
Deputados suspeitam que ele tenha interferido nos rumos da companhia. Evandro foi quem recebeu a primeira proposta financeira da Exec, empresa contratada em 2019 pela Cemig para conduzir a escolha do novo presidente da companhia. � �poca, Reynaldo Passanezi foi selecionado para o posto. O Novo � a legenda que abriga o governador Romeu Zema. (Leia mais ainda neste texto).
Ivna Ara�jo falou aos parlamentares e negou conhecer Evandro, que, ao lado do marido, � s�cio-administrador de um empreendimento nomeado TRZS Energia Participa��es, cujo capital social apresentado � Receita Federal � de R$ 840 mil.
Segundo ela, o setor de compliance da Cemig, respons�vel por zelar pelo cumprimento de boas pr�ticas administrativas, n�o viu problemas na continuidade dela na empresa mesmo ante a rela��o entre ele e seu marido, Carlos Alberto Campos.
No ano passado, uma investiga��o no setor de Compras e Suprimentos da estatal mineira gerou o afastamento de funcion�rios do departamento. A CPI buscar� saber se ela recebeu algum tipo de prote��o ou se h� conflito de interesses no caso. A Cemig, por seu turno, afirma que n�o houve irregularidade porque "n�o h� rela��o comercial" entre a companhia mineira e a usina. (Veja todo o posicionamento da estatal ao fim da mat�ria).
"Tudo o que est� na oitiva de hoje ser� encaminhado �s autoridades competentes e constar� no relat�rio da CPI. Fica, mais uma vez, muito clara a influ�ncia de Evandro Negr�o em tudo o que se faz no interior da Cemig, escolhendo cargos, o pr�prio presidente, e determinando empresas contratadas, como ouvimos em outros depoimentos", disse, ao Estado de Minas, o sub-relator da CPI, Professor Cleiton (PSB).
Ivna se defendeu e garantiu ter contado � Cemig da rela��o entre Evandro e o companheiro t�o logo a descobriu. "Da mesma forma que meu marido n�o conhece todas as pessoas com quem me relaciono profissionalmente, eu n�o conhe�o todas as pessoas com quem ele se relaciona profissionalmente", assegurou.
Em contato com a reportagem, o dirigente do Novo afirmou n�o conhecer a esposa de seu s�cio. "A TRZS Energia � uma usina fotovoltaica como outras centenas no estado. Nem eu nem o Carlos e muito menos a Ivna (que eu nunca vi e nunca conversei na vida) atuamos diretamente nela".
Evandro explicou ser investidor da usina, que, de acordo com ele, est� sem funcionar por atraso da Cemig na aprova��o da cabine de medi��o da estrutura. "Minha empresa e a empresa do Carlos [o marido de Ivna] j� possu�am sociedades anteriores em outros empreendimentos imobili�rios e fomos convidados a participar dela por outras pessoas que j� atuavam na �rea", falou.
Dirigente do Novo garante que prestar� depoimento
A CPI agendou outras duas reuni�es nesta semana (amanh� e sexta-feira). Em tese, Evandro poderia ser ouvido em um dos dois encontros, mas ele afirmou ao EM que estar� � disposi��o do comit� investigativo a partir de segunda-feira (14).
"Essa viagem j� estava pr�-agendada. Eu havia avisado antes", salientou.
Para Professor Cleiton, as informa��es dadas por Ivna nesta quinta tornam a oitiva do dirigente do Novo ainda mais importante. "� algu�m que tem muito a nos responder. Principalmente ap�s o depoimento de hoje".
Segundo o pessebista, n�o houve espanto pela aus�ncia dele. "� a segunda reuni�o que os advogados aparecem justificando que ele est� viajando. A CPI aguarda que ele apresente uma data [para depor], j� que, se n�o fizer por iniciativa pr�pria, automaticamente entrar� no relat�rio como indiciado".
Ivna Ara�jo j� havia prestado depoimento � CPI da Cemig no ano passado. O governista Z� Guilherme (PP) cr� que a reuni�o desta quinta n�o trouxe novos elementos imprescind�veis � investiga��o. Ele garante que Evandro ter� condi��es de mostrar aos deputados que n�o tenta interferir na gest�o da estatal.
