A BH onde eles querem ficar: o que esperam os 'eleitores adotivos' da capital
Mobilidade, seguran�a e educa��o s�o pontos decisivos para o voto de eleitores que nasceram no interior e escolheram morar na capital mineira por amor ou necessidade
Albert e Cristiane Bicalho se apaixonaram pela vida cultural da cidade, mas querem menos correria (foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
“� aqui que eu amo, � aqui que eu quero ficar, pois n�o h� lugar melhor que BH.” Os versos da dupla C�sar Menotti & Fabiano est�o longe de ser uma unanimidade entre os imigrantes que vivem em Belo Horizonte. Ouvidos pelo Estado de Minas na v�spera da elei��o de hoje, em que votar�o para prefeito e vereador, moradores da capital oriundos de outros domic�lios eleitorais descrevem os mais variados v�nculos com BH. Uns ainda a amam radicalmente, apesar dos muitos anos de conviv�ncia. Outros confessam que o relacionamento est� desgastado e cogitam buscar outras paisagens. H� tamb�m os “amantes em lua de mel”, que acabaram de descobrir os encantos da metr�pole.
Mas, afinal, o que ainda prende os interioranos � capital mineira e o que falta para que ela se torne o id�lico lugar descrito na c�lebre can��o sertaneja? Quatro eleitores que escolheram BH como morada responderam � pergunta da reportagem.
‘Desanimado, por�m insisto’
O m�dico Albert Louis Rocha Bicalho, de 37 anos, � de Matip�, na Zona da Mata mineira. Ele diz que chegou � capital em 2006, atr�s da realiza��o de sonhos, como a especializa��o em neurologia, estabelecimento de consult�rio pr�prio e proje��o profissional. O t�tulo de eleitor foi transferido h� 14 anos. “Logo que passei a viver aqui, entendi que minha vida pol�tica estava aqui. Desde o in�cio, achei que era importante fazer parte do eleitorado”, afirma.
Ele conta que, al�m da grande oferta de oportunidades, BH o atraiu pela diversidade cultural. “Isso, at� hoje, � uma coisa que me agrada na cidade. O multiculturalismo, a possibilidade de conviver com pessoas de v�rias tribos, v�rios credos, v�rios costumes. No interior, n�o temos isso. Costuma ter duas igrejas – uma cat�lica e outra protestante –, um barzinho e um restaurante”, brinca.
Mais de uma d�cada ap�s a mudan�a, a rela��o do profissional de sa�de com a capital parece um tanto desgastada. Belo Horizonte certamente cumpriu as promessas que fez ao matipoense, que diz ser bem-sucedido na carreira. O que ele n�o calculava � que isso teria um custo pessoal que ele julga alto. “A qualidade de vida aqui, para mim, est� deixando a desejar. Atuo em tr�s hospitais e atendo no consult�rio. Por semana, isso equivale a mais ou menos 60 horas de trabalho. Essa din�mica e o tr�nsito me privam de uma s�rie de coisas que gostaria de incorporar ao meu cotidiano, como almo�ar em casa, me deslocar a p�”, pondera o m�dico.
Albert diz que j� teve vontade de voltar a morar no interior, mas n�o o fez por causa da esposa, a quem a ideia n�o agrada. “As cidades interioranas, hoje, est�o mais estruturadas e permitem maior liberdade. As pessoas conseguem manter um bom padr�o de vida trabalhando menos, vivem de maneira mais saud�vel”, argumenta.
O neurologista diz que escolheu seus candidatos para a elei��o deste domingo pensando em tr�s principais demandas: mobilidade urbana, economia e seguran�a. “Apesar de um pouco desanimado com a cidade e, principalmente com a pol�tica, insisto. Espero que minhas escolhas contribuam para melhorar BH.”
“Falta educa��o”
Moradora de Belo Horizonte desde 2008, a pedagoga Cristiane Freitas Bicalho, de 36 anos, � esposa do m�dico Albert. Natural de Rio Casca, na Zona da Mata mineira, ela corrobora os versos da m�sica de C�sar Menotti & Fabiano e n�o abre m�o de BH.
O apre�o pela cidade, no entanto, veio com o tempo. “Logo de cara, n�o gostei nada de BH. Uma vez, vim aqui encontrar uma amiga na Faculdade de Engenharia da UFMG, que ainda funcionava na Avenida do Contorno. Fiquei com muito medo de circular por ali”, relembra.
Ela relata que s� mudou sua percep��o depois que se mudou para a capital e passou a morar na Regi�o da Pampulha. “Vim para c� fazer mestrado. A Pampulha, mais tranquila, fez com que eu fosse me adaptando. At� que acabei conquistada por BH.”
