Ap�s a fala inicial da secret�ria de Gest�o do Trabalho e da Educa��o do Minist�rio da Sa�de, Mayra Pinheiro, conhecida como Capit� Cloroquina, foi a vez de Renan Calheiros dar in�cio �s perguntasna CPI da pandemia. No entanto, ele come�ou ressaltando o genoc�dio de judeus sob comando de Adolf Hitler na �poca do Holocausto.
“N�s estamos, aqui, participando de um colegiado com caracter�sticas jur�dicas, mas tamb�m com natureza pol�tica e at� policial. Nosso maior desafio nessa CPI, diria mesmo, nosso principal dever e nossa principal miss�o � fazer um julgamento justo, equilibrado e o mais t�cnico poss�vel. Claro, ao fazermos isso, nossas conclus�es ter�o uma consequ�ncia pol�tica inevit�vel. Mas, a pol�tica deve ser resultante e n�o motiva��o de nosso trabalho, seja qual for o nosso veredito final”, iniciou Renan Calheiros.
Em seguida, ele relembrou personagens do holocausto. “Fa�o quest�o de trazer � mem�ria de todos, nesse momento, talvez o julgamento mais conhecido de todos os tempos - o Tribunal Nuremberg, � um dos julgamentos mais famosos da hist�ria. Foi ali que o mundo procurou encontrar respostas para um crime at� hoje inconceb�vel, o genoc�dio de seis milh�es de judeus nos campos de concentra��o do regime nazista”, disse.

“Eu quero lembrar um dos mais importantes personagens entre os r�us de Nuremberg - Hermann Goering. Durante algum tempo, o n�mero dois do Hitler. Leio abaixo, rapidamente, um trecho da Biblioteca Mundial sobre o comportamento de um dos mais altos oficiais nazistas durante o julgamento de Nuremberg. Lembrando que ele acabou se suicidando e n�o foi executado na cela, como estava previsto. Em v�rias ocasi�es no decurso do julgamento, o acusado exibiu filmes dos campos de concentra��o nazista e de outras atrocidades. Todos os presentes acharam as imagens chocantes, incluindo Goering. Ele afirmou que os filmes deviam ser falsos, mas ningu�m acreditou. Testemunhas como Paul Kerne e Hera Niuk tentaram descrever a personalidade de Goering como pac�fica e moderada. Niuk referiu que era imposs�vel opor-se a Hitler ou desobedecer �s suas ordens e se fizesse seria executado algu�m da sua fam�lia. Quando testemunhou a seu favor, Goering expressou a sua lealdade para com Hitler e insistiu que n�o sabia nada sobre o que tinha acontecido."
Renan Calheiros foi interrompido por senadores governistas, entre eles Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O senador Fernando Bezerra (MDB-PE), l�der do governo no Senado, ficou indignado com a compara��o da a��o no Senado com o genoc�dio que aconteceu na Alemanha. “Isso � uma coisa odienta. N�o existe. Isso vai ficar registrado nos anais do Senado Federal. Qualquer paralelismo � um absurdo”, revoltou. “Respeite os judeus”, complementou Fl�vio Bolsonaro.
O presidente da CPI da COVID, senador Omar Aziz (PSD-AM), interrompeu a discuss�o para pedir que o relator fizesse perguntas. “Vou deixar muito claro que o que o senhor est� lendo a�, n�o pode ser utilizado como refer�ncia nenhuma. O que eu pedi ao relator foi para ele come�ar as perguntas. Vossa excel�ncia est� falando uma das maiores atrocidades que houve na hist�ria”, disse.
Renan Calheiros respondeu: “N�o vou ser censurado”, afirmou, pedindo ao presidente para garantir sua palavra na CPI da pandemia sem ser interrompido por colegas parlamentares. Em seguida, ele continua com a hist�ria.
Em resposta ao senadores que se manifestaram contra sua fala, ele afirmou: “N�o podemos comparar uma barb�rie como o holocausto com uma trag�dia como a pandemia no Brasil, que j� matou mais de 450 mil pessoas. N�o podemos dizer, e por isso n�o h� um pr�-julgamento, que aqui houve um genoc�dio”, disse.
