
O manguezal vizinho aos condom�nios de luxo da Costa do Sau�pe, a 100 km de Salvador, parece tranquilo. Fam�lias pobres tiram dos caranguejos seu sustento. Uma moradora, no entanto, alerta: "Voc�s s�o doidos de ficar aqui, isso aqui � cheio de gente ruim", diz, em refer�ncia a ladr�es que aproveitam a mata fechada para praticar pequenos furtos. Foi dessa regi�o que, h� duas semanas, o miliciano Adriano Magalh�es da N�brega teria protagonizado uma fuga para a cidade de Esplanada, no norte baiano, onde acabou morto por policiais.
Acusado de chefiar a mil�cia Escrit�rio do Crime - citada em investiga��es da morte da vereadora do PSOL Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes -, N�brega estava na Costa do Sau�pe desde dezembro do ano passado. Antes que a pol�cia chegasse ao "esconderijo", ele saiu pelo fundo da casa, cruzou a �rea de mangue, nadou e passou pela praia. Depois, chegou � �rea urbana e alugou um carro, de acordo com a reconstitui��o feita pela Pol�cia Civil.
O jornal O Estado de S�o Paulo passou os �ltimos dias � procura de pistas deixadas na Bahia pelo "capit�o Adriano", como era conhecido o ex-oficial do Batalh�o de Opera��es Especiais (Bope) da PM fluminense. Nos tr�s endere�os por onde passou nos �ltimos dois meses, os relatos descrevem N�brega como um homem discreto, de pouca disposi��o para conversar.
Para uma funcion�ria do condom�nio de luxo em que ele ficou por quase dois meses no Sau�pe, o ex-policial militar chamava aten��o pelas "costas fortes" e pela express�o fechada que carregava no rosto. "Ele vivia andando de bicicleta pelo condom�nio, via sempre. Um homem bonito daqueles fazer uma coisa dessas", afirmou. Al�m de deixar para tr�s uma identidade falsa, Adriano abandonou uma quantidade grande de alimentos estocados.
O destino dele, a partir dali, foi uma fazenda no munic�pio de Esplanada, que tem menos de 30 mil habitantes. Ali vive o fazendeiro Leandro Guimar�es, famoso pelas vaquejadas que promove em sua propriedade, chamada Parque Gilton Guimar�es. O terreno, repleto de cabe�as de gado, � conhecido como "entrada dos coqueiros".
O terreno principal da fazenda tem duas casas. Uma delas � mais discreta, reservada a um funcion�rio. A outra � pintada de amarelo claro e abriga a fam�lia Guimar�es, que vive entre Esplanada e Pojuca, munic�pio a cerca de 80 quil�metros dali. Foi nesse espa�o que N�brega se instalou e permaneceu durante uma semana, at� ser morto em uma opera��o policial.
Guimar�es disse � pol�cia que n�o sabia que Adriano era foragido e s� percebeu que era um homem "perigoso" quando o ex-PM o amea�ou. O fazendeiro foi preso por porte ilegal de armas. Foi solto pela Justi�a, que fixou fian�a e ordenou que usasse tornozeleira eletr�nica.
Em seus �ltimos dias de vida em Esplanada, o ex-capit�o circulou armado pelo campo, andou a cavalo e fez caminhadas. S� conversava com o "patr�o", segundo um funcion�rio da fazenda. Era misterioso e "dava medo", segundo ele. Guimar�es relatou que Adriano disse que queria comprar uma propriedade na regi�o e, em sua companhia, visitou algumas, mas n�o gostou de nenhuma.
O delegado Maur�cio Sans�o, diretor do Departamento de Repress�o e Combate ao Crime Organizado (Draco), disse que o miliciano visitava a Bahia havia quase tr�s anos. Os investigadores baianos apuram, agora, se ele lavava dinheiro comprando gado.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.