo menos 48 deputados estaduais em uma proposta de emenda � Constitui��o. J� para a proposta de privatiza��o, a vota��o � por maioria simples.
Para acabar com a necessidade de um referendo da popula��o, o governador Romeu Zema precisar� dos votos de pelo menos 48 deputados estaduais em uma proposta de emenda � Constitui��o. J� para a proposta de privatiza��o, a vota��o � por maioria simples.