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Estado de Minas V�CUO

Bolsonaro tem dificuldade para escolher ministro da Educa��o

Minist�rio permanece sem um titular. Escolha est� empacada � espera da indica��o que agrade �s alas militar e ideol�gica. Reitor de universidade em Santa Catarina � cotado


postado em 06/07/2020 04:00 / atualizado em 06/07/2020 07:36

Renato Feder, secretário de Educação e Esporte do Paraná:
Renato Feder, secret�rio de Educa��o e Esporte do Paran�: "Agrade�o ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apre�o, mas declino do convite recebido. Sigo com o projeto no Paran�, desejo sorte ao presidente e uma boa gest�o no Minist�rio da Educa��o" (foto: Facebock/Reprodu��o)

Bras�lia – Sem ministro h� 18 dias e sem projeto estruturado h� mais de um ano, a educa��o se tornou o flanco mais vulner�vel do governo federal, ao ponto de at� Jair Bolsonaro reconhecer que “a educa��o est� horr�vel no Brasil”. A afirma��o, dada em resposta a uma apoiadora na porta do Pal�dio da Alvorada, � vista como o maior consenso do pa�s.

Em 16 meses, n�o h� um projeto claro, nem tampouco di�logo direto com os governos municipais, estaduais e universidades. Durante os 14 meses sob o comando de Abraham Weintraub, as marcas foram a pol�mica e poucas realiza��es.
 
O presidente est� insatisfeito por chegar praticamente � metade do mandato sem qualquer um resultado pr�tico para chamar de seu nesta seara, pe�a-chave das promessas de campanha em 2018. As restri��es dos militares e dos olavistas tornam ainda mais dif�cil o desafio de escolher um ministro. Bolsonaro se v� espremido entre os dois segmentos e decidiu que, esta semana, vai resolver o problema escolhendo um ministro de perfil conservador e que transite nas duas correntes.
 
O presidente quer algu�m que resolva as reclama��es do setor, por�m a cada escolha seus aliados entram em cena. O secret�rio de Educa��o do Paran�, Renato Feder, por exemplo, n�o suportou o bullying dos bolsonaristas e pediu para sair antes mesmo de entrar. O pr�prio Bolsonaro, que o convidara na semana passada, titubeou na indica��o ao n�o defender Feder dos ataques dos apoiadores que se autointitulam “raiz”. Ao ficar exposto, o secret�rio seguiu o conselho de amigos: avisou em suas redes sociais que continuaria o trabalho no Paran�.
 
A recusa de Feder reacende as press�es sobre o presidente e exp�e a disputa interna no governo. Os militares, que indicaram Carlos Decotelli, por exemplo, sonham com um ministro t�cnico que tenha capacidade de di�logo com o setor e profissionalize a gest�o da educa��o, independentemente de amarras ideol�gicas. Mas os radicais querem destaque para a ideologia. “O escolhido n�o deve ser ideologicamente neutro, tem que ser um conservador de raiz!”, sugeriu o deputado S�stenes Cavalcante (DEM-RJ) em seu Twitter, ressaltando que a escolha � “exclusiva” do presidente. E, no meio disso tudo, h� uma nova corrente interessada no cargo: o Centr�o, que, depois da posse do deputado F�bio Faria nas Comunica��es, declarou aberta a ca�a a um minist�rio para os senadores.
 
Com recusa de Feder – que chegou a chamar Bolsonaro de “estadista”, antes de ser ultrapassado por Decotelli –, passou a circular o nome de Aristides Cimadon, reitor da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). De acordo com a Plataforma Lattes, ele possui gradua��o em Filosofia, Pedagogia, mestrado em Educa��o, Direito e doutorado em Ci�ncia Jur�dica. Outros nomes continuam no p�reo, como o reitor do Instituto Tecnol�gico de Aeron�utica (ITA), Anderson Ribeiro Correia – que teria o aval das alas militar e ideol�gica; o da secret�ria nacional de Educa��o B�sica, Ilona Becskeh�zy; e o do assessor especial da pasta, S�rgio Sant’Anna.

Longe das metas


N�o � apenas Jair Bolsonaro que acredita que a educa��o no pa�s deixa a desejar. Pelo relat�rio do 3º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educa��o, divulgado na �ltima quinta-feira, o Brasil est� longe de concluir as 20 metas definidas pelo PNE e pouco avan�ou desde 2018. Entre as preocupa��es est� o percentual de matr�culas para jovens e adultos na forma integrada de educa��o profissional, que teve apenas 6,4% da meta — o percentual de alcance aponta o progresso hist�rico do indicador em rela��o � meta estabelecida pelo PNE.
 
