
Um dos integrantes da linha de frente de defesa do governo na Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da COVID-19, o senador Marcos Rog�rio (DEM-RO) acredita que o ex-ministro da Sa�de Eduardo Pazuello n�o deve ficar calado durante depoimento na pr�xima quarta-feira (19/5). O general obteve o direito ao sil�ncio em habeas corpus (HC) impetrado pela Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Eu acho que a tend�ncia � que ele fale abertamente e enfrente todos os pontos, n�o vejo porque ele n�o falar. N�o acho que tenha nenhuma acusa��o contra ele ou contra a gest�o dele que represente algum impedimento para ele falar. A verdade � a melhor defesa", disse. O depoimento do Pazuello � visto como um dos mais importantes da CPI e um dos mais temidos pelo governo.
A possibilidade de o ex-ministro Pazuello se silenciar vai trazer preju�zos � CPI?
Eu n�o ouvi, por parte do governo, nada em rela��o a isso, e por parte dele, tamb�m n�o. At� agora, n�o vi nenhuma declara��o dele dizendo que vai ter isso. A quest�o do habeas corpus acabou sendo uma busca necess�ria em raz�o da maneira que o relator (Renan Calheiros) vem conduzindo a tomada de depoimento. O HC protege contra excessos e abusos. Mas n�o significa um impeditivo ao depoimento.
Eu acho que o ministro vai ter a liberdade para falar sobre todos os fatos relacionados � sua gest�o. Resta saber se o depoimento vai ser como testemunha ou como investigado. Se o depoimento vai numa linha dele como investigado, claro que a� ele pode dizer que n�o vai falar, que vai falar s� no processo. Como testemunha ele tem que falar, a� � falar sobre os fatos, sobre a vers�o dele sobre os fatos.
Eu acho que a tend�ncia � que ele fale abertamente e enfrente todos os pontos, n�o vejo porque ele n�o falar. N�o acho que tenha nenhuma acusa��o contra ele ou contra a gest�o dele que represente algum impedimento para ele falar. A verdade � a melhor defesa.
O senhor acho que ele n�o vai ficar calado em nenhuma resposta?
Eu acho que n�o. A n�o ser que n�o tenha nada a ver com a gest�o dele. Eu acho que para perguntas impertinentes e que n�o tenha conex�o com a atua��o dele como ministro, a� � op��o dele falar ou n�o. Ele n�o � obrigado a se manifestar sobre aquilo que n�o � objeto da atua��o dele.
A quest�o do oxig�nio em Manaus foi um dos momentos mais cr�ticos da gest�o dele. Como o senhor e a base pretende lidar com isso no depoimento do Pazuello?
Olha, essa pergunta a� � uma pergunta que eu acho que ela tem duas linhas de resposta. Uma que vai vir do Pazuello e outra que que vir� do secret�rio de Sa�de de Manaus e do ex-secret�rio-executivo. Porque ali tem que apurar a responsabilidade. Foi responsabilidade do governo federal ou do governo do estado? O governo do estado agiu para proteger a popula��o ou agiu no sentido de expor a popula��o ao risco e ao dano irrepar�vel, que foi a perda de vidas? Isso tudo vai ter que estar na mesa.
Mas o Pazuello estava l� no momento da imin�ncia de falta de oxig�nio. O senhor acha que isso pode gerar uma press�o a mais?
O fato de o ministro estar em algum lugar n�o determina que ele seja respons�vel por aquilo. A responsabilidade sobre essa situa��o era do minist�rio ou era do estado? O que cabia ao minist�rio e o que cabia ao estado? Isso a� que tem que ser apurado e cada um responder dentro da sua possibilidade.
E os 23 pontos levantados pela Casa Civil? N�o preocupam?
N�o. Isso a�… Aquilo l� foi fruto da percep��o do que eram os temas que eles vinham batendo. N�o era deles isso ali. Acho que o governo n�o tem que estar preocupado com narrativa de oposi��o, tem que estar preocupado em mostrar o que fez, como fez e o que fez. At� agora, o que estou vendo � narrativa. N�o conseguiram encontrar nenhum crime contra o presidente at� o momento. Se quiserem imputar alguma coisa, v�o ter que criar crime. Porque at� agora n�o encontraram.
Quarta-feira � o dia mais importante e temeroso ao governo?
Eu acho que � o depoimento mais importante, porque � o ministro que esteve mais tempo � frente do minist�rio. Mas n�o que tenha mais preocupa��o por isso ou por aquilo. N�o acho que o governo tem que ter preocupa��o com algu�m que esteve � frente do minist�rio naquele momento e que fez o que era poss�vel fazer. Pode ter cometido erro? Pode at� ter cometido erro. Agora, todo gestor no meio da pandemia pode cometer erro, porque voc� esta diante de uma situa��o inusitada. Mas crime, n�o vejo nada que aponte para essa dire��o.
O senhor acha que o depoimento do Pazuello n�o vai complicar o governo?
Acho que n�o.
H� algum receio que ele diga algo que prejudique o presidente?
Acho que n�o. N�o tenho essa preocupa��o, n�o. A partir das informa��es que eu tenho, n�o tenho essa preocupa��o.
A CPI j� desgastou o governo?
Acho que a gente tem que fazer a leitura assim: o povo estava quieto. Quando come�a a ampliar eco de CPI, o povo come�a a ir para a rua, manifestar. Ser� que � desgaste ou despertar de uma parcela da sociedade que estava tranquila, v� essa situa��o orquestrada e come�a a se mexer, a se movimentar? Depende da leitura de quem faz. Se voc� ouvir algu�m da oposi��o, vai dizer que a rejei��o (do presidente) aumentou. Se voc� falar com algu�m do governo, est� vendo � o povo se manifestando a favor dele (do presidente).