(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ASSEMBLEIA

Investigado, presidente da Cemig � intimado a depor em CPI

Depoimento de delegado que conduzia inqu�rito sobre a estatal faz deputados convocarem Reynaldo Passanezi, que assumiu em janeiro de 2020


13/10/2021 17:17 - atualizado 13/10/2021 18:05

Reynaldo Passanezi Filho, presidente da Cemig
Reynaldo Passanezi (foto) foi chamado para prestar esclarecimentos a deputados (foto: Clarissa Bar�ante/ALMG)
Os deputados estaduais que comp�em a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) aprovaram, nesta quarta-feira (13/10), a intima��o do presidente da estatal, Reynaldo Passanezi Filho. Ele, que assumiu o comando da companhia em janeiro do ano passado, prestar� depoimento na condi��o de investigado.

Hoje, os parlamentares receberam Gabriel Cir�aco Fonseca,  delegado da Pol�cia Civil que conduzia inqu�rito sobre a estatal . No meio deste ano, no entanto, ele foi transferido da Delegacia Especializada de Combate � Corrup��o (Deccor), e passou a dar expediente em uma reparti��o policial de Venda Nova, em Belo Horizonte. O depoimento de Cir�aco correu em segredo, mas ao fim da sess�o os deputados decidiram quebrar o sigilo do encontro.

Como mostrou o Estado de Minas na segunda-feira (11/10), Cir�aco interrogou diversos executivos da companhia de luz. Um dos ouvidos foi Cledorvino Belini, ex-presidente, que foi sucedido por Passanezi ap�s processo de recrutamento conduzido pela Exec, empresa especializada em captar, no mercado, profissionais para postos de alto escal�o.

Os elementos colhidos pela CPI mostram que o primeiro contato entre a Exec e a Cemig  foi intermediado por Evandro Negr�o de Lima J�nior, dirigente do diret�rio do Novo em Minas Gerais . O partido abriga o governador Romeu Zema. Ele recebeu a primeira proposta da empresa sobre o servi�o de recrutamento que a energ�tica desejava.

Quem esteve presente no interrogat�rio de Cir�aco foi Professor Cleiton (PSB), vice-presidente e sub-relator da comiss�o. De acordo com ele, o delegado contou aos parlamentares que, em seu depoimento � Pol�cia Civil, Belini relatou descontentamento com o desenrolar do processo de sucess�o

"(Segundo o delegado), Belini se mostrou muito insatisfeito com o que estava acontecendo. Inclusive, ele n�o participa em nenhum momento da contrata��o da Exec para que fosse contratado o Reynaldo", disse o deputado, ao contar o que ouviu do policial.

Cir�aco apontou aos deputados que, segundo a narrativa de Belini, as contrata��es da Exec e de Reynaldo Passanezi ocorreram ap�s solicita��o de C�ssio Azevedo, ex-componente do secretariado de Zema, que morreu neste ano de um c�ncer. Segundo contou o delegado, o ex-presidente relatou que Azevedo foi o respons�vel por entrar em contato com Evandro Negr�o, do Novo.

O depoimento de hoje, na vis�o de Professor Cleiton, fez ganhar corpo a tese de que o processo de escolha de Passanezi foi permeado por  "conflito de interesses"  e "usurpa��o da fun��o p�blica".

Cledorvino Belini tamb�m ter� que prestar depoimento � CPI, mas sob a condi��o de testemunha. Eduardo Soares, diretor jur�dico, � outro nome adicionado � lista de depoentes.

Por causa da quebra do sigilo das informa��es concedidas por Gabriel Cir�aco, a reportagem pediu � Assembleia Legislativa acesso � transcri��o dos di�logos ocorridos durante o interrogat�rio. O Parlamento, no entanto, informou que a �ntegra das conversas s� estar� dispon�vel em alguns dias. Ao contr�rio do que � praxe, n�o houve grava��o do encontro – em virtude, justamente, do segredo pr�vio imposto ao depoimento.

Na vis�o do governista Roberto Andrade (Avante), o delegado levou � CPI "fragmentos" de sua investiga��o e, tamb�m, opini�es pessoais. "S�o fragmentos do inqu�rito policial que ele estava fazendo. Se voc� pegar parte do inqu�rito policial e parte do depoimento, fica muito dif�cil ter qualquer conclus�o. Temos que ter todo esse inqu�rito para fazer uma avalia��o", opinou.

O depoimento de hoje era tido por integrantes da CPI como essencial para avan�ar na busca por informa��es sobre o inqu�rito conduzido por Cir�aco. Os deputados chegaram a enviar, � Pol�cia Civil, requerimento pedindo acesso ao conte�do da apura��o. Em resposta, a corpora��o afirmou que os elementos j� haviam sido repassados � Justi�a.

