
Segundo fontes ouvidas pelo Correio, o indulto foi uma resposta do chefe do Executivo ao que considera "excessos e erros" do Supremo Tribunal Federal (STF). E abre mais uma frente de embate com o Poder Judici�rio, gesto que agrada � base de eleitores de Bolsonaro.De acordo com essas mesmas fontes, sempre que o presidente tem a op��o de confrontar o Judici�rio, ele parte para esse caminho. Desta vez, com forte apoio da ala militar — representada pelo general Braga Netto — e subsidiado pelo ministro da Justi�a, Anderson Torres, e pelo advogado-geral da Uni�o, Bruno Bianco. Mas n�o se fala, no Planalto, em ruptura institucional.
"O Supremo � que vai ser o causador da crise institucional. A gra�a est� prevista na Constitui��o, em v�rios pa�ses � assim", disse uma dessas fontes. "Isso faz parte do sistema de freios e contrapesos do Estado democr�tico. O STF julgou errado, o presidente concede a gra�a."
Apesar de n�o terem sido consultadas, as principais lideran�as do PP e do PL — os maiores partidos da base do governo — apoiaram a edi��o do decreto.
Silveira foi condenado pela Corte por ataques � democracia e amea�as a ministros do Supremo e a institui��es. Por 10 x 1, o plen�rio sentenciou o parlamentar a oito anos e nove meses de pris�o em regime fechado, perda do mandato e dos direitos pol�ticos e multa de R$ 200 mil.
A decis�o provocou rea��es n�o apenas no seio do bolsonarismo, como tamb�m na ala militar palaciana, que acumula cr�ticas � atua��o do STF e vincula decis�es judiciais contr�rias aos interesses do governo a um suposto ativismo pol�tico dos ministros da Corte.
Do ponto de vista eleitoral, manter a crise entre os Poderes em temperatura elevada interessa a Bolsonaro, que alimenta sua base ideol�gica, seus apoiadores nas redes sociais e, ao mesmo tempo, afaga a ala militar, independentemente dos desdobramentos do caso. Se o Supremo reconhecer o poder discricion�rio do chefe do Executivo, ele ter� enviado aos seus seguidores a mensagem de que h� prote��o institucional para a dissemina��o da ideologia bolsonarista. Se o decreto for suspenso, acirrar� a tens�o entre o Planalto e o STF, que tamb�m interessa ao presidente fomentar.
Bolsonaro articula uma chapa � reelei��o com um militar para vice-presidente, que pode ser o general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e atual assessor direto do presidente, no Planalto. O general � uma das vozes mais contundentes contra decis�es do Supremo e, em diversas ocasi�es, defendeu o "poder moderador" das For�as Armadas. Tamb�m se envolveu em embates p�blicos com ministros da Corte ao sugerir que as elei��es de outubro poderiam "n�o ocorrer" caso o voto impresso n�o fosse aprovado.