Entre os fatores que motivam sua perman�ncia na metr�pole, ela cita a efervesc�ncia cultural, as oportunidades profissionais e as possibilidades de entretenimento. “Sair da monotonia do interior � algo que me motiva a ficar por aqui”, ressalta.
A pedagoga, por�m, critica aspectos como as condi��es do transporte p�blico e, principalmente, a educa��o. “Dentro da educa��o, uma das pautas seria esta: um olhar para o ensino fundamental e a educa��o integral”, aponta.
“�ramos mais livres”
H� 20 anos em BH, Iuri Lara continua fascinado pelos parques da
cidade e f� de seus eventos. Na lista de pedidos, mais seguran�a
Faz 20 anos que o araxaense Iuri Lara, de 49 anos, chegou a Belo Horizonte. Ainda hoje, ele se diz fascinado pelos parques da capital mineira. “Gosto muito das �reas verdes. Os parques como o Ecol�gico, Mangabeiras e o municipal (Am�rico Renn� Giannetti) s�o �reas muito agrad�veis, de divers�o gratuita. A parte cultural aqui tamb�m � fant�stica. Temos carnaval, Virada Cultural, campanhas de populariza��o do teatro. Tudo isso me atrai muito aqui”, avalia.
Ap�s as elei��es, o engenheiro civil diz que pretende cobrar dos candidatos que escolheu a��es voltadas para o problema que mais o incomoda: a inseguran�a. “Belo Horizonte est� muito insegura, principalmente nos bairros. H� 20 anos, quando cheguei aqui, sinto que �ramos mais livres. Pod�amos ficar na rua at� mais tarde e voltar para casa com seguran�a. Essa tranquilidade foi perdida ao longo do tempo”, analisa.
A transfer�ncia do t�tulo de eleitor de Arax� para a capital foi feita logo que Iuri chegou aqui. “Criei ra�zes por aqui e estou animado com a vota��o. � a oportunidade que temos de mudar as coisas".
“Aqui, vou viver o resto da minha vida”
O radialista Kaiser Alves criou ra�zes na metr�pole, que considera "aconchegante". Para ele, transporte p�blico � ponto negativo
Nascido em Arax�, no Alto Parana�ba, o radialista Kaiser Henrique Alves, de 51 anos, mora em BH h� cerca de tr�s d�cadas. “O que mais me prende aqui s�o as ra�zes que criei, a presen�a da minha fam�lia, al�m dos amigos que fiz. J� morei em outros lugares do Brasil e n�o pretendo me mudar mais. Vou passar o resto da minha vida em BH”, relata o comunicador.
Na vis�o do eleitor, o principal qualidade da capital � a hospitalidade da popula��o. “A gente vive em um mundo em que as pessoas, no geral, n�o se cumprimentam mais. Mas BH � diferente, mais aconchegante. Tem aquela pitada de ‘ro�a’, faz as pessoas se sentirem acolhidas”, elogia.
A cidade, no entanto, parece ter decepcionado o araxaense em alguns pontos. Ele cita o aumento da criminalidade, crescimento desordenado e os alagamentos na �poca das chuvas como os problemas que mais o incomodam. Kaiser tamb�m afirma estar insatisfeito com os efeitos da pandemia e solu��es para o problema. “A din�mica do com�rcio e do transporte p�blico nos �ltimos meses deixou muito a desejar”, opina o araxaense.
Acompanhe ao vivo a apura��o das urnas neste domingo (15), a partir das 17h, pelo uai.com.br e em.com.br.
Primeiro turno de vota��o nas elei��es 2020 ser� em 15 novembro. Confira nosso guia
Elei��es 2020: como votar, datas e hor�rios
O primeiro turno das elei��es 2020 ser� em 15 de novembro e, caso seja necess�rio no seu munic�pio, o segundo turno ser� realizado em 29 de novembro de 2020. Nestas elei��es, o hor�rio de vota��o � das 7h �s 17h. O hor�rio entre 7h e 10h � preferencial para maiores de 60 anos.
Muitas mudan�as foram feitas pela Justi�a Eleitoral para os candidatos a prefeito e vereador durante o per�odo eleitoral de 2020. Al�m disso, os eleitores tamb�m ter�o de se adaptar �s novas normas para os dias de vota��o, como a abertura antecipada das se��es eleitorais e as regras de higiene que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Como justificar o voto nas elei��es 2020?
Os eleitores poder�o optar por justificar o voto de tr�s formas:
No dia das elei��es: o eleitor que estiver fora de sua cidade pode justificar a aus�ncia em qualquer local de vota��o, das 7h �s 17h. O eleitor dever� ter o n�mero do t�tulo, um documento oficial de identifica��o e o formul�rio de justificativa preenchido.
Depois das elei��es: preenchendo o formul�rio de justificativa em qualquer cart�rio eleitoral ou posto de atendimento ao eleitor em at� 60 dias ap�s a vota��o.