O relator afirma que h� uma semelhan�a entre as hist�rias: “Mas podemos dizer que h� uma semelhan�a assustadora, uma semelhan�a terr�vel, uma semelhan�a tenebrosa, uma semelhan�a perturbadora no comportamento de algumas altas autoridades que testemunharam aqui na CPI e o relato que acabei de ler sobre um dos marechais do nazismo no Tribunal de Nuremberg negando tudo. Enaltecendo Hitler, apresentando como salvadores da p�tria, enquanto a hist�ria provou que faziam parte de uma m�quina da morte”, acrescentou.
Ele ainda ressaltou que � um alerta aos pr�ximos depoentes da CPI. “Trago essa reflex�o para a CPI no momento em que colhemos um depoimento muito importante e deixo registrado nos anais dessa comiss�o, inclusive como alerta para os futuros depoentes. N�o importa o quanto possam tergiversar aqui, o julgamento da hist�ria � implac�vel”, concluiu a hist�ria para dar in�cio �s perguntas.
A depoente desta ter�a-feira (25/5) na CPI � a Secret�ria de Gest�o do Trabalho e da Educa��o do Minist�rio da Sa�de, Mayra Pinheiro, conhecida como Capit� Cloroquina. Defensora da cloroquina, medicamento sem efic�cia comprovada cientificamente contra o coronav�rus, a servidora � a nona depoente na CPI da COVID e, assim como os demais, fala na condi��o de testemunha.
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A secret�ria do Minist�rio da Sa�de � conhecida por defender o tratamento precoce contra a COVID-19 a partir do uso de cloroquina e outros medicamentos sem efic�cia comprovada contra o v�rus. Mayra Pinheiro tamb�m chegou a propor o lan�amento de um programa, chamado TrateCov, recomendando o uso da cloroquina no tratamento ao coronav�rus.
Segundo o ex-ministro Eduardo Pazuello, o TrateCov s� n�o teria sido lan�ado porque teria sido hackeado enquanto estava em fase de testes. Muito por conta dessa defesa ao medicamento considerado ineficaz contra a COVID-19, a secret�ria ganhou a alcunha de Capit� Cloroquina.
A convoca��o da Capit� Cloroquina para depor na CPI da pandemia atende a um pedido comum entre cinco senadores: Alessandro Vieira (Cidadania-RS), Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Rog�rio Carvalho (PT-SE) e Renan Calheiros (MDB-AL). Apesar de depor na condi��o de testemunha, Mayra Pinheiro ter� direito ao sil�ncio durante a reuni�o, mas somente quando questionada em alguns pontos espec�ficos.
A secret�ria recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter o direito caso seja questionada sobre fatos ocorridos entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, per�odo que coincide com a crise de falta de oxig�nio nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Manaus, capital amazonense. Segundo dados da Funda��o de Vigil�ncia em Sa�de do Amazonas (FVS-AM), 3.536 pacientes morreram de COVID-19 em janeiro de 2021, contra 460 no m�s anterior e 2.077 nos 30 dias seguintes.
A CPI da COVID, instalada no Senado em 27 de abril deste ano, apura poss�veis a��es e omiss�es do governo federal no enfrentamento � pandemia do coronav�rus e repasses de verbas a estados e munic�pios. Os depoimentos tiveram in�cio em 4 de maio, com Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Sa�de.
No dia seguinte, Nelson Teich, sucessor de Mandetta no cargo, dep�s. No dia 6 de maio, foi a vez de Marcelo Queiroga, atual ministro da Sa�de, prestar depoimento. Em 11 de maio, o diretor-presidente da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), Antonio Barra Torres, dep�s.
Fabio Wajngarten, ex-secret�rio de Comunica��o do governo federal, foi ouvidopelos senadores em 12 de maio, seguido de Carlos Murillo, ex-presidente da Pfizer no Brasil e atual presidente regional da empresa na Am�rica Latina. O boliviano prestou depoimento � CPI na quinta-feira (13/5) da semana retrasada.
Na �ltima semana, a CPI deu in�cio �s oitivas com o ex-ministro das Rela��es Exteriores, Ernesto Ara�jo, na ter�a-feira (18/5) passada. Nos dois dias seguintes, depois de suspens�o por conta de reuni�o em plen�rio e de um mal-estar sentido pelo depoente, Eduardo Pazuello, ex-ministro da Sa�de, dep�s.
Nesta quarta-feira (26/5), ser� realizada sess�o exclusiva para vota��o de requerimentos, v�rios deles dizem respeito a novas convoca��es e reconvoca��es. Na quinta-feira (27/5), espera-se que alguma testemunha deponha � CPI.