
A irrita��o do presidente j� � sintetizada em uma montagem que circula em grupos de WhatsApp bolsonaristas e mostra o ministro da Justi�a em tr�s vers�es. Na primeira foto, Moro est� com uma m�scara na boca. Na segunda, a prote��o cobre os olhos. Na terceira, duas m�scaras tapam os ouvidos.
No final de semana, em conversa com interlocutores, Bolsonaro reclamou da postura do ex-juiz da Opera��o Lava-Jato, dizendo que o ministro “s� pensa nele” e “n�o est� fazendo nada” para ajudar o governo na batalha que o presidente trava com os governadores.
Nas redes sociais, Moro tem se isentado de abra�ar o discurso de Bolsonaro, que defende que as pessoas fora do grupo de risco voltem ao trabalho. Nesta segunda-feira, o ministro da Justi�a, que j� sofre press�o nos bastidores, deu seu recado no Twitter: “Prud�ncia no momento � fundamental”.
A frase foi publicada junto com um artigo do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), publicado em O GLOBO, em que faz um apelo aos magistrados dizendo que “� hora de ouvir a Ci�ncia.” Moro fez quest�o de destacar um trecho do texto de Fux: “Est� na ordem do dia a virtude passiva dos ju�zes e a humildade de reconhecer, em muitos casos, a aus�ncia de expertise em rela��o � COVID-19”
O governo federal tem perdido batalha considerada cara a Bolsonaro contra governadores e prefeitos. Apesar de Bolsonaro defender um isolamento vertical, somente para idosos e pessoas com doen�as, os estados e munic�pios seguem adotando a quarentena como medida para controlar o avan�o da COVID-19.
Na semana passada, a Justi�a do Rio derrubou decis�o de Bolsonaro de reabrir os templos e as casas lot�ricas. Outra derrota foi imposta quando o ministro Marco Aur�lio Melo, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu liminarmente que governadores e prefeitos podem determinar sobre as restri��es de circula��o de transporte. A decis�o derrubou um trecho da medida provis�ria que restringe ao governo federal determinar o que s�o servi�os essenciais.
No domingo, Bolsonaro disse que teve um “insight” para baixar um decreto para liberar “toda e qualquer profiss�o” a trabalhar. Auxiliares da �rea jur�dica t�m alertado o presidente que as decis�es individuais da Uni�o, estados e munic�pios podem acarretar uma s�rie de a��es judiciais questionando as medidas uns dos outros. Eles tentam convencer Bolsonaro que chegar a um consenso com governadores e prefeitos � mais eficaz.
O presidente, no entanto, n�o est� convencido. Para ele, Moro, o qual considera o mais experiente e tem mais popularidade, deveria ajudar o governo na disputa jur�dica. A conclus�o do presidente, segundo relatos ao Estado, � que Moro, ao optar por n�o buscar auxiliar o governo fora dos temas diretamente � sua pasta, demonstra atuar somente no que lhe d� capital pol�tico. Moro j� assinou decretos para restringir a entrada de estrangeiros no pa�s.
A avalia��o no c�rculo mais pr�ximo de Bolsonaro � que o ministro Andr� Luiz Mendon�a, da Advocacia-Geral da Uni�o (AGU), embora seja tecnicamente bem preparado, � t�mido politicamente e tem ficado aqu�m das expectativas do presidente na guerra que se transformou a crise do coronav�rus. J� o ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presid�ncia e respons�vel pela Subchefia de Assuntos Jur�dicos (SAJ), mesmo tendo uma rela��o familiar com o presidente, tem adotado uma postura comedida. Para Bolsonaro, a parte jur�dica est� sem rumo.