Ex-vereador � condenado a 20 anos por roubar carro e 5 toneladas de queijo

O ex-vereador de Ipanema Alex Jos� da Silva, de 47 anos, foi condenado pela Justi�a a mais de 20 anos de pris�o. Ele responde a dois processos: um pelo furto de um ve�culo de propriedade do Legislativo da cidade na Regi�o do Rio Doce, e outro pelo roubo de um caminh�o com carga de 5.500 kg de mu�arela, o que – conforme a senten�a de primeira inst�ncia – teria causado um preju�zo de R$ 150 mil a uma rede de latic�nios da regi�o.

 

A reportagem do Estado de Minas tamb�m conversou com o advogado do ex-parlamentar – detido preventivamente desde 29 de julho de 2020 no pres�dio de Inhapim, munic�pio localizado a cerca de 100 km da cidade de Ipanema. A defesa sustenta a tese de que os crimes foram cometidos sob forte coa��o. As senten�as foram proferidas pela Justi�a da comarca da cidade do interior mineiro nos dias 29 e 30 de setembro.

 

Ap�s ser preso pela Pol�cia Civil � �poca, o ent�o vereador foi cassado por quebra de decoro por unanimidade dos votos. Na oportunidade, o suplente Francisco Ferreira de Castro (PSDB) assumiu a vaga.

 

No primeiro processo, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) denunciou Alex pelo furto de um ve�culo – avaliado em R$ 42.015 – de dentro da garagem da C�mara Municipal de Ipanema, em agosto de 2019. Em seguida, o ex-vereador teria vendido o autom�vel por R$ 4 mil.

 

O comprador tamb�m foi denunciado, no mesmo processo, pelo Minist�rio P�blico mineiro por recepta��o qualificada. O receptador, no entanto, foi absolvido pela Justi�a. Em nota emitida nesta segunda-feira (4/10), o MPMG disse que ir� recorrer da decis�o.

 

Alex Jos� da Silva tamb�m foi condenado por roubo de carga. Conforme trecho da senten�a assinada pela ju�za Luciana Mara de Faria, o ex-parlamentar e mais cinco pessoas roubaram um caminh�o com 5.500 kg de queijo tipo mu�arela, no dia 25 de mar�o de 2020, na BR-474, no munic�pio de Pocrane, na regi�o do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.

 

Nesse processo, o motorista teria sido rendido “mediante viol�ncia e grave amea�a, exercida com emprego de arma de fogo”. Posteriormente, o caminh�o e parte carga, pertencentes � Latic�nios Delbom, foram recuperados, mas, segundo o MPMG, a empresa sofreu um preju�zo de R$ 150 mil.

 

Em rela��o ao processo envolvendo o furto de um autom�vel da C�mara Municipal da cidade, Alex foi condenado pelo crime de peculato – conforme previsto no artigo 312 do C�digo Penal – � pena de 5 anos e 8 meses de reclus�o e 78 dias-multa. Al�m disso, a Justi�a determinou o pagamento de R$ 42.015 (valor do ve�culo), com juros e corre��o monet�ria. Por fim, tamb�m foi decretada a perda do cargo p�blico no Legislativo municipal.

 

Considerando o artigo 157 do C�digo Penal, o ex-vereador, incluindo outras cinco pessoas, foram denunciados por crime de roubo – majorado pelo emprego de arma de fogo e pela restri��o de liberdade da v�tima. Al�m disso, o grupo foi enquadrado como organiza��o criminosa – tamb�m majorada pelo emprego de arma de fogo, conforme respalda legisla��o prevista na Lei 12.850/13.

 

Ao fim do processo, o ex-parlamentar no Legislativo de Ipanema foi condenado � pena 14 anos, 8 meses e 10 dias de reclus�o, al�m de 203 dias-multa, e � obriga��o de pagar R$ 150 mil � v�tima Latic�nios Delbom. Preso preventivamente, Alex Jos� da Silva teve negado, na senten�a, o direito de recorrer em liberdade.

 

Defesa se manifesta

 

Sem negar a pr�tica dos crimes, a defesa do ex-vereador da Casa Legislativa do munic�pio sustenta a tese de que os crimes foram cometidos sob forte coa��o e que seu cliente tem amplo lastro de condutas id�neas.

“Meu cliente n�o registra nenhum antecedente criminal. � uma pessoa p�blica e muito bem quista em Ipanema”, afirma o advogado Glauco Murad Macedo.

 

“Em 2019, devido a problemas financeiros, o Alex fez um empr�stimo de R$ 80 mil e assinou uma nota promiss�ria, que acabou caindo em m�os erradas. Essa pessoa que pegou a nota � um traficante conhecido na regi�o. Posteriormente, esse documento foi repassado para algu�m que tem rela��es no Primeiro Comando Capital (PCC)”, explica o advogado, acrescentando que o grupo criminoso amea�ou de morte seu cliente e sua fam�lia, caso ele n�o executasse os crimes.

 

“Ele n�o ganhou nada com isso. Quem ganhou foram as pessoas que o coagiram. N�o tem l�gica pensar que um parlamentar roubaria um carro de seu local de trabalho e fugiria para uma cidade vizinha. Ele entrou nisso porque ele n�o tinha alternativa. Ou ele entrava, ou ele morria”, afirma.

 

Logo, o advogado de Alex destaca � reportagem que entrar� com recurso no Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG). A tese da defesa, portanto, ser� a coa��o moral irresist�vel, por meio da extors�o, j� que, conforme o representante legal do sentenciado, havia risco iminente de morte de todos os membros da fam�lia do seu cliente.