Of�cio mostra que delegado pediu transfer�ncia ap�s 'informa��es' de que seria removido


O inqu�rito de Cir�aco trata de pontos que tamb�m est�o na mira da CPI, como a venda da participa��o da companhia de luz na Renova, empresa de energias renov�veis. Os valores da transa��o s�o considerados baixos por alguns deputados, o que levantou suspeitas. 

Um of�cio obtido pelo EM mostra que, em junho deste ano, ao pedir para ser realocado em Venda Nova, Cir�aco pede aos seus superiores que considerem, como ponto a seu favor, o fato de que seria "removido" da Delegacia de Combate � Corrup��o.

Segundo Professor Cleiton, o delegado confirmou � CPI ter recebido um requerimento com o aviso da "remo��o".

"Ele falou que recebeu o comunicado de que seria removido. N�o houve justificativa. A narrativa do governo � que toda vez que se muda o delegado-geral, tem mudan�as estruturais. Da vontade dele, ele permaneceria na Deccor fazendo as investiga��es".

As d�vidas em torno da sa�da de Gabriel Cir�aco motivaram a convoca��o de Joaquim Francisco Neto Silva, chefe da Pol�cia Civil. "O que temos que apurar � se a transfer�ncia foi em fun��o do trabalho dele na investiga��o ou se foi uma coisa natural. Ele chamou de 'efeito-domin�': quando se troca o chefe da Pol�cia Civil, os que est�o subordinados s�o substitu�dos", pontuou Roberto Andrade.

Empresa de ex-secret�rio citado foi sublocada por dona de contrato bilion�rio


C�ssio Azevedo, citado neste texto, era dono da AeC, empresa de call center que presta servi�os para Cemig. A empresa est� na mira da CPI por causa do  contrato de R$ 1,1 bilh�o que a estatal fechou com a IBM, multinacional de tecnologia . O pacto trata de servi�os como o controle do call center que presta suporte aos consumidores.

O acordo, por�m, foi oficializado pouco tempo ap�s a estatal romper acordo com a Audac, que havia vencido concorr�ncia para controlar o atendimento telef�nico. A IBM repassou essa tarefa � AeC, que havia participado – e perdido – do preg�o vencido pela Audac.

O que dizem os envolvidos


A Pol�cia Civil foi questionada sobre a transfer�ncia de Cir�aco e a informa��o, obtida por ele, de que seria "removido" do setor anticorrup��o. "A remo��o do referido delegado se deveu � reorganiza��o administrativa do departamento, tendo sido concretizada a pedido dele pr�prio. A chefia da PCMG registra que n�o coaduna com qualquer interfer�ncia em investiga��es criminais, exigindo dos servidores da Institui��o isen��o, imparcialidade, discri��o e efetividade nos trabalhos", l�-se em trecho de nota da corpora��o.

Por causa do suposto conflito de interesses na sele��o de Passanezi, a reportagem fez contato com a AeC. A empresa afirmou se nortear "pela �tica e pelo conjunto das melhores pr�ticas de integridade e compliance ". (Leia a nota completa ao fim deste texto).

Evandro Negr�o, do diret�rio do Novo, disse que n�o vai comentar o depoimento desta quarta.

A Cemig afirmou que, por ora, n�o pretende comentar a convoca��o de Passanezi. A estatal defendeu os acordos com Exec e IBM. (Leia ainda neste texto todo o posicionamento) Na segunda, a energ�tica sinalizou que, a priori, n�o trataria publicamente das investiga��es da Pol�cia Civil.

Nota da AeC, empresa de C�ssio Azevedo, ex-secret�rio de Zema


"A AeC atua h� quase 30 anos no mercado, tendo prestado servi�os para centenas de empresas, e esclarece que todos os contratos e servi�os prestados ao longo de mais de uma d�cada para a Cemig foram pautados pela legalidade, idoneidade e pela absoluta transpar�ncia, gerando emprego e renda para o munic�pio de Belo Horizonte.

A empresa reafirma seu compromisso em colaborar com toda e qualquer apura��o que demande sua participa��o e reitera que todas as suas rela��es institucionais e comerciais sempre se nortearam pela �tica e pelo conjunto das melhores pr�ticas de integridade e compliance".

Nota da Cemig sobre as contrata��es de Exec e IBM


Sobre a contrata��o da empresa Exec, respons�vel pelo recrutamento e sele��o do diretor-presidente da Companhia, a Cemig reafirma que ela foi feita com a observ�ncia das normas legais e internas da empresa.

A Cemig esclarece ainda que, em 2020, decidiu implantar o Projeto Cliente %2b, que vai oferecer um atendimento de excel�ncia aos 8,7 milh�es de clientes da Cemig, por meio de uma parceria estrat�gica com a IBM que consiste na integra��o dos canais de atendimento. Anteriormente, a Cemig tinha 14 fornecedores que cuidavam de diferentes canais e eram remunerados por tempo de atendimento, n�o por resolu��o de problemas. Al�m da melhoria de qualidade, o Cliente %2b representa economia superior a R$ 400 milh�es para a Cemig em dez anos de contrato.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)