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Estado de Minas GOVERNO ZEMA

Cemig: suposta interfer�ncia do Novo faz deputado citar 'comando paralelo'

Atua��o do partido na escolha de presidente � investigada; ex-executivo diz que governo decidiu por processo seletivo externo


18/10/2021 17:04 - atualizado 18/10/2021 21:17

Cledorvino Belini, ex-presidente da Cemig
Cledorvino Belini, ex-presidente da Cemig, prestou depoimento a deputados (foto: Guilherme Dardanhan/ALMG)
Os detalhes do processo seletivo que culminou na escolha de Reynaldo Passanezi Filho para a presid�ncia da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) levaram a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) que investiga a administra��o da estatal a identificar uma esp�cie de "gest�o paralela" da empresa de luz.

O comit� de investiga��o, tocado pela Assembleia Legislativa, tenta entender por que Evandro Negr�o de Lima, dirigente do partido Novo em Minas Gerais, recebeu a primeira proposta da Exec, que conduziu as etapas da escolha de Passanezi. A legenda abriga o governador Romeu Zema.

Nesta segunda-feira (18/10), deputados estaduais ouviram Cledorvino Belini, ex-presidente da Cemig. Ele ocupou o cargo do in�cio do governo Zema at� janeiro do ano passado, quando foi substitu�do por Passanezi. Segundo o antigo executivo, a decis�o de contratar uma empresa para recrutar o novo comandante da estatal partiu do governo estadual.

Ao tratar das conversa��es que levaram a nomea��o de Passanezi, o relator da CPI, deputado S�vio Souza Cruz (MDB), apontou a presen�a de pessoas externas � companhia, mas com acesso a informa��es.

"Fica claro que havia, dentro da Cemig, um comando paralelo. Havia a exist�ncia de insiders, e isso � grave em uma empresa que tem a��es na bolsa. Insiders , que tinham informa��es privilegiadas, tomando decis�es em nome da empresa", disse.

Aos parlamentares, Cledorvino Belini contou ter externado o desejo de deixar a companhia de luz, por motivos de sa�de, durante reuni�o com Romeu Zema e o ent�o secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico, C�ssio Azevedo, v�tima de c�ncer neste ano. O ex-presidente garantiu n�o ter tido influ�ncia na decis�o de contratar a Exec para conduzir a sucess�o.

"C�ssio chegou a me dizer que iam contratar um headhunter, mas n�o me falou quem. Ele e Evandro [o dirigente do Novo] � que passaram a cuidar desse processo", relatou Belini. "Foi uma decis�o do governo [optar pelos servi�os da Exec]", emendou.

Belini s� soube que a Exec fora chamada quando Evandro Negr�o enviou a ele uma fatura de R$ 170 mil, valor cobrado pela sele��o do novo executivo.

C�ssio Azevedo, citado pelo depoente, era dono da AeC, empresa de call center que tamb�m est� na mira da CPI. por causa do contrato de R$ 1,1 bilh�o que a estatal fechou com a IBM, multinacional de tecnologia. O pacto trata de servi�os como o controle do setor que presta suporte aos consumidores.

O acordo, por�m, foi oficializado pouco tempo ap�s a estatal romper acordo com a Audac, que havia vencido concorr�ncia para controlar o atendimento telef�nico. A IBM repassou essa tarefa � AeC, que havia participado - e perdido - do preg�o vencido pela Audac.

"Fica claro, a cada dia mais, a inger�ncia do partido Novo sobre a companhia. Fica claro, quanto mais o tempo passa, que quem de fato mandava na Cemig era o senhor C�ssio Azevedo", observou Professor Cleiton (PSB), vice-presidente e sub-relator do comit� que examina a gest�o da estatal. 

Novo na Cemig: at� Amo�do � citado

Cledorvino Belini foi questionado sobre poss�vel sugest�o de Jo�o Amo�do, ex-presidente nacional do Novo e candidato ao Planalto em 2018, para a contrata��o de Passanezi. Ele negou ter conhecimento de poss�vel conex�o do tipo.

A primeira proposta da Exec � Cemig foi encaminhada em novembro de 2018, justamente a Evandro Negr�o. Apesar disso, o acordo, firmado sem licita��o, s� foi oficializado em 20 de janeiro deste ano, sete dias ap�s Passanezi ser empossado como presidente.

Para a assinatura retroativa do contrato, a Cemig se amparou na convalida��o, pr�tica que permite a pactua��o de servi�os prestados anteriormente. "A Cemig contrata uma headhunter. Coincidentemente, uma proposta encaminhada a um dirigente do Novo. Uma empresa que os propriet�rios tamb�m s�o filiados ao Novo. Eles escolhem o seu sucessor. E o seu sucessor � quem faz o pagamento", protestou S�vio Souza Cruz.

