
Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, ele demonstra temor com gestos vindos do presidente. “Ele � uma pessoa muito inst�vel, psicologicamente falando, e perigosa”, diz. Leia �ntegra da conversa ao fim deste texto.
Nesta quinta-feira (25/02), Haddad se re�ne com Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte. Ele admite a necessidade de dialogar com os que se op�em �s pautas bolsonaristas e evita projetar os cen�rios para 2022, mas ressalta que os petistas t�m quadros para assumir a lideran�a de chapas presidenciais e estaduais.
O presidenci�vel diz que h� nomes para disputar o governo mineiro no pr�ximo ano, mas n�o descarta alian�as. O PDT, de Ciro Gomes, j� se mostrou disposto a apoiar uma coaliz�o encabe�ada por Kalil. Para a formaliza��o de coliga��es, os petistas desejam alinhamento de ideias.
“N�o fazemos an�lise de popularidade. Fazemos an�lise de compromisso social. N�o sei quais s�o os compromissos que aqueles que est�o se colocando v�o fazer em nome de um Brasil mais justo”, diz o ex-ministro da Educa��o. “Se n�o conversarmos entre n�s, relevando as diferen�as para colocar em primeiro lugar o interesse nacional, n�o vamos ter pa�s para governar em 2022”, defende.
Em Minas Gerais, o PT vem de tr�s fortes baques: em 2018, Fernando Pimentel parou no primeiro turno e n�o conseguiu ser reeleito governador, enquanto Dilma Rousseff, ao contr�rio do que indicavam todas as pesquisas, perdeu a vaga no Senado Federal. No ano passado, Nilm�rio Miranda, outro hist�rico quadro do partido, amargou a sexta coloca��o na elei��o belo-horizontina, com apenas 1,88% dos votos v�lidos. Apesar dos trope�os, Haddad cr� em tempos melhores.
Ao sair em defesa de Pimentel, o ex-prefeito de S�o Paulo recorre a t�picos como a contesta��o do resultado da elei��o de 2014 por parte de A�cio Neves (PSDB). “Ele foi v�tima dessa sabotagem e foi muito dif�cil a vida dele, inclusive pela heran�a que recebeu do (Antonio) Anastasia. N�o foi f�cil a vida dele, mas foi um grande prefeito e � a mesma pessoa. Estamos falando da mesma pessoa”.
Para o pleito presidencial, o plano � pensar, de antem�o, em eventual segundo turno, para contrapor a agenda bolsonarista. A ideia � que o primeiro turno gire em torno de discuss�es sobre os problemas da atual gest�o. “O governo Bolsonaro representa um risco � democracia, � sa�de p�blica, � educa��o de crian�as e jovens, ao meio ambiente e um isolamento internacional do Brasil, que j� n�o t�m mais parceiros no exterior. Ele conseguiu s� fazer advers�rios no mundo inteiro”, opina.
Haddad se esquiva sobre uma poss�vel participa��o de Lula na pr�xima disputa pelo Executivo nacional. Embora esteja em liberdade, o l�der do PT ainda � considerado ineleg�vel. Ministro durante grande parte era lulista, ele garante que todas as inst�ncias ser�o utilizadas para provar a inoc�ncia do ex-presidente. “Temos que despolitizar a Justi�a, defender a Justi�a para todo e qualquer cidad�o, independentemente de concordar com ele ou n�o”, sustenta. Confira a seguir, trechos da entrevista.
Como surgiu a ideia de se reunir com o prefeito Alexandre Kalil? De quem foi a iniciativa?
O que estamos procurando fazer � divulgar o plano de reconstru��o nacional que tem um conjunto de ideias que queremos submeter a pessoas que, na nossa opini�o, tem uma contribui��o para o pa�s em resposta ao que Bolsonaro est� fazendo. Acho muito grave o que o Bolsonaro est� fazendo, esta semana mesmo n�s podemos estar diante de uma trag�dia, que � a aprova��o de uma emenda constitucional preparada pelo (Paulo) Guedes.
Simplesmente acaba com os direitos sociais, subordina os direitos sociais a uma cl�usula nova na constitui��o e, na pr�tica, retira recursos da sa�de, da educa��o, da assist�ncia, da cultura e da ci�ncia. Praticamente acaba com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), porque acaba com o financiamento do maior banco de fomento da hist�ria do Brasil.
