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Estado de Minas POL�TICA

Presos da Lava-Jato recorreram a m�dium e pagaram 'benfeitorias'

Livro narra hist�rias dos empreiteiros, empres�rios, doleiros e pol�ticos mandados para a pris�o durante a opera��o da Pol�cia Federal


postado em 01/12/2019 08:53 / atualizado em 01/12/2019 12:36

Renato Duque, preso pela Operação Lava Jato, recebeu o líder espiritual Frei Bonifácio(foto: AFP PHOTO/EVARISTO SA )
Renato Duque, preso pela Opera��o Lava Jato, recebeu o l�der espiritual Frei Bonif�cio (foto: AFP PHOTO/EVARISTO SA )
No segundo semestre de 2015, a advogada Isabel Kugler, presidente do Conselho da Comunidade do Complexo M�dico Penal (CMP) de Curitiba, estava preocupada com a sa�de espiritual do ex-diretor de Servi�os da Petrobr�s Renato Duque, preso pela Opera��o Lava Jato desde novembro do ano anterior.

Para ajudar o empres�rio, Isabel recorreu � ajuda de um antigo colaborador de outros pres�dios do Paran�: o l�der espiritual Frei Bonif�cio. Ele, na verdade, era o s�rio Nassib Abdo Abage Filho, dono de um tradicional antiqu�rio em Curitiba, sede da opera��o, que havia feito fama na cidade com seus
atendimentos medi�nicos.

"O ex-diretor da Petrobr�s, que chegou � cadeia dizendo que n�o ficaria muito tempo ali, j� tinha percebido que n�o sairia t�o cedo e foi tomado por profundo abatimento. A melancolia do burocrata preocupou a advogada, que temia que ele desse cabo da pr�pria vida. A dra. Isabel avaliou que estava fora do mundo terreno a ajuda a Duque", relata o jornalista W�lter Nunes no livro A Elite Na Cadeia, O Dia a Dia dos Presos da Lava Jato, lan�ado na semana passada pela editora Objetiva.

O livro narra hist�rias dos empreiteiros, empres�rios, doleiros e pol�ticos mandados para a pris�o. Nassib continuou atendendo os "lavajatos" por um tempo, mas interrompeu as visitas para se dedicar � torcida de seu sobrinho Kaysar Dadour no reality show global Big Brother Brasil.

O recorte de tempo narrado no livro se inicia em novembro de 2014, quando o ent�o juiz S�rgio Moro, respons�vel pela 13.ª Vara Federal de Curitiba, mandou prender executivos e empreiteiros como Renato Duque, ex-diretor da Petrobr�s, L�o Pinheiro, dono da construtora OAS, Ricardo Pessoa, da UTC, Dalton Avancini, da Camargo Corr�a e o lobista Fernando Baiano, entre outros. Foi a 7.ª fase da Lava Jato, batizada de Ju�zo Final. "A Lava Jato vira Lava Jato ali, quando coloca um monte de rico dentro da cadeia", conta Nunes.

Van

Em junho de 2015, os agentes da Pol�cia Federal bateram na porta da casa do nono homem mais rico do Pa�s, com uma fortuna pessoal estimada em R$ 13 bilh�es, segundo a revista Forbes. Marcelo Odebrecht recebeu os agentes ap�s sua s�rie di�ria de bra�adas na piscina semiol�mpica, quando se preparava para tomar caf� da manh�. Ele s� voltaria para casa dois anos e meio depois.

Logo que seus executivos foram atingidos pela Lava Jato, a Odebrecht teve de montar um esquema especial para atender a demanda de seus presos. Funcion�rios foram deslocados para Curitiba e um escrit�rio na cidade foi alugado para servir como centro de apoio e log�stica. Advogados eram designados a pegar cartas escritas por Marcelo com instru��es e repassar para o comando da empreiteira. Ele continuava despachando do c�rcere.

A estrutura foi readaptada quando Marcelo e outros executivos foram transferidos da carceragem da PF para o Complexo M�dico Penal. Como o pres�dio fica em S�o Jos� dos Pinhais, cidade vizinha a Curitiba, a Odebrecht teve que adaptar uma van que ficava estacionada em frente ao complexo, servindo como base de apoio com lanches, refrigerantes e �gua para os parentes que sa�am ap�s as visitas.

Hierarquia

Nunes narra a impress�o inicial dos presos da Lava Jato - que imaginavam que logo sairiam dali -, a transfer�ncia da carceragem da Pol�cia Federal para o CMP e a rela��o entre delatores - e suas regalias - e delatados dentro da pris�o. Tamb�m � relatado como era o conv�vio entre os homens mais ricos do Pa�s com acusados de contrabando, assassinato e estupro, entre outros delitos.

"O comportamento que eles tinham fora da cadeia eles continuaram tendo dentro dela. Por exemplo, o Fernando Baiano continua fazendo lobby, os empreiteiros continuam patrocinando coisas, os pol�ticos continuam se organizando em bloco, por partido. A hierarquia que existia dentro das empresas tamb�m se mant�m dentro da pris�o", conta Nunes. O livro narra algumas "benfeitorias" promovidas pelos empreiteiros no pres�dio: compra de produtos de higiene, pintura nas paredes e aparelhos de televis�o.

Para Nunes, o livro mostra que a desigualdade entre ricos e pobres que h� no Brasil � reproduzida na cadeia. A diferen�a entre as alas dos "lavajatos" e dos presos comuns chega a comover alguns dos empreiteiros da Odebrecht e da OAS, que bancaram cobertores e geladeira para a ala dos presos comuns. "A situa��o dos presos da Lava Jato n�o era confort�vel, mas era muito diferente da realidade dos outros internos." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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