
As elei��es para as presid�ncias e principais cargos de comando no Congresso sempre agitam o cen�rio pol�tico em Bras�lia e acirram os �nimos nos Tr�s Poderes. No entanto, neste ano, a corrida est� ainda mais acalorada, com o envolvimento direto do Pal�cio do Planalto – algo que n�o ocorria de maneira t�o evidente nas disputas anteriores. Na C�mara, a interfer�ncia do Executivo est� fazendo efeito e coloca Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, em vantagem para assumir a Presid�ncia da Casa.
No Senado, quatro parlamentares est�o na disputa, com Rodrigo Pacheco (DEM-MG), apoiado pelo governo e considerado favorito, e Simone Tebet (MDB-MS) na oposi��o.
Na C�mara, a briga maior, na reta final da campanha, � pelos votos do Democratas, que tem 30 deputados e peso decisivo na disputa. Uma ala majorit�ria do partido tende a apoiar Lira, mas o entrave est� na influ�ncia do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM- RJ). Ele se articula para angariar votos para Rossi e mostrar que ainda tem for�a n�o s� entre os colegas de partido, mas tamb�m junto a integrantes de outras agremia��es.
Mesmo ap�s deixar a presid�ncia, Maia, que foi impedido de concorrer � reelei��o por uma decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF), promete continuar como forte articulador nos bastidores, sempre atuando em oposi��o aos interesses do Planalto. No apoio a Lira, Bolsonaro, por sua vez, n�o tem mostrado constrangimento em recorrer �s pr�ticas da “velha pol�tica”, que, durante a campanha eleitoral, havia prometido sepultar. Nos �ltimos dias, o Executivo tem distribu�do polpudas verbas para obras nos estados e prometido cargos no governo para conquistar espa�o entre os deputados.
A elei��o, al�m de decisiva para definir a agenda do parlamento, tamb�m est� no centro das aten��es do mercado financeiro, do Executivo e da c�pula do Judici�rio, tendo em vista que � cada vez mais comum que assuntos do Legislativo atravessem a rua e parem nos gabinetes dos ministros do Supremo. A elei��o ser� presencial, mesmo em meio � pandemia de COVID-19, com ado��o de medidas sanit�rias. A presen�a dos parlamentares no Congresso para que o voto seja computado recebeu a chancela do STF, ap�s a Corte negar um recurso de partidos de oposi��o para validar a vota��o pela internet. A campanha se estender� at� minutos antes da elei��o, e votos podem ser virados a qualquer momento.
Economia e costumes Al�m dos candidatos Arthur Lira e Baleia Rossi, tamb�m est�o na disputa Luiza Erundina (Psol-SP), que acaba por atrair votos da esquerda, Marcel Van Hattem (Novo-RS), F�bio Ramalho (MDB-MG), Alexandre Frota (PSDB-SP), Andr� Janones (Avante-MG) e General Peternelli (PSL-SP). O cientista pol�tico Ricardo Caichiolo, do Ibmec-DF, afirma que, independentemente de quem vencer na C�mara, o foco ser� mantido na agenda econ�mica.
“Na pr�tica, n�o haver� grande diferen�a, seja com Lira, seja com Rossi � frente da C�mara dos Deputados. Ambos os candidatos favoritos dar�o andamento a uma pauta essencialmente voltada �s quest�es econ�micas. H� mat�rias que dever�o ser tratadas pela C�mara, independentemente de qual candidato sair vitorioso, tais como as reformas tribut�ria e administrativa, a PEC emergencial, a PEC dos fundos, a do pacto federativo, a independ�ncia do Banco Central, entre outras.”
No entanto, Caichiolo destaca que a vit�ria de Arthur Lira deve abrir espa�o para o avan�o de temas ideol�gicos de interesse do Executivo. “Uma diferen�a entre Lira e Rossi se refere � pauta de costumes. Caso Lira se torne o novo presidente da C�mara, tais tem�ticas ser�o pautadas, conforme j� foi por ele sinalizado. Com Lira, o governo realmente ter� mais influ�ncia no Parlamento, pois haver� o compartilhamento do poder de definir a agenda do Presidente da C�mara com o chefe do Executivo”, completa.
Senado na mira do Pal�cio
Da mesma forma que deputados saem em campanha pelos seus preferidos, no Senado, a disputa tamb�m se divide entre o candidato do governo, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), considerado favorito, e a opositora, Simone Tebet (MDB-MS). Depois de perder o MDB, seu pr�prio partido na lista das siglas aliadas, Simone decidiu manter candidatura avulsa. A decis�o do MDB foi anunciada pelo l�der da legenda, o senador Eduardo Braga (AM), ap�s negocia��es com o atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O acordo envolve a distribui��o de cargos na pr�xima legislatura.
“Respeito os senadores do MDB e entendo o posicionamento deles, da mesma forma que acredito que eles entendam, agora, o meu gesto de n�o poder recuar. N�o sou candidata de mim mesma; sou candidata de uma convic��o minha, de princ�pios �ticos. Na minha vida, tenho como premissa que princ�pios n�o t�m curva, apenas uma reta,” disse Simone Tebet. Ela defende o retorno do aux�lio emergencial, de acordo com o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e foco no combate � pandemia.
Al�m de Tebet e Pacheco, disputam � presid�ncia do Senado os parlamentares Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Major Olimpio (PSL-SP). A elei��o come�a �s 14 horas de segunda-feira e come�a com a escolha do presidente, que, sem seguida, marcar� uma reuni�o para a vota��o dos demais integrantes da Mesa. (Colaborou Luiz Calcagno)