
Ao Estado de Minas, lideran�as do Parlamento apontam que Zema se precipitou ao tratar do programa um dia antes da aprova��o no Legislativo, nessa sexta-feira (30/04). Em meio aos protestos sobre a “paternidade”, h� queixas de pouco di�logo com o governo.
As principais reclama��es partem do bloco parlamentar independente, formado por 40 dos 77 integrantes da Assembleia. O grupo � composto por deputados fora da oposi��o � gest�o de Zema, mas que tamb�m n�o s�o alinhados ao Pal�cio Tiradentes. Entre os neutros, est�o pol�ticos de DEM, MDB, PSD, Patriota, Cidadania, PDT, PSL, PTB, PV, Republicanos e PRTB.
C�ssio Soares (PSD), l�der da coaliz�o, diz que as conversas com os independentes t�m ficado sob a responsabilidade do ex-deputado Gustavo Corr�a, secret�rio-adjunto de Governo. A pasta, respons�vel por intermediar as tratativas entre os poderes, � chefiada por Igor Eto.
“O di�logo est� aberto, sempre atrav�s da minha lideran�a e do nosso bloco, para tratar de mat�rias importantes. Mas, realmente, existe um v�cuo de di�logo com a articula��o pol�tica do governo”, diz.
Ele afirma que os contatos s�o feitos “esporadicamente”, para tratar assuntos de pequena relev�ncia.
Diversos deputados manifestaram descontentamento com a postura de Zema ante o aux�lio, pensado por causa da pandemia de COVID-19. Originalmente, a ideia era conceder, at� agosto, parcela �nica de R$ 500 �s fam�lias cujos integrantes t�m renda per capita de, no m�ximo, R$ 89. O governador, inclusive, anunciou o aporte financeiro nesses moldes.
Antes de aprovar o projeto, contudo, a Assembleia aumentou a bolsa para R$ 600. O primeiro signat�rio da proposta foi o presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV). A ajuda vai ser viabilizada por meio de recursos vindos do Recome�a Minas, programa para a renegocia��o de d�vidas fiscais de empresas.
Para Andr� Quint�o (PT), l�der da oposi��o, Zema pensou em se cacifar por meio da ideia constru�da pelos deputados. “O governador se precipitou. Houve uma tentativa de capitaliza��o pol�tica atabalhoada. A Assembleia tem colaborado com o governo durante a pandemia e aprovado v�rias legisla��es. N�o tinha sentido pol�tico de o governo, antes mesmo da vota��o conclu�da, desenvolver um processo de apropria��o da proposta”.
“� mais um dos desencontros que o governo produz com a Assembleia. A Assembleia vive tentando ter harmonia e trabalho conjunto, tanto � que o presidente Agostinho Patrus almo�ou com o secret�rio de Governo h� dois dias para tratar do projeto e verificar se o governo estava de acordo com os termos e emendas apresentadas”, sustenta C�ssio Soares.
� “R�dio Itatiaia”, no in�cio da tarde de sexta, Zema se desculpou e sugeriu que o entrevero foi motivado por falhas de comunica��o. “Pode ter havido algum desentendimento ou interpreta��o com rela��o � comunica��o. Mas deixo claro para todos que a iniciativa � da Assembleia. Ficam aqui meus parab�ns a todos os deputados”.
O l�der do governo, Gustavo Valadares (PSDB), tentou colocar “panos quentes” na discuss�o sobre a autoria do projeto. “Prefiro n�o entrar na hist�ria de quem � o pai da crian�a. A hist�ria se constr�i e foi constru�da ao longo desta semana. O idealizador, a hist�ria j� deixou constru�da quem foi, ou idealizadores porque a Assembleia toda assinou. Uma men��o em rede social, puxando um pouco a corda da paternidade da ideia n�o deveria nos trazer maiores preocupa��es”.
A reportagem procurou a assessoria de Igor Eto para repercutir as reclama��es. O secret�rio, por�m, n�o foi encontrado por sua equipe.
Deputados n�o creem em preju�zos futuros
Recentemente, Romeu Zema precisou enfrentar outro mal-estar na rela��o com o Legislativo. Em meados de abril, ao portal “Boletim da Liberdade”, o governador criticou duramente deputados estaduais e insinuou que alguns membros do setor p�blico pensam em ganho pr�prio ao inv�s do bem do estado, dizendo tamb�m que a �rea n�o precisa de “mercen�rios”.
Apesar do novo epis�dio, deputados creem que as situa��es n�o v�o prejudicar a aprova��o de pautas importantes, sobretudo no que tange ao coronav�rus.
“A Assembleia est� muito serena sobre a sua responsabilidade na pandemia. N�o ser�o esses deslizes que v�o comprometer o fundamental, que � votar o que � importante para Minas”, assegura Andr� Quint�o. “N�o vamos criar nenhuma dificuldade em rela��o a coisas importantes do estado”, completa o petista, garantindo que a oposi��o n�o cogita retalia��es.
Posi��o semelhante tem C�ssio Soares, respons�vel por encabe�ar os independentes. “Nosso bloco n�o vai levar em considera��o picuinhas pol�ticas em detrimento de aprecia��o de mat�rias importantes para o governo e para o estado. Vamos saber diferenciar muito bem o que � picuinha pol�tica do que � essencial � popula��o”, sustenta.
“S�o dois anos e meio de governo, praticamente. Temos muito o que fazer ainda — e n�o ficarmos entrando nesse embate p�blico, desnecess�rio e contraproducente”.
Mais cr�ticas
Ainda nessa sexta-feira, durante a sess�o que referendou o pagamento dos R$ 600, Zema precisou enfrentar enxurrada de cr�ticas. Ulysses Gomes, do PT, amea�ou ingressar com a��o judicial e se referiu ao governador como “Zen�quio” e “Zemoleza”.Antes da vota��o, mas pelo Twitter, Agostinho Patrus tamb�m protestou. “Governador Zema, se apropriar indevidamente de uma iniciativa sem consentimento do propriet�rio � crime previsto no C�digo Penal. Na vida, dar cr�dito pelas ideias � importante. Na vida p�blica, dar cr�dito � imprescind�vel, porque desafios s� s�o superados quando somamos for�as”.