O BNDES est� na raiz das grandes empresas e das pequenas, que se tornaram m�dias. Toda empresa que cresceu no Brasil teve, de alguma maneira, apoio do BNDES. E ele simplesmente corta o canal de comunica��o do governo com o BNDES e asfixia o banco. Estamos diante de uma situa��o em que vamos ver a privatiza��o selvagem das empresas pela metade do pre�o, como aconteceu com a refinaria da Bahia (da Petrobras), j� sob investiga��o do Tribunal de Contas da Uni�o.
� uma situa��o muito grave. Bolsonaro est� vindo para cima do que garante a Constitui��o de 1988: o bem-estar da popula��o. Se n�o conversarmos entre n�s, relevando as diferen�as para colocar em primeiro lugar o interesse nacional, n�o vamos ter pa�s para governar em 2022. Porque o desmonte � muito grande.
Onde quer que eu v�, e estou come�ando por Minas, vou conversar, obviamente, que com os petistas, com o campo progressista — que s�o os partidos historicamente caminharam juntos at� aqui — mas tamb�m tenho que conversar com quem pensa um pouco diferente de mim, mas discorda do que o Bolsonaro est� fazendo. O objetivo � conversar com os pr�ximos e com os n�o t�o pr�ximos, mas que discordam do governo Bolsonaro.
Nesta semana, a O Globo, Kalil disse ser avesso a quem rouba Petrobras e a quem n�o quer vacina no Brasil. O senhor endossa essa fala dele?
Todos n�s concordamos. Quem rouba n�o pode nem fazer parte da pol�tica, desde que voc� nomeie a pessoa. Porque todos os partidos pol�ticos enfrentaram investiga��es, que s�o corretas, e algumas pessoas foram perseguidas indevidamente por aqueles que tinham um projeto pol�tico de chegar ao poder.
Desde que se fa�a a distin��o — e isso vale para o para PSD, PT, PSDB, e todos os outros. Todo mundo do PSD, por exemplo, que cometeu irregularidades, tenho certeza que o Kalil tamb�m n�o concorda, assim como eu n�o concordo com irregularidades de qualquer natureza. Pode ser do meu partido, da minha fam�lia, da minha igreja, do meu time de futebol.
N�o � por proximidade e amizade que vou deixar de defender a aplica��o da lei. Pode ser meu filho, meu sobrinho ou quem for: lei � para ser cumprida. Mas temos de ter coragem de apontar para as pessoas que cometeram equ�vocos, indistintamente. Infelizmente, tamb�m no PSD, no PT, no PSDB, no MDB e na fam�lia Bolsonaro, que est� cheia de complica��es grav�ssimas.
Um patrim�nio imobili�rio acumulado ao longo de 20 anos completamente incompat�vel com sal�rio de deputado, dinheiro em mil�cia depositado na conta de parentes. Isso tudo tem que ser investigado.
Nosso maior drama hoje � a vacina��o. O atraso do governo em buscar solu��o para a pandemia, combatendo a m�scara, isolamento social, o distanciamento, fazendo pouco da vacina, dizendo que n�o era solu��o para o problema e agora tendo que correr atr�s do preju�zo depois de 250 mil �bitos. Esse � um grande problema do Brasil. Estou de acordo se a gente tiver coragem de falar a verdade para o povo. Falando a verdade, a gente vai construir um pa�s melhor.
O senhor vislumbra o PT liderando chapa em 2022 para o governo de Minas? Uma coaliz�o com Kalil pode ocorrer?
Temos muito tempo pela frente. Penso que o PT tem condi��o de lan�ar candidato pr�prio. J� teve v�rios candidatos no Brasil inteiro, gere quatro estados com governadores excepcionais, tem quadros em Minas Gerais e no Brasil.
Vamos analisar, caso a caso, os estados em que temos condi��o de liderar chapa, e onde, dependendo dos compromissos firmados pelos que pretendem nosso apoio, podemos compor. Vai ser uma an�lise criteriosa, que depender� muito mais de compromissos assumidos pelos que pretendem nosso apoio do que propriamente pela popularidade.
N�o fazemos an�lise de popularidade; fazemos an�lise de compromisso social. N�o sei quais s�o os compromissos que aqueles que est�o se colocando (na disputa) v�o fazer em nome de um Brasil mais justo.