A delibera��o que confirma a contrata��o passou pelo conselho da empresa. A ata da reun�o que referenda o acordo �, inclusive, assinada por Reynaldo Passanezi, que foi  intimado a depor  pelos deputados. Ele havia sido inclu�do no rol de investigados, mas nesta segunda deputados acertaram que o executivo passar� a constar na lista de testemunhas.

"Eles tiveram que fazer v�rias viagens no tempo. O presidente, escolhido pela empresa de headhunter , � quem paga a empresa de headhunter ", completou o emedebista. Headhunter  ï¿½ o nome dado �s empresas que trabalham recrutando executivos com experi�ncia de mercado.

"Estamos percebendo que n�o h� convalida��o, mas sim uma maquiagem para tentar dar legalidade a um processo que se iniciou e terminou de forma errada", constatou o presidente da CPI, C�ssio Soares, do PSD.

O governista Z� Guilherme, do PP, argumentou que o governo Zema foi ao mercado escolher profissionais para sanear a companhia de luz. "A d�vida era t�o alta que, quando a Cemig precisava de ir ao mercado para se financiar, tinha que pagar juros muito maiores por causa da situa��o que se encontrava", falou ele.


Belini afirma ter deixado o Novo, mas certid�o aponta o oposto


Ao ser perguntado por S�vio Souza Cruz sobre ser filiado a um partido pol�tico, Cledorvino Belini relatou ter ingressado nos quadros do Novo ap�s deixar a Cemig. Aos deputados, ele explicou n�o ter renovado a admiss�o.

Momentos depois, por�m, o relator da CPI entregou ao ex-presidente da estatal uma certid�o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que comprova a exist�ncia de inscri��o ativa em seu nome no diret�rio mineiro do Novo. Belini garantiu que n�o tem feito os pagamentos das mensalidades e falou em encerrar, de vez, a filia��o � agremia��o de Zema.

O que dizem os envolvidos 


O Estado de Minas procurou todas as partes citadas durante a sess�o da CPI. A Cemig garantiu que a sele��o de Passanezi foi feita seguindo "normais legais e internas" da empresa (Leia o posicionamento completo no fim deste texto) . Evandro Negr�o optou por n�o se posicionar neste momento.


A AeC, de C�ssio Azevedo, foi contactada para repercutir as alega��es sobre suposta interfer�ncia de seu fundador na gest�o da estatal. A empresa garantiu que sua rela��o com a Cemig � pautada por "legalidade, idoneidade e pela absoluta transpar�ncia". (Leia a nota no fim deste texto ).

A Exec, respons�vel por guiar o processo de escolha de Passanezi, afirmou que n�o vai comentar o caso em respeito ao "sigilo" do contrato com a Cemig.

 

O Novo, tamb�m acionado, garantiu que o partido e seus integrantes n�o cometeram irregularidades. A agremia��o se colocou � disposi��o das autoridades para prestar informa��es.  

Nota da Cemig sobre a escolha de Reynaldo Passanezi

 

"Sobre a contrata��o da empresa Exec, respons�vel pelo recrutamento e sele��o do diretor-presidente da Companhia, a Cemig reafirma que ela foi feita com a observ�ncia das normas legais e internas da empresa.


A Cemig esclarece ainda que, em 2020, decidiu implantar o Projeto Cliente Mais, que vai oferecer um atendimento de excel�ncia aos 8,7 milh�es de clientes da Cemig, por meio de uma parceria estrat�gica com a IBM que consiste na integra��o dos canais de atendimentos. Anteriormente, a Cemig tinha 14 fornecedores que cuidavam de diferentes canais e eram remunerados por tempo de atendimento, n�o por resolu��o de problemas. Al�m da melhoria de qualidade, o Cliente %2b representa economia superior a R$ 400 milh�es para a Cemig em dez anos de contrato". 

Nota da AeC, empresa de C�ssio Azevedo, citado por deputados:


"A AeC atua h� quase 30 anos no mercado, tendo prestado servi�os para centenas de empresas, e esclarece que todos os contratos e servi�os prestados ao longo de mais de uma d�cada para a Cemig foram pautados pela legalidade, idoneidade e pela absoluta transpar�ncia, gerando emprego e renda para o munic�pio de Belo Horizonte.

A empresa reafirma seu compromisso em colaborar com toda e qualquer apura��o que demande sua participa��o e reitera que todas as suas rela��es institucionais e comerciais sempre se nortearam pela �tica e pelo conjunto das melhores pr�ticas de integridade e compliance."

  

Texto atualizado �s 21h17 da segunda-feira (18), a fim de incluir explica��es da Cemig   e o posicionamento do Novo


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