
Bras�lia – O presidente Jair Bolsonaro manter� o discurso que vem fazendo contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Lu�s Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas manifesta��es que est� convocando para amanh� na Esplanada dos Minist�rios, em Bras�lia, e na Avenida Paulista, em S�o Paulo. “O discurso est� pronto, o presidente da Rep�blica responsabilizar� os dois ministros pela crise entre o Executivo e o Supremo, eles realmente est�o se excedendo”, disse o l�der do governo na C�mara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ele pr�prio investigado pela CPI da Sa�de no Senado.
O que mais est� incomodando o presidente da Rep�blica s�o o inqu�rito das fake news e as pris�es de bolsonaristas radicais, entre eles o presidente do PTB, Roberto Jefferson. Essas investiga��es se somam ao inqu�rito realizado no �mbito do Tribunal Superior Eleitoral (STF) sobre o financiamento de sua campanha de 2018, que estaria pronto para ir a julgamento. Havendo provas robustas, o TSE tem poderes para considerar o presidente da Rep�blica ineleg�vel ou mesmo impugnar a sua elei��o, por antecipa��o de campanha eleitoral e financiamento ilegal, respectivamente.
CENTR�O
Barros nega que o Centr�o esteja se distanciado do governo. Segundo ele, n�o h� a menor hip�tese de o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP, deixar a Casa Civil, cargo para o qual foi convidado pelo presidente da Rep�blica, exatamente para estreitar ainda mais as rela��es do Centr�o com o seu governo. Desde a semana passada, por�m, circulam rumores de que a deputada Fl�via Arruda (PL-DF), ministra da Secretaria de Governo, respons�vel pela articula��o pol�tica com o Congresso, pretende deixar a pasta.
Na quarta-feira, ao deixar a C�mara dos Deputados, Fl�via Arruda desabafou com colegas de bancada. “N�o aguento mais, isso � um inferno. Eu era feliz e sabia. Em breve, volto para c�.” Articuladora pol�tica do governo, a ministra � casada com o ex-governador do Distrito Federal Jos� Roberto Arruda e muito pr�xima do presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL). � vis�vel seu desconforto com o clima de radicaliza��o pol�tica. A bancada de seu partido, o PL, j� est� bastante dividida em rela��o �s elei��es de 2022.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, � um grande mudo, n�o fala com a imprensa nem faz postagens nas redes sociais, porque foi preso no julgamento do mensal�o e cumpriu pena at� ser indultado. Mas conversa com todo mundo, inclusive com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, com quem tem grande prest�gio porque o PL apoiou a ex-presidente Dilma Rousseff at� o julgamento de seu impeachment. Um ter�o do PL est� com o candidato do PT, mas a maioria da legenda ainda apoia Bolsonaro.
P�NDULOS
Nos bastidores do Centr�o, a pe�a-chave para o apoio a Bolsonaro continua sendo o presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), cujo fortalecimento junto ao Pal�cio do Planalto � proporcional ao enfraquecimento de Bolsonaro na opini�o p�blica. Com mais de 120 pedidos de impeachment na gaveta, Lira controla a libera��o de verbas das emendas parlamentares ao Or�amento da Uni�o, em dobradinha com a ministra Fl�via Arruda. Al�m disso, � o dono da agenda legislativa, que tem dois abacaxis do governo pra serem descascados ainda este ano: a PEC dos Precat�rios e a reforma administrativa.
Lira mant�m boas rela��es com o PT. Na semana passada, negociou com a presidente da legenda, deputada Gleisi Hoffman (PR), a aprova��o de emendas ao projeto de mudan�as no Imposto de Renda do governo. O presidente da C�mara tem um p� na candidatura do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva no Nordeste, por causa dos deputados do PP que pretendem apoiar o petista nos seus estados. Entretanto, a deriva mais importante na base do governo ocorreu no Senado, onde Bolsonaro enfrenta grande desgaste por causa da atua��o da CPI da COVID, que investiga esc�ndalos na compra de vacinas pelo Minist�rio da Sa�de.
Por se destacarem na comiss�o, j� surgiram duas pr�-candidaturas � Presid�ncia que podem tirar votos de Bolsonaro: as da presidente da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a, Simone Tebet (MDB-MS), e a do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). A maior dor de cabe�a para Bolsonaro, por�m, � o descolamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que n�o assume pr�-candidatura, mas j� se comporta como quem pretende disputar o Planalto, a convite do presidente do PSD, Gilberto Kassab. Pacheco descolou da base do governo e assumiu o comando do Congresso como fiador da democracia.