Mas � cedo, ent�o, para pensar em apoio a Kalil?
Tudo depende dos compromissos. Primeiro: a viabilidade de um candidato do PT. Segundo: se n�s formos apoiar algu�m, e j� apoiamos v�rias pessoas em 2020, como o prefeito de Bel�m, Edmilson (Rodrigues) e Manuela (D’�vila), em Porto Alegre.
Tentamos apoiar o (Marcelo) Freixo no Rio de Janeiro, mas n�o foi poss�vel fazer uma frente. Apoiamos no segundo turno v�rios candidatos que n�o eram nem de esquerda para evitar um mal maior, como era o caso do Rio, em que derrotamos o (Marcelo) Crivella. Trabalhamos para oferecer ao pa�s melhores condi��es de governabilidade. Isso dependeu de compromissos; n�o adianta falar de nomes sem falar no que a pessoa vai defender.
Isso � o que precisamos entender primeiro. Porque �s vezes a pessoa � at� simp�tica, mas se ela n�o tem um posicionamento pol�tico, a simpatia n�o vai encher a barriga do brasileiro. Queremos saber de que lado a pessoa est�, antes de mais nada.
O PT vai liderar uma chapa na elei��o presidencial de 2022? Suas viagens pelo pa�s, iniciadas por Minas, s�o um prel�dio disso?
Essa � uma elei��o diferente, em que temos de colocar o segundo turno na ordem do dia. Em geral, no Brasil, se deixava para pensar o segundo turno depois do primeiro. E hoje n�o d� para ser assim. As amea�as que pairam sobre o Brasil s�o muito s�rias, o governo Bolsonaro representa um risco � democracia, � sa�de p�blica, � educa��o de crian�as e jovens, ao meio ambiente e um isolamento internacional do Brasil, que j� n�o t�m mais parceiros no exterior.
Ele conseguiu s� fazer advers�rios no mundo inteiro, a come�ar pelos nossos vizinhos, pelos Estados Unidos, pela Europa e pela China. Temos que trabalhar, j�, um segundo turno que coloque em xeque o projeto de desmonte que Bolsonaro representa. Isso tem que estar na ordem das prioridades. O primeiro turno vai se organizar a partir dessa compreens�o, que existe uma amea�a maior no pa�s: o bolsonarismo.
Existe processo para, em 2022, superar o antipetismo por meio de uma disputa com o antibolsonarismo? H� como 'puxar' esse sentimento para o campo progressista?
Um certo antipetismo existe desde a funda��o do PT, e parte da elite financeira. O PT nem era governo e os bancos j� eram antipetistas. isso vai permanecer porque eles n�o querem que o povo chegue aos direitos que est�o na Constitui��o. Fizeram campanha para (Fernando) Collor, Fernando Henrique (Cardoso), Temer, Bolsonaro, e eles v�o querer qualquer coisa que n�o seja o PT.
Agora, existe um antipetismo que foi produto da desinforma��o e da m� f� de alguns �rg�os de comunica��o. Esse, vamos superar, trazendo � luz a verdade do que aconteceu. Isso tende a diminuir, e penso que o antibolsonarismo � muito forte hoje. Existe uma camada enorme da popula��o brasileira que n�o aceita os termos que o Bolsonaro coloca ao pa�s, essa guerra que ele est� querendo deflagrar.
Est� preparando at� uma guerra civil, dependendo do resultado eleitoral de 2022. Est� armando as mil�cias do pa�s, como aconteceu na Bol�via. A bandidagem est� comprando armas gra�as aos decretos de libera��o de armas do Bolsonaro. Ele � uma pessoa muito inst�vel, psicologicamente falando, e perigosa.
Duas figuras de renome no PT mineiro, Fernando Pimentel e Nilm�rio Miranda sequer foram para o segundo turno em recentes elei��es. Como o senhor enxerga a rejei��o nas urnas em Minas e em BH? E sobre Dilma Rousseff? Ela ainda tem espa�o no jogo pol�tico?
Assim como est� acontecendo com outros fatos, a verdade vai aparecendo lentamente. �s vezes, ela tarda a chegar, mas � inevit�vel. Ningu�m vai conseguir fazer com que a verdade n�o seja restabelecida, porque o tempo vai traz�-la � tona. Vamos, com muita perseveran�a, restabelecer a verdade no pa�s.
