
Um parecer enviado pela Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) ao Superior Tribunal de Justi�a (STJ), revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, registra o novo posicionamento de Moro sobre o caso Marielle, pela manuten��o das investiga��es do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e do motorista Anderson Gomes na esfera estadual.
O ministro defende prestigiar o entendimento dos familiares de Marielle, que s�o contr�rios � transfer�ncia do caso.
"Fico feliz que o ministro tenha revisto sua posi��o, e que agora est� de acordo com aquilo que n�s, familiares, pedimos. Caso futuramente surjam evid�ncias que apontem para a necessidade de federalizar, eu tamb�m n�o me incomodarei em mudar de posi��o, entendendo que a resolu��o desse caso � fundamental para a democracia brasileira", disse M�nica, em nota enviada � reportagem. "Defendemos, sobretudo, a seguran�a e a isen��o na investiga��o e esperamos uma resposta para esse crime que completar� dois anos sem que se saiba quem mandou matar Marielle. O sentimento de dor e injusti�a permanece. At� quando?", questionou M�nica.
Bastidores
A decis�o sobre a federaliza��o do caso caber� � Terceira Se��o do Superior Tribunal de Justi�a, que deve se debru�ar sobre o tema ainda neste semestre. Ministros do STJ ouvidos reservadamente pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Broadcast avaliam que, hoje, a tend�ncia do tribunal � n�o retirar das autoridades do Rio as investiga��es. Eles, contudo, alegam que a discuss�o � t�cnica e jur�dica, minimizando o impacto do posicionamento da fam�lia sobre a controv�rsia.
Em parecer sigiloso encaminhado ao STJ, a Advocacia-Geral da Uni�o destaca a posi��o do minist�rio de Moro. "Como bem ressaltado pelo Minist�rio da Justi�a (...), os pr�prios familiares da ex-vereadora posicionaram-se desfavoravelmente � federaliza��o das investiga��es e persecu��o penal, fator que, acreditamos, deve ser considerado e prestigiado pelo STJ", destaca a AGU.
"Ademais, n�o se pode perder de vista que eventual deslocamento de compet�ncia � revelia da vontade de familiares das v�timas pode sinalizar futuro questionamento da conduta da Uni�o, sob eventual alega��o (ainda que infundada) de que pode repercutir negativamente sobre as atividades investigativas e punitivas do Estado do RJ, no caso", prossegue o parecer.
Em entrevista na noite da segunda-feira ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Moro afirmou que as cr�ticas de familiares de Marielle a uma poss�vel federaliza��o do caso o fizeram mudar de posi��o. "(Os familiares) Levantaram, de uma forma n�o muito justa, que a ideia de federalizar era para que o governo federal, de alguma forma, obstru�sse as investiga��es, o que era falso. Foi o pr�prio governo federal, com a investiga��o na Pol�cia Federal, que possibilitou que a investiga��o tomasse o rumo correto", disse Moro. "O governo n�o tem nenhuma inten��o de proteger os mandantes desse assassinato."
Questionado, durante o programa, se o presidente Jair Bolsonaro concordou com a mudan�a de opini�o, Moro disse ter "comentado" com o presidente, mas n�o entrou em detalhes.
Assassinato
Marielle Franco foi assassinada a tiros no centro do Rio, em um caso que aguarda solu��o h� quase dois anos. Na v�spera de deixar o cargo, em setembro do ano passado, a ent�o procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, pediu a federaliza��o das investiga��es, sob a alega��o de que deixar o inqu�rito com a Pol�cia Civil do Rio podia gerar "desvios e simula��es".
O processo ganhou novos contornos ap�s Bolsonaro ter o nome associado ao caso, conforme depoimento de um porteiro do condom�nio Vivendas da Barra, onde moravam o pr�prio Bolsonaro e o policial militar aposentado Ronnie Lessa, acusado de participar do crime. O funcion�rio, no entanto, alegou depois que se enganou.
� �poca, Moro disse que a men��o a Bolsonaro era um "disparate". "Vendo esse novo epis�dio, em que se busca politizar a investiga��o indevidamente, a minha avalia��o � que o melhor caminho para que possamos ter uma investiga��o exitosa � a federaliza��o", afirmou anteriormente, em entrevista � r�dio CBN.
Bolsonaro j� afirmou que "seria bom" federalizar o caso, mas observou que a medida daria um "indicativo de que querem me blindar com a Pol�cia Federal". Agora, a posi��o de Moro � outra.