
"Estou convencido de que esta elei��o terminar� com uma base (aliada) superior a 45 deputados - pode, inclusive, ser superior a 50. N�o � um compromisso propriamente com o governo, mas com o que a popula��o percebeu que est� dando certo", disse o postulante � vice-governadoria.
Depois de concorrer isolado em 2018, o Novo, agora, � sustentado por uma coaliz�o que tem outros nove partidos, como MDB, PP, Podemos e Avante. Sim�es defende maior alinhamento do partido a pol�ticas para combater as mazelas sociais. O jornalista Eduardo Costa (Cidadania), cotado para ser o vice em articula��o que n�o prosperou, poderia, segundo o parceiro de Zema, potencializar a rela��o entre o governo e os problemas resultantes das desigualdades.
"Ele (Costa) tem essa sensibilidade social que falta um pouco ao Novo. Temos tentado construir isso de alguma forma, mas � uma cr�tica que a gente aceita de peito aberto: o Novo precisa ter mais profundidade na an�lise dos problemas sociais mais agudos", defendeu.
A seguir, os principais trechos da entrevista, que pode ser vista na �ntegra no canal do Portal Uai no YouTube:
Zema queria um vice de outro partido. Houve conversas com Eduardo Costa (Cidadania), mas o acordo n�o aconteceu. O senhor, por sua vez, tinha a indica��o defendida por setores do Novo. Como foi o processo que resultou na chapa Zema/Sim�es?
Levei ao governador (o nome de Costa). Infelizmente, o Cidadania est� federado ao PSDB, que n�o liberou o Eduardo. O Novo tinha a prefer�ncia por um nome de consenso - e fico feliz que o nome fosse o meu. Eu j� estava bem convencido de que Eduardo seria um bom nome. Quando o PSDB inviabilizou esse movimento, parecia mais l�gico que o nome fosse o meu, at� para manter todos os nossos aliados atendidos - ou ningu�m desatendido. Ficaria complicado escolher um candidato de um dos partidos da coliga��o, pois qualquer outro partido se sentiria desprestigiado, porque isso n�o foi uma constru��o natural - que era trazer algu�m de fora.
Que vantagens e desvantagens Zema teria se Costa fosse o candidato a vice? O que sua entrada na chapa acarreta em termos de vantagens e desvantagens?
A vantagem de trazer Eduardo � que eu estaria no governo de qualquer forma. Traz�-lo, era trazer mais um. Eduardo tem for�a de conhecimento na Regi�o Metropolitana maior do que a minha. Sou at� bem conhecido na Metropolitana, mas ele � ainda mais. Ele tem uma densidade pol�tica que poderia se somar � nossa. Ele tem, tamb�m, essa sensibilidade social que falta um pouco ao Novo. Temos tentado construir isso de alguma forma, mas � uma cr�tica que a gente aceita de peito aberto: o Novo precisa ter mais profundidade na an�lise dos problemas sociais mais agudos.
A gente sempre trabalha na linha de que vamos resolver os problemas sociais a partir do emprego e do investimento. Tenho certeza que, a longo prazo, � verdade. Mas temos problemas muito agudos, como as cracol�ndias e o aumento dos moradores de rua, que demandam uma interven��o com um cuidado com a pessoa que, na l�gica da constru��o de pol�tica p�blica, o Novo ainda n�o est� preparado o suficiente.
O Novo surgiu dizendo querer romper com velhas pr�ticas - e h� candidatos no partido que n�o usam o Fundo Eleitoral. A coliga��o de Zema tem dez partidos. Isso n�o pode soar como contradi��o ao eleitor ou a necessidade de ter uma coaliz�o faz parte dos ensinamentos que o Novo colheu ao entrar no governo
� um aprendizado. O estatuto do Novo sempre proibiu a coliga��o proporcional, hoje proibida por lei a todos os partidos. (O Novo) autorizava coliga��es majorit�rias, mas nunca praticou. S� que assumir o governo nos for�ou a uma maturidade de perceber que precisamos construir em conjunto. Uma coisa sempre cobrada pelos partidos da base (aliada) era que, de alguma forma, parecia que o Novo n�o queria se misturar a eles. O ambiente do Executivo demanda concilia��o para avan�ar.
Os partidos da coliga��o assinaram um termo de compromisso com o plano de governo de Zema. N�o significa que concordamos em tudo, mas chegamos a um m�nimo comum que justificasse caminhar lado a lado, como algumas premissas - como n�o usar dinheiro p�blico na campanha do governador.
Ent�o, em caso de reelei��o, os outros partidos da coliga��o j� v�o entrar para a base aliada? A rela��o com a Assembleia foi um dos problemas de Zema neste mandato.
