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Estado de Minas INTERROGAT�RIO

CPI ouve presidente da Cemig em busca de respostas a 'situa��es estranhas'

Investiga��es entram na reta final com dia 'D' amanh� (11): depoimento de Reynaldo Passanezi, gestor da estatal, � o mais aguardado pelos deputados estaduais


10/02/2022 17:48 - atualizado 10/02/2022 18:08

Reynaldo Passanezi, presidente da Cemig
Reynaldo Passanezi (foto) � presidente da Cemig desde 2020 (foto: Guilherme Bergamini/ALMG - 9/12/21)
Os deputados estaduais que investigam a gest�o da Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) se preparam para tomar, nesta sexta-feira (11/2), o depoimento de Reynaldo Passanezi Filho, diretor-presidente da estatal. Para integrantes da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) instalada na Assembleia Legislativa a fim de apurar poss�veis irregularidades na companhia el�trica, o interrogat�rio do executivo ser� o momento mais importante dos trabalhos.

Desde que come�ou a funcionar a todo o vapor, em agosto do ano passado, a CPI segue diversas linhas investigativas. Os parlamentares se debru�am, por exemplo, sobre contratos assinados sem licita��o, a venda de subsidi�rias da Cemig - interpretada por alguns como parte de um processo de "desidrata��o da empresa para viabilizar a privatiza��o - e a poss�vel interfer�ncia do partido Novo, que abriga o governador Romeu Zema (Novo), na gest�o da energ�tica.

Depois de colher depoimentos focados em partes espec�ficas da investiga��o, os deputados esperam, com Passanezi, poder abranger todos os t�picos que os intrigam. "Esperamos que a oitiva do atual presidente da Cemig possa esclarecer diversas situa��es estranhas surgidas durante a CPI", diz, ao Estado de Minas, o deputado S�vio Souza Cruz (MDB), relator do comit�.

"Considero esse o depoimento mais importante at� agora. Trata-se da pessoa respons�vel por tudo o que estamos investigando at� agora", corrobora Professor Cleiton (PSB), vice-presidente da comiss�o e sub-relator de S�vio.

Reynaldo Passanezi assumiu o posto em janeiro de 2020, ap�s passar em processo seletivo conduzido pela Exec, empresa especializada em recrutar, no mercado, profissionais para cargos estrat�gicos. Antes de rumar � companhia p�blica mineira, o presidente atuou na colombiana ISA. A Cemig confirmou � reportagem que ele ir� � Assembleia conversar com os deputados.

Um dos pontos de aten��o do grupo diz respeito, justamente, ao processo de entrada de Passanezi na companhia. Quando a Cemig buscava uma empresa para conduzir o processo seletivo de um novo presidente, a Exec enviou uma proposta de trabalho.

O documento, por�m, foi remetido a Evandro Veiga Negr�o de Lima J�nior, secret�rio de Assuntos Institucionais do Novo em Minas Gerais, mas sem cargo na companhia ou no governo estadual.

O antigo presidente da Cemig, Cledorvino Belini, chegou a dizer aos deputados que s� soube do acordo com a Exec quando Evandro repassou a ele uma fatura de R$ 170 mil, em que a headhunter cobrava pelos servi�os prestados.

"O presidente tem que responder muita coisa. Inclusive sobre a maneira muito estranha como foi contratado", assinala Professor Cleiton.

O contrato entre a Cemig e a Exec s� foi oficializado, sete dias ap�s Passanezi assumir a presid�ncia. O documento que sugere a contrata��o tem, inclusive, a assinatura do pr�prio Passanezi. N�o houve licita��o. O aval retroativo ao acordo, chamado de convalida��o, � defendido pela empresa em virtude da necessidade de sigilo na busca por um novo presidente.

"Tenho certeza absoluta que ele vai conseguir informar e transparecer todo o trabalho feito atualmente na empresa", garante o deputado governista Z� Guilherme, do PP.

Presidente ter� que explicar contratos e vendas de ativos


Durante as investiga��es, previstas para terminar ainda neste m�s, os deputados analisaram diversos contratos sem licita��o firmados pela dire��o da companhia de luz. Um dos acordos sob suspeita foi assinado com a IBM, multinacional de tecnologia, em R$ 1,1 bilh�o.

