
A intensifica��o das investiga��es no ano passado levou � pris�o, em junho, do ex-motorista Fabr�cio Queiroz, escondido em Atibaia, em propriedade de Frederick Wassef, advogado da fam�lia do presidente Jair Bolsonaro.
No in�cio de novembro, o MP-RJ denunciou Fl�vio, sua mulher, Queiroz e outros 14 exassessores do gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro. A den�ncia de 290 p�ginas aguarda an�lise do Tribunal de Justi�a do Rio (TJ-RJ).
Queiroz � apontado como operador do suposto esquema que teria sangrado os cofres da Assembleia Legislativa do Rio por mais de dez anos. Ficaram de fora da pe�a ajuizada pelos promotores pontos-chave da investiga��o. Um deles � o suposto uso de uma loja de chocolates na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, para lavar dinheiro. O ex-deputado e um s�cio, suspeitam os investigadores, praticariam fraudes em uma franquia da Kopenhagen. Usariam a contabilidade do neg�cio para "esquentar" dinheiro supostamente desviado dos sal�rios de funcion�rios nomeados por Fl�vio. Eles n�o trabalhariam e repassariam parte dos vencimentos a Queiroz. A defesa de Fl�vio sempre negou as acusa��es.
"Al�m dos componentes e estrutura ora descritos (na den�ncia), ressalva-se a continuidade das investiga��es para apurar outros poss�veis integrantes e/ou n�cleos da organiza��o criminosa, em especial a possibilidade da exist�ncia de eventual n�cleo financeiro destinado, precipuamente, a lavar dinheiro por interm�dio de ‘laranjas’ e empresas como a Bolsotini Chocolates e Caf� Ltda", assinala o MP na pe�a enviada ao �rg�o Especial do TJ-RJ.
Outro n�cleo citado ao longo das apura��es e que ficou de fora da den�ncia est� a quase 200 quil�metros do centro do Rio, no munic�pio de Resende. Vivem ali, no sul fluminense, dez parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente da Rep�blica. Nomeados por anos no gabinete de Fl�vio na Alerj, eles moravam naquela cidade. Como mostrou o MP, chegaram a sacar em dinheiro mais de 90% do que receberam de sal�rios do Legislativo. A pr�tica refor�a os ind�cios de que haveria o esquema de "rachadinha".
A pr�tica configuraria peculato, o nome oficial dado para o desvio de dinheiro p�blico feito por servidor.
Miliciano
Na den�ncia, portanto, foram priorizados alguns dos supostos n�cleos da quadrilha esmiu�ados nos �ltimos dois anos. Um deles � o de pessoas ligadas a Queiroz - como sua mulher filhas e vizinhos - e ao miliciano Adriano Magalh�es da N�brega. Ele foi morto em fevereiro de 2020 pela PM da Bahia e teve m�e e ex-mulher empregadas no gabinete de Fl�vio por anos. Tamb�m entraram na pe�a as transa��es imobili�rias do senador, uma das principais formas de lavagem de dinheiro detalhadas pela Promotoria. Em 2021, os n�cleos que ficaram de fora da primeira etapa de den�ncia dever�o vir � tona, como indicou o pr�prio MP.
Enquanto essas novas etapas n�o despontam, Fl�vio tamb�m vive a expectativa de virar r�u. A den�ncia por peculato, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa est� no �rg�o Especial do TJ-RJ - a c�pula do Judici�rio fluminense. Os empecilhos residem muito mais em quest�es de direito alegadas pela defesa do senador do que no m�rito das acusa��es. Uma ex-assessora, Luiza Souza Paes, j� confessou ao MP a exist�ncia do esquema no gabinete do ent�o deputado.
Carlos � suspeito de ter assessores ‘fantasmas’
Como os parlamentares da fam�lia Bolsonaro sempre mantiveram o h�bito de trocar assessores entre si, a investiga��o que envolve Fl�vio poder� se encontrar com as apura��es sobre suspeitas semelhantes sobre seu irm�o Carlos Bolsonaro.
Na apura��o contra o vereador do Rio, segundo filho do presidente Jair Bolsonaro, que ainda n�o avan�ou tanto quanto a do senador, h� v�rios ex-funcion�rios investigados no processo que apura as "rachadinhas" na Assembleia. � o caso dos parentes de Ana Cristina Siqueira Valle. Ela pr�pria tamb�m est� sob investiga��o, j� que trabalhou para o ent�o enteado, no gabinete da C�mara Municipal da capital fluminense.
Por enquanto, o que se sabe sobre as investiga��es que t�m o gabinete do vereador como foco, iniciadas no meio de 2019, ainda se concentra na possibilidade de peculato por meio de funcion�rios "fantasmas". Foi assim que, um ano antes, come�ou o caso de Fl�vio, que logo avan�ou para outros aspectos que levaram � suspeita de lavagem de dinheiro.
Como o Estad�o revelou em setembro, o vereador tamb�m fez, durante sua vida p�blica, transa��es imobili�rias incomuns. Aos 20 anos, em 2003, pagou R$ 150 mil em dinheiro vivo por um im�vel na Tijuca, zona norte do Rio. Seis anos depois, desembolsou um valor 70% abaixo do avaliado pela prefeitura - com base nos pre�os de mercado - na aquisi��o de um apartamento em Copacabana, na zona sul.
As duas pr�ticas - o uso de dinheiro em esp�cie e a compra por pre�os inferiores ao avaliado para calcular o imposto - costumam despertar suspeitas em investigadores que atuam na �rea de lavagem de dinheiro. S�o, inclusive, pontos presentes na investiga��o contra Fl�vio.
Os dois irm�os sempre negam as acusa��es e alegam persegui��o pol�tica. Os demais envolvidos n�o se manifestaram.
No dia 31, ao fazer uma live, o presidente Bolsonaro colocou em d�vida a imparcialidade do Minist�rio P�blico do Rio e questionou o que o �rg�o faria se o filho de um promotor fosse investigado por tr�fico de drogas.
No in�cio do m�s, o governador em exerc�cio do Rio, Cl�udio Castro (PSC), ter� de escolher o novo chefe do MP. Aliado da fam�lia Bolsonaro e dependente dela para ter for�a pol�tica, ele vai indicar um dos tr�s eleitos para a lista tr�plice da Procuradoria - nenhum deles abertamente bolsonarista. Pol�ticos fluminenses acreditam que o cl� Bolsonaro ser� ouvido antes da escolha.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.