Conheci o Fernando (Pimentel) na condi��o de ministro da Educa��o, e ele era um dos prefeitos mais bem avaliados do Brasil, se n�o fosse o mais bem avaliado, tanto � que foi reeleito com vota��o muito expressiva. Transformou Belo Horizonte para melhor. Pegou um tempo muito ruim. Ele foi eleito (governador) em 2014, quando o golpe planejado pelo A�cio (Neves) come�ou, sabotando o pa�s.
Ele foi v�tima dessa sabotagem e foi muito dif�cil a vida dele, inclusive pela heran�a que recebeu do (Antonio) Anastasia. N�o foi f�cil a vida dele, mas foi um grande prefeito e � a mesma pessoa. Estamos falando da mesma pessoa. A verdade tamb�m vai ser restabelecida em toda sua amplitude. Temos que ter perseveran�a.
N�o podemos deixar de trabalhar a opini�o p�blica para que chegue a melhor informa��o sobre o que, de fato, aconteceu no Brasil. Quando a verdade for revelada, essas coisas todas mudam de patamar, para melhor. Pois a verdade sempre ajuda, e ela vai ser restabelecida.
O senhor � candidato? Como em 2018, o PT vai bancar a candidatura de Lula at� o �ltimo momento?
As pessoas, �s vezes, e o jornalismo em particular, fazem essa confus�o entre essas duas coisas que, na minha opini�o, n�o deveriam estar conjugadas dessa maneira, e eu explico. O que estamos defendendo desde que a persegui��o do Moro ao Lula come�ou, e agora com provas, definitivas, de que ele era um l�der da acusa��o e n�o o juiz.
Uma das mensagens que a Pol�cia Federal divulgou � de um procurador dizendo: ‘N�o d� para pegar o Lula com o triplex e com o s�tio, temos que ir para cima da fam�lia dele’. Era uma ca�ada, e n�o um inqu�rito ou um processo. Hoje, isso est� absolutamente claro para todos os juristas do Brasil.
N�o podemos confundir pol�tica com Justi�a. Temos que despolitizar a Justi�a, defender a Justi�a para todo e qualquer cidad�o, independentemente de concordar com ele ou n�o. Isso � uma coisa. A outra coisa � o PT, no seu direito, tendo governado o pa�s por tr�s mandatos consecutivos e entregue um legado extraordin�rio, inclusive na �rea da educa��o, que tive a honra de liderar (...) De repente misturar esta��es e politizar um julgamento que tem que ser absolutamente imparcial n�o pode.
O Ex�rcito n�o pode pressionar a Justi�a. Os meios de comunica��o n�o podem pressionar a Justi�a, assim como n�s n�o podemos pressionar a Justi�a, a n�o ser para fazer justi�a. A �nica press�o cab�vel � que se fa�a justi�a; � para isso que o contribuinte sustenta o Poder Judici�rio. N�o � para fazer pol�tica, � para fazer justi�a. N�o vamos misturar as duas coisas.
E, na defesa de quem n�s consideramos que n�o h� nada, nenhuma prova — contra o presidente Lula — vamos at� o final. � outra quest�o. Se � 2018, 2022 ou se o PT vai ter candidato, quem vai ser, � outra discuss�o, mas n�o vamos misturar as duas coisas, Caso contr�rio, n�o vamos resgatar a dignidade da Justi�a e do Poder Judici�rio no Brasil. Isso vale para todo mundo.
H� v�rios ex-governadores do PSDB, sete, respondendo na Justi�a. Posso torcer para que um deles seja condenado s� por ser advers�rio do PT? Tor�o para que ele pague se errou e seja absolvido se n�o errou. Isso vale para todo mundo. A fam�lia Bolsonaro est� toda enrolada. Na minha opini�o, t�m direito de defesa. Se conseguirem provar que o patrim�nio milion�rio que acumularam tem fonte e origem l�cita, bom proveito.
Se ficar provado que desviaram verba das mil�cias para se apropriar, t�m que ir presos. Vale para todo mundo, n�o � pol�tica isso aqui. Isso � fazer uma pessoa que errou pagar, e uma pessoa inocente ter os seus direitos assegurados, seja de que partido for. N�o vamos mais misturar pol�tica com partido. Isso � ruim para o Brasil.
