O chefe do Executivo apareceu na transmiss�o ao lado de um suposto analista de intelig�ncia, a quem se referiu apenas como Eduardo, e apresentou v�deos que circulam na internet sem qualquer comprova��o sobre supostos erros nas urnas.
Um simulador foi utilizado com intuito de mostrar que os resultados obtidos por meio das urnas eletr�nicas podem ser alterados. Um v�deo de um suposto programador de dados chamado "Jeferson" foi exibido. Nas imagens, o rapaz diz que � poss�vel fraudar o c�digo fonte da urna eletr�nica, mas sequer mostrou dados e fez apenas simula��es de votos que foram para outros candidatos fict�cios.
A tese mostrada nesta quinta, de acordo com o presidente, fornece "fortes ind�cios" de que � necess�rio mudar o sistema eleitoral. "Um crime se desvenda com v�rios ind�cios. Vamos apresentar v�rios ind�cios aqui", afirmou.
Jair Bolsonaro aproveitou a transmiss�o que comprovaria suposta fraude em 2018 para, mais uma vez, defender o voto impresso. O objetivo da exposi��o, segundo Eduardo, o auxiliar do presidente, foi mostrar que "as urnas podem ser melhoradas" e que o uso do papel como instrumento de auditoria pode aperfei�oar o processo.
Na vis�o de Bolsonaro e o suposto analista, a disputa das �ltimas elei��es presidenciais poderia ter sido encerrada ainda no primeiro turno. "Quando entram as urnas do Sudeste, um grande volume, quando praticamente tinha acabado a apura��o no Nordeste, acontece o inverso. Em vez de subir, eu caio. Parece que alguma coisa aconteceu", disse o presidente.
Bolsonaro disse que um dos ind�cios de que algo aconteceu � um "sorriso" dado por uma representante do Ibope em uma entrevista � GloboNews durante a apura��o. O Ibope faz a pesquisa de boca de urna divulgada ao fim do hor�rio de vota��o.
A live come�ou por volta das 19h, mas Bolsonaro fez longo pre�mbulo, de quase quarenta minutos, repetindo t�picos como a defesa do voto impresso, o momento econ�mico da Argentina e as tentativas brasileiras de emplacar representante no Conselho de Seguran�a da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU).
Mais ataques a Barroso
Bolsonaro chegou a dizer que pessoas que queriam votar nele em 2018, digitando o 17, n�mero do PSL, partido que o abrigava � �poca, recebiam da urna apenas as op��es de manifesta��o nula ou de digitar o 13, do PT de Fernando Haddad.
O pleito por voto em papel como forma de confer�ncia dos resultados das urnas tem sido defendido ferrenhamente por Bolsonaro. Para defender a "auditoria", o presidente da Rep�blica voltou a atacar Lu�s Roberto Barroso, ministro da Suprema Corte e chefe do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Por que a ferocidade do presidente do TSE em n�o querer discutir e n�o querer falar sobre uma contagem p�blica de votos?", falou.
De acordo com Bolsonaro, o voto impresso n�o representa retrocesso. O presidente classificou as argumenta��es do tipo como "fake news". O governo chegou a lan�ar, inclusive, um "mascote" da campanha pelo "voto audit�vel".
O presidente afirmou n�o querer acusar Barroso, mas deu a entender que o magistrado busca manter os pleitos sob suspeita. "Por que o presidente do TSE quer manter a suspei��o sobre as elei��es? Quem ele �?", bradou.
Indiretamente, o presidente taxou Barroso de socialista ao falar que "regime que esse cidad�o defende n�o deu certo em lugar nenhum do mundo".
Bolsonaro se ampara em 'altern�ncia' entre Dilma e A�cio
Em dado momento, Bolsonaro falou sobre supostas irregularidades na vit�ria de Dilma Rousseff (PT) sobre A�cio Neves (PSDB). Sem apresentar provas, disse que sustentava a tese por causa de altern�ncias entre Dilma e A�cio na lideran�a da contagem dos votos referentes ao segundo turno presidencial.
O resultado oficial d� conta de que a petista venceu o tucano por 51,64% a 48,36%. Segundo o dito especialista ouvido por Bolsonaro, os candidatos se revezaram no topo da marcha da apura��o por 241 vezes.
"Isso � a mesma coisa de, em quatro horas de apura��o, 240 minutos, 240 vezes, jogar uma moeda para cima e, ora dar cara, ora dar coroa. Equivale a, aproximadamente, voc� ganhar, de forma consecutiva, seis vezes na Mega-Sena. Pode acontecer, mas a probabilidade se aproxima de zero", tentou justificar o presidente.
As informa��es sobre a elei��o de sete anos atr�s ser�o, segundo o presidente, encaminhadas ao ministro da Justi�a, Anderson Torres, e � Pol�cia Federal.
Irm� de doutora Nise divulgou teoria sobre 2014
Na tese propagandeada pelo presidente, apenas a interfer�ncia de um algoritmo - e n�o as tradicionais altern�ncias vistas em contagem de votos - seria capaz de explicar tantas mudan�as na lideran�a.
A ideia de influ�ncia externa para dar a vit�ria a Dilma "navega" pela esfera bolsonarista desde 2018. Naquele ano, em 25 de outubro, o YouTube recebeu um v�deo em que Naomi Yamaguchi entrevista o "dono" da tese compartilhada nesta quinta. Na grava��o, a tal "fonte" detalha a suposta manipula��o.
Naomi � irm� de Nise Yamaguchi, m�dica defensora do uso da hidroxicloroquina para combater a COVID-19. A profissional j� foi, inclusive, ouvida pelos senadores da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) que investiga a postura do governo ante a pandemia.
Bolsonaro armou "esquema especial" para a live desta quinta. Ele convidou representantes de ve�culos de imprensa para acompanhar presencialmente a transmiss�o, feita da biblioteca do Pal�cio da Alvorada, mas sem direito a perguntas.