As cifras bilion�rias dizem respeito ao controle do call center para ajudar os consumidores. O conv�nio, no entanto, foi oficializado pouco tempo ap�s a estatal romper acordo com a Audac, que havia vencido concorr�ncia para controlar o atendimento telef�nico.

Depois que tomou o controle do servi�o, a IBM repassou, via subloca��o, a responsabilidade pelas liga��es � AeC, que havia sido derrotada pela Audac em um preg�o.

A AeC � de propriedade de C�ssio Azevedo, ex-componente do secretariado estadual, que morreu em 2021 por causa de um c�ncer.

"Exatamente na gest�o dele � que tivemos esses esc�ndalos, contratos por inexigibilidade, a desidrata��o da empresa com a venda das subsidi�rias, o atraso nas obras e o fato de haver diretores e membros do partido Novo atuando no interior da Cemig - figuras estranhas ao governo e � companhia promovendo usurpa��o da fun��o p�blica", aponta Professor Cleiton, em men��o a Evandro, o dirigente do Novo.

A desidrata��o alegada pelo deputado est�, segundo as investiga��es da CPI, retratada em duas vendas feitas pela Cemig. Em janeiro do ano passado, a companhia negociou a fatia de 22,6% que controlava na Light, concession�ria el�trica do Rio de Janeiro, por R$ 1,37 bilh�o.

Em 2019, quando ainda estava vinculada � energ�tica mineira, a empresa fluminense vendeu, pelo valor simb�lico de R$ 1, a sua participa��o na Renova, especializada em fontes renov�veis de luz.

Quando dep�s aos deputados, Cledorvino Belini, o ex-manda-chuva da Cemig, expressou descontentamento com a venda da Renova. Ele revelou ter deixado o conselho de administra��o da Light, onde Minas Gerais tinha assentos, por causa da negocia��o.

Quem tamb�m compareceu � CPI foi Luis Paroli Santos, ex-presidente da Light, O executivo deixou a empresa em abril de 2019, mas criticou a venda da participa��o indireta da Cemig na Renova. "Eu j� tinha deixado a Light no momento da venda, mas sempre entendi que a venda da Renova por esse valor n�o era a melhor op��o".

 Z� Guilherme, contudo, defende Passanezi e a atual gest�o. "� um homem de mercado, profundo conhecedor do ramo de eletricidade no Brasil. Ele vem transformando e mudando de patamar a Cemig, preparando a empresa para o futuro", sustenta.

"O governo do estado est� fazendo mais de R$ 22 bilh�es em investimentos na Cemig. Todos sabemos que a empresa atende muito mal o consumidor final. � preciso mudar essa realidade", completa o pol�tico do PP.

A Cemig tem afirmado que as contrata��es feitas sem licita��o s�o permitidas pela Lei das Estatais. Ao tratar da venda da Renova, a empresa pontua que o assunto era de compet�ncia exclusiva da Light.

Sede da Cemig em BH
Contratos firmados pela Cemig t�m sido analisado por deputados; na foto, a sede da empresa (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Depois do presidente, os pr�ximos passos


Embora restem poucos dias de trabalho e as aten��es estejam voltadas � oitiva de Reynaldo Passanezi, os deputados estaduais sabem que ter�o outros eventos importantes.

Um deles � o depoimento do j� citado Evandro Negr�o, esperado nesta semana, mas ausente por causa de uma viagem. O dirigente do Novo, que garantiu estar � disposi��o da CPI a partir da pr�xima semana, tem sido recorrentemente citado por ser s�cio do marido de uma gerente da estatal em uma usina de energia fotovoltaica.

Outro momento esperado � a inquiri��o a Maur�cio Dall'Agnese, presidente da Cemig Participa��es Minorit�rias (CemigPar), bra�o que cuida das fatias possu�das pela energ�tica em outras empresas. � justamente a� que v�o ganhar for�a os questionamentos sobre as vendas da Renova e da Light.


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