O senhor perdeu para Bolsonaro em 2018. As viagens pelo Brasil configuram uma corre��o da estrat�gia utilizada no pleito passado?
Tenho uma opini�o diferente sobre 2018. Em condi��es normais, ganhar�amos a elei��o. � que houve quase um compl� para eleger o Bolsonaro, sobretudo do mercado financeiro e daqueles que financiaram as fake news, com dissemina��o de not�cias falsas, absurdas, sobre mim, Manuela e sobre todo mundo. A dissemina��o de not�cias falsas criou um ambiente de grande instabilidade.
Tudo o que a fam�lia Bolsonaro representava e representa, associa��o com crime organizado no Rio de Janeiro, com pessoas no gabinete parentes de assassinos, como caso do Adriano (da N�brega), do (Fabr�cio) Queiroz, que respondem, s�o suspeitos de assasinato e desvio de verba p�blica. Tudo isso foi soterrado, n�o veio � tona, e n�o foi discutido pela sociedade.
Colocamos, talvez, o mais despreparado dos pol�ticos para a Presid�ncia da Rep�blica, que � respons�vel pela maioria das mortes por COVID-19 no Brasil. Lavou as m�os, n�o liderou o pa�s. O cen�rio para 2022 vai ser muito diferente de 2018. Muita gente j� acordou para o fato de que n�o d� para fazer pol�tica baseada no �dio.
Bolsonaro est� fugindo do debate o tempo todo; s� fala do que interessa. Interessa a ele, n�o ao pa�s. Fica falando de cloroquina. Quantas vezes ele pronunciou a palavra cloroquina no �ltimo ano? Voc� j� fez essa conta? Quantas pessoas foram levadas � morte por entender, acharem, que tinha tratamento precoce para COVID-19, por causa do Bolsonaro? Quantas amea�as ele fez �s institui��es do pa�s? Isso que temos que discutir.
Ainda � cedo, mas diversos nomes tidos como centristas ou da centro-direita come�am a despontar, como Moro, Huck, Doria e Mandetta. O que fazer para mostrar � popula��o que, na vis�o do senhor e de seu partido, a melhor alternativa ao governo Bolsonaro est� � esquerda?
Quem defende os direitos sociais � o campo progressista. � quem defende o trabalhador e abriu a porta das universidades para que os pobres, com m�ritos, que antes eram vedados dentro da universidade, entrassem e se tornassem profissionais respeitados.
O primeiro diploma de muitas fam�lias acontece depois dos nossos governos. Quem levou luz, �gua, cr�dito, renda para o interior deste pa�s foi o campo progressista. Parte da direita continua votando com o Bolsonaro no corte de direitos trabalhistas, sociais e previdenci�rios. N�o para de portar, como se isso fosse a salva��o nacional, deixar o pobre mais pobre. Algu�m pode imaginar que essa seja uma solu��o? ‘Olha, vamos pegar os pobres, deix�-los mais pobres, que o pa�s vai enriquecer’. � isso que o Bolsonaro est� dizendo ao pa�s.
Se n�o aumentar o sal�rio m�nimo, se a gente cortar direitos sociais, sucatear o SUS, liquidar a escola p�blica, tirar autonomia das universidades, verba da ci�ncia e da cultura, o Brasil vai enriquecer. Isso pode ser um projeto para o pa�s? Tenho convic��o de que o campo progressista � aquele que vai apresentar o melhor projeto ao pa�s.
Temos que falar com a direita que apoiou Bolsonaro para fazer uma reflex�o. Valeu a pena? Todo o golpe, desde 2014, n�o reconhecer o resultado eleitoral? Essa crise come�a quando o A�cio (Neves) n�o reconhece o resultado eleitoral. Fez exatamente o que o (Donald) Trump fez. Falam do Bolsonaro, mas quem come�ou com essa hist�ria no Brasil foi o A�cio, dizendo que n�o aceitava o resultado eleitoral, acusando a Dilma de uma coisa que ela n�o fez e se isentando de responsabilidades.
Voc� n�o pode colocar o sistema eleitoral brasileiro em xeque. Ele criou instabilidade pol�tica no pa�s e foi fazer alian�a do Eduardo Cunha para aprovar pautas-bomba no Congresso Nacional e levar o (Michel) Temer ao poder. Se a gente n�o passar a hist�ria a limpo, n�o vamos avan�ar.