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Estado de Minas LIVRO

Manaus: Mandetta alertou Bolsonaro em mar�o para mortes por desassist�ncia

Em livro, ex-ministro da Sa�de relata que mostrou ao presidente cen�rio de 180 mil mortes, e que Manaus preocupava por ter 'sistema de sa�de limitado'


14/01/2021 17:35 - atualizado 14/01/2021 18:39

No livro Um paciente chamado Brasil, Luiz Henrique Mandetta relata seus dias como ministro da Saúde(foto: Agência Brasil/Reprodução Obejtiva/Reprodução)
No livro Um paciente chamado Brasil, Luiz Henrique Mandetta relata seus dias como ministro da Sa�de (foto: Ag�ncia Brasil/Reprodu��o Obejtiva/Reprodu��o)
O ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta j� havia alertado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em mar�o de 2020, para mortes por desassist�ncia em Manaus. O m�dico relata no livro Um paciente chamado Brasil que mostrou ao presidente e aos ministros Braga Netto, da Casa Civil e S�rgio Moro, na �poca ministro da Justi�a, um cen�rio de 180 mil mortes pela COVID-19. Segundo Mandetta, Manaus preocupava por ter um "sistema de sa�de limitado".

De acordo com o ex-ministro, seu canal de contato com a presid�ncia sempre foi o Minist�rio da Casa Civil. Isso porque, no in�cio, o titular da pasta era Onyx Lorenzoni, seu colega de partido (Democratas). Depois, sua proximidade com o general Walter Braga Netto facilitou a comunica��o com Bolsonaro. 

Mandetta relata que no in�cio da pandemia, Bolsonaro n�o ouvia t�cnicos e era assessorado pelos irm�os Abraham e Arthur Weintraub e pelos filhos, principalmente pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Ele inclusive cita que o termo “gabinete do �dio” n�o era utilizado no Planalto, mas fazia refer�ncia a Carlos e seus conselheiros.

Segundo Mandetta, ao ver os n�meros e proje��es da pandemia, ele precisou se comunicar com Bolsonaro. "Estava muito claro que qualquer conversa um pouco mais s�ria n�o tinha espa�o para prosperar, mas eu precisava compartilhar com o presidente os estudos que eu tinha em m�os”, escreve.

Por isso, o m�dico pediu um favor para Braga Netto. Mas, para isso, Mandetta precisou fazer uma apresenta��o primeiro para o ministro e para S�rgio Moro.

“Fizemos uma apresenta��o sobre os tr�s cen�rios poss�veis, com mostras da situa��o estado por estado, o n�mero de vagas que seria necess�rio abrir, o impacto financeiro, o perigo das mortes por desassist�ncia. J� est�vamos ali preocupados com Manaus, por exemplo, que tem um sistema de sa�de limitado”, relatou.

A apresenta��o desses n�meros foi feita pela TV na sala de reuni�o da Casa Civil. “O Braga Netto assistiu a tudo com cara de espanto”, conta Mandetta no livro. 

Ainda segundo Mandetta, Moro e Braga Netto entenderam a gravidade da situa��o. Ele ainda diz que Moro comparou as mortes com a queda de quatro boeings por dia. 
 
“Se Bolsonaro estava alheio � gravidade da pandemia, Sergio Moro e Braga Netto foram os primeiros a entender o tamanho do problema.”
 
Depois de mostrar os n�meros para os ministros, o m�dico conseguiu marcar uma reuni�o com o presidente.  

O negacionismo de Bolsonaro

Mandetta cita que na �poca, mar�o de 2020, o discurso do ex-ministro da Cidadania Osmar Terra j� repercutia pela imprensa. O tamb�m m�dico dizia que sabia como o v�rus se comportava e que em pa�ses com clima tropical, como o Brasil, os impactos seriam muito menores do que na Europa, que j� sofria com as mortes.

Para o ex-ministro, “esse discurso de Osmar Terra era tudo que o presidente Jair Bolsonaro queria ouvir”.

Ao chegar � reuni�o com Bolsonaro, Mandetta relata que encontrou o presidente “muito irritado”. Segundo o m�dico, a irrita��o aconteceu porque o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), tomava conta dos notici�rios por tomar medidas restritivas.

“Para Bolsonaro, a paralisa��o das atividades econ�micas era um golpe dos governadores para inviabilizar seu governo e causar uma convuls�o social”, explica.

“A avalia��o de Bolsonaro - sempre desprezando a gravidade da doen�a - era de que sem a atividade econ�mica ele perderia controle de qualquer tipo de condu��o do processo pol�tico do pa�s.”

Segundo Mandetta, todos os ministros foram para a reuni�o, com exce��o de S�rgio Moro. Ele ainda cita que o general Heleno, que na �poca estava com COVID-19, tamb�m compareceu.

“Usei isso para dizer que ningu�m estava compreendendo a gravidade da situa��o. A pr�pria presen�a do general Heleno significava que a seguran�a de todos ali estava comprometida”, relata.

Depois da apresenta��o, que durou cerca de uma hora, com todos n�meros e estrat�gias para o combate, Bolsonaro n�o se mostrou “nem um pouco convencido”. “Ali, ele assumiu a nega��o absoluta”, contou.

Mandetta relata que suplicou para o presidente entender a gravidade da situa��o mas Bolsonaro seguiu na postura negacionista.

Ele ainda fala que o presidente fez uma piada. “Ele me perguntou se eu iria elogiar Jo�o Doria”, conta. “Respondi que tinha que apoi�-lo sim”, relata.

“Foi assim que acabou a reuni�o. Um esfor�o tremendo, com a unanimidade dos ministros dizendo que ele n�o deveria ir por aquele caminho da nega��o, que daquele jeito ele ficaria isolado, mas ele encerrou a reuni�o do mesmo jeito que entrou nela. Fui o primeiro a sair, todos os outros ministros ficaram. Eu me levantei e disse: ‘O que eu tinha para falar, falei. Se quiserem fazer as considera��es de voc�s, ficar�o at� mais � vontade com o presidente.’”
 
 

 
O 'terror' de Manaus 

 
 
Agora, a capital do estado do Amazonas volta ter dias de terror. Entre 1º e 11 de janeiro, foram registradas 1.979 novas interna��es pelo novo coronav�rus, contra 2.128 em abril de 2020 – pior m�s desde a chegada da pandemia.
 
Os enterros de v�timas da COVID-19 tamb�m batem recordes: nos primeiros 10 dias de 2021 foram registrados 379, mais do que os 348 de maio. 
 
At� quarta-feira (13/01), mais de 5,8 mil morreram por COVID-19 no estado. 
 


Falta de oxig�nio


Segundo profissionais que atuam no atendimento de pacientes de COVID-19, h� hospitais sem oxig�nio em Manaus, o que teria causado a morte de diversos pacientes. 

Pelas redes sociais, brasileiros pedem socorro. A frase “oxig�nio para Manaus” e a palavra “Manaus” est�o entre os assuntos mais comentados. 

Lockdown

Na tarde desta quinta-feira (14/01), o governador Wilson Lima anunciou um decreto que pro�be a circula��o de pessoas em Manaus entre 19h e 6h. 

Todas as atividades, exceto servi�os essenciais, tamb�m est�o proibidas. 
 
*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Kelen Cristina


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