Ainda de acordo com os dados divulgados, h� uma reten��o dos alunos no ensino fundamental, o que acaba gerando preju�zos para o estudante, que perde a motiva��o, e para o sistema educacional, cada vez mais distante de formar alunos em idade adequada. O Brasil tem cerca de 900 mil adolescentes, entre 15 e 17 anos, fora da escola, o que indica jovens abandonando os estudos.
 
Al�m de n�meros insatisfat�rios na educa��o e a falta de aten��o ao setor, especialmente durante a pandemia, o pr�ximo ministro a assumir a pasta ter� que recuperar a desgastada imagem deixada por Abraham Weintraub. “O Minist�rio da Educa��o n�o teve, at� agora, prioridade neste governo. Primeiro, foi o ministro Ricardo V�lez, muito ligado ao olavismo. Depois, o Abraham Weintraub, l�der da ala ideol�gica do governo na Esplanada”, avalia o deputado federal Israel Batista (PV-DF), secret�rio-geral da frente parlamentar mista da educa��o no Congresso. “� um problema cr�nico”, critica.
 
Para o cientista pol�tico e professor da Universidade de Bras�lia Frederico Bertholini, � importante entender que o fator que une Bolsonaro, Olavo de Carvalho e outras for�as pol�ticas, como evang�licos, est� muito ligado ao componente identit�rio conservador. Ele conecta a pauta de costumes e valores morais. “Essa conex�o � t�o presente na base bolsonarista que consegue ser mais forte do que o medo das pessoas de morrer de COVID-19”, explica.
 
Na avalia��o do jurista e cientista pol�tico Rafael Favetti, “o bolsonarismo parte do princ�pio que o comunismo tomou conta do Brasil pela educa��o”, salienta, referindo-se � insist�ncia da ala ideol�gica com a doutrina��o.
 

Reconstru��o


Jo�o Marcelo Borges, diretor de estrat�gia pol�tica do movimento Todos pela Educa��o, acredita que a aus�ncia do MEC diante das demandas impulsionadas pela COVID-19 foi um dos momentos mais cr�ticos da gest�o de Weintraub.
 
“A pandemia acentuou as duas grandes marcas da gest�o dele: uma era o confronto e a omiss�o e a outra, a incompet�ncia”, critica. A pesquisa COVID-19: Impacto Fiscal na Educa��o B�sica, realizada pelo Todos pela Educa��o e pelo Instituto Unibanco, estima que as perdas variem de R$ 9 bilh�es a R$ 28 bilh�es em 2020, a depender de como ser�o os pr�ximos meses em rela��o � pandemia.
 
Outro desafio ser� desconstruir o clima de inseguran�a criado no pr�prio MEC e nas institui��es e entidades de ensino. Para o diretor do Todos pela Educa��o, a tentativa cotidiana de desqualificar a educa��o, a ci�ncia, os educadores e at� os estudantes � uma das maiores sequelas deixadas por Weintraub. “Na educa��o, ficar parado significa retroceder; a educa��o � um processo acumulativo. A crian�a que est� na escola e n�o aprende carrega esse d�ficit por muito tempo. � dif�cil estimar o tempo que essas sequelas v�o durar”, explica Borges.

Pelas redes sociais


O secret�rio de Educa��o e Esporte do Paran�, Renato Feder, usou as redes sociais para anunciar que rejeitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir o Minist�rio da Educa��o. “Recebi na noite da �ltima quinta-feira uma liga��o do presidente Jair Bolsonaro me convidando para ser ministro da Educa��o. Fiquei muito honrado com o convite, que coroa o bom trabalho feito por 90 mil profissionais da Educa��o do Paran�. Agrade�o ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apre�o, mas declino do convite recebido. Sigo com o projeto no Paran�, desejo sorte ao presidente e uma boa gest�o no Minist�rio da Educa��o", escreveu. Diante dos ataques sofridos pela ala ideol�gica, Feder divulgou, tr�s horas antes de anunciar que havia recusado o convite do presidente, um texto em suas redes sociais com oito pontos, para esclarecer, segundo o secret�rio, informa��es falsas sobre ele. Dentre as quest�es, ele afirmou que “� falso que tenha havido divulga��o de livros com ideologia de g�nero no Paran�”. “N�o existe nenhum material com esse conte�do aprovado ou distribu�do pela secretaria”, relatou. No Twitter disse que gostaria de ser avaliado pelos �ndices da Educa��o no Paran�, e n�o por manifesta��es feitas no passado.





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