O compromisso dos partidos � esse. Temos v�rios deputados do PSD, do nosso maior advers�rio, Kalil, e do PSDB, de Marcus Pestana, fazendo campanha p�blica. Deputados do Cidadania e (alguns) do PL tamb�m, em um compromisso p�blico de apoiarem as pautas do governo quando voltarem � Assembleia. Estou convencido de que esta elei��o terminar� com uma base superior a 45 deputados - pode, inclusive, ser superior a 50. N�o � um compromisso propriamente com o governo, mas com o que a popula��o percebeu que est� dando certo.
O senhor falou sobre a necessidade de o Novo se aprofundar nos 'problemas sociais'. Em Minas, o governo e a Assembleia constru�ram programas de transfer�ncia de renda por causa da pandemia. O momento do pa�s n�o pede a institui��o de uma renda b�sica estadual?
A decis�o do governo, at� aqui, at� pelo estado ter restri��es or�ament�rias, � tentar um caminho onde, em vez de classificar as pessoas pela renda, haja mapeamentos regionais de condi��o de mobilidade social. Acreditar que dar dinheiro para uma pessoa em situa��o de mis�ria em BH vai ter o mesmo efeito que dar dinheiro a algu�m em situa��o de mis�ria nos vales do Jequitinhonha e Mucuri � uma ignor�ncia. A pessoa que est� em BH, se conseguir reorganizar a vida dela, provavelmente consegue um emprego. Quem est� no Mucuri ou no Jequitinhonha, n�o. Se abordarmos o problema da mis�ria nas diferentes regi�es de Minas com o mesmo tipo de pol�tica - e a transfer�ncia de renda � sempre uniforme - acabo deixando pessoas para sempre dependentes do programa social.
Temos o mapeamento das regi�es mais pobres do estado e daquelas com o IDH mais comprimido, para que ali tenhamos programas que contemplem renda, sim, mas tamb�m cestas b�sicas, forma��o e gera��o de empregos. BH e Uberl�ndia n�o precisam desse pacote completo. H� gente miser�vel em BH e Uberl�ndia, mas n�o preciso de uma ressignifica��o econ�mica nessas cidades. Eventualmente, preciso ajudar essa pessoa a se qualificar melhor para encontrar o emprego certo. Mas n�o preciso levar as empresas, pois elas j� est�o l�.
Mas o que fazer para ajudar de imediato quem est� na mis�ria em BH e Uberl�ndia?
Eles v�o continuar tendo o nosso apoio atrav�s do Servas e da Sedese em programas ligados, especialmente, � seguran�a alimentar. Transfer�ncia de renda � uma coisa que n�o conseguimos fazer hoje. Temos grande apoio em distribui��o de renda, aloca��o de pessoas em servi�os de prote��o, mas n�o h� condi��o de fazer transfer�ncia de renda fora das �reas de muita compress�o social. Por quest�o financeira. O Novo defende a transfer�ncia de renda nacional. O valor, talvez, seja uma quest�o que o partido discuta, porque o pa�s n�o tem or�amento para a �ltima aprova��o (R$ 600 ao m�s).
Por causa do Regime de Recupera��o Fiscal, servidores e entidades temem desinvestimentos em pol�ticas p�blicas e uma esp�cie de apag�o social no estado. O que leva o governo a crer que isso n�o vai acontecer?
Discutiremos com tranquilidade quando o projeto estiver em discuss�o na Assembleia no ano que vem, mas tanto n�o � verdade que o pr�prio STF, guardi�o da Constitui��o, diz que temos o direito de aderir. H� comprometimento pior do que pagar R$ 40 bilh�es de uma vez ao governo federal? S�o dez folhas salariais do estado. N�o h� nada pior para o servidor do que ter de pagar a d�vida de uma s� vez. O que queremos � um compromisso de n�o gastar mais do que arrecadamos. Isso n�o compromete o reajuste dos servidores, porque a recomposi��o inflacion�ria n�o significa aumento de despesa.
A proposta n�o � nenhuma loucura. A lei prev� que vamos pagar (a d�vida) em 30 anos se n�o gastarmos mais do que o arrecadado. Algumas coisas v�o ter de ser vendidas, como a Codemig, engavetada na Assembleia, mas que gera a folga para renegociar a d�vida.
Se houver 2° turno entre Bolsonaro e Lula, Zema manifestar� apoio ao atual presidente?
O Novo continua firme - e o governador est� ao lado disso - em mostrar que � poss�vel uma constru��o fora da dicotomia Lula-Bolsonaro. Nosso candidato, Felipe d'Avila, � t�o respeitado que, se prestarmos aten��o ao debate (de domingo) ele passa indene de cr�ticas diretas ou de 'cutucadas' entre candidatos. Ele trabalhou na confec��o de grande parte dos grandes programas de governo implantados no pa�s. Se houver segundo turno, vamos avaliar o que o campo apresenta e iremos nos realinhar. O governador j� repetiu algumas vezes: n�o tem cen�rio em que a gente possa caminhar ao lado do PT, que fez com o estado o que tivemos de consertar.