"Hora nenhuma ele vai se negar a comparecer � CPI, mas como n�o havia sido comunicado [do depoimento], saiu de f�rias com a fam�lia. T�o logo ele retorne, certamente ir� � CPI. E n�o ir� deixar de responder a nenhuma pergunta, tenho certeza".
Suspeitas nasceram por causa de sele��o de presidente para a Cemig
O nome de Evandro passou a ser t�pico constante durante as sess�es da CPI da Cemig pelo fato de ter sido ele o respons�vel a receber a primeira proposta da Exec, que cobrou R$ 170 mil para buscar, no mercado de executivos, um novo presidente para a companhia de luz.A empresa foi a mesma que auxiliou no preenchimento de secretarias do atual governo estadual. Aos deputados estaduais, em outubro, o ex-presidente da estatal Cledorvino Belini disse que s� soube do contrato com a Exec para escolha do seu sucessor quando Evandro Negr�o enviou a ele a fatura cobrando os R$ 170 mil acordados.
"� um agente partid�rio, do Novo, que no entendimento de alguns deputados, � quem administra a companhia", assinalou Professor Cleiton.
Z� Guilherme, no entanto, discorda da percep��o do colega. "Em toda a hist�ria de Minas Gerais, quem indica o presidente da companhia � o governador do estado. Zema foi eleito por 70% dos mineiros. E, ao contr�rio dos outros, n�o fez uma escolha pol�tica, mas procurou algu�m do mercado, porque a Cemig estava um caos".
Reynaldo Passanezi, o escolhido pela Exec, prestar� depoimento � CPI nesta sexta-feira (11).
O contrato entre a Cemig e a Exec s� foi oficializado em janeiro de 2020, sete dias ap�s Passanezi assumir a presid�ncia. O documento que sugere a contrata��o tem, inclusive, a assinatura do pr�prio Passanezi. N�o houve licita��o.
O aval retroativa do acordo � chamado de convalida��o. Z� Guilherme defende a pr�tica. "Uma empresa do porte da Cemig, que tem a��es na bolsa de Nova York e de S�o Paulo, n�o pode anunciar que vai trocar o presidente".
Em oportunidades anteriores, a Cemig explicou que a contrata��o dispensada de licita��o � permitida pela Lei das Estatais, desde que haja a comprova��o de not�ria especializa��o da firma escolhida. A companhia garante, ainda, que o contrato s� foi oficializado ap�s a escolha de um novo executivo por causa do "sigilo".
Nesta quinta, a reportagem procurou a Cemig para tomar esclarecimentos a respeito do depoimento de Ivna Ara�jo. A empresa reiterou que n�o h� conflito de interesses pela participa��o do marido em uma empresa energ�tica privada.
Nota da Cemig a respeito do depoimento desta quarta-feira
A Cemig esclarece que sua gerente de Compras de Materiais e Servi�os, Ivna de S� Machado de Ara�jo, n�o incorreu em situa��o de conflito de interesses. Em setembro de 2021, ap�s ser acionado pela Comiss�o de �tica da companhia, o setor de Compliance da Cemig analisou o caso de Ivna, cujo marido � s�cio da empresa TRZS Energia Participa��es. Ap�s atestar que a referida empresa n�o tem e nunca teve qualquer rela��o comercial com a Cemig, o Compliance concluiu a an�lise indicando que n�o h� conflito de interesses. A posi��o foi referendada pela Comiss�o de �tica da Cemig.A Cemig esclarece ainda que, em 2021, afastou os ent�o gestores da �rea de Suprimentos ap�s ter sido solicitada pelo Minist�rio P�blico do Estado de Minas Gerais (MPMG) a prestar informa��es sobre den�ncias relacionadas � conduta desses gestores em supostos casos de corrup��o. Esses gestores foram afastados (sem preju�zo dos vencimentos) para apura��o das den�ncias. A investiga��o do MPMG encontra-se sob sigilo. Naquele momento, a Sra. Ivna de S� Machado de Ara�jo n�o ocupava cargo gerencial na �rea de Suprimentos.
O t�tulo desta mat�ria foi trocado �s 14h36 de 14/2. A palavra 'acusado' foi substitu�da por 'suspeito' a fim de conferir precis�o jornal�stica.