
Em segundo lugar nas principais pesquisas de inten��o de voto, atr�s do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), Bolsonaro refor�ou a ofensiva de ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e insistiu na acusa��o de boicote de algumas emissoras de r�dio na veicula��o da propaganda eleitoral.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, rejeitou nesta quarta-feira (26) a a��o apresentada pela campanha, destacou a aus�ncia de provas e disse que ela se baseava em levantamento de empresa "n�o especializada em auditoria".
O ministro ainda apontou poss�vel "cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua �ltima semana" e mandou o caso para ser avaliado dentro do inqu�rito das mil�cias digitais, que � relatado por ele mesmo no STF (Supremo Tribunal Federal).� noite, Bolsonaro prometeu recorrer at� o fim e disse que seu partido deve contratar uma terceira empresa de consultoria para analisar os casos.
"Com toda a certeza, nosso jur�dico deve entrar com recurso, j� que foi para o Supremo Tribunal Federal. Da nossa parte, iremos �s �ltimas consequ�ncias, dentro das quatro linhas da Constitui��o, para fazer valer aquilo que as nossas auditorias constataram, que h� realmente um enorme desequil�brio no tocante �s inser��es. Isso obviamente interfere na quantidade de votos no final da linha", afirmou Bolsonaro.
Ele mudou sua agenda ao longo do dia e convocou ministros e os tr�s comandantes de For�as Armadas para uma reuni�o no Pal�cio da Alvorada antes de se pronunciar. Saiu sem responder a perguntas de jornalistas.
O presidente criticou Moraes dizendo que ele "matou no peito" ao tomar a decis�o contr�ria � a��o e afirmou que uma equipe de sua campanha havia virado a noite (incluindo ele, que afirmou ter dado umas "cochiladas") para levantar os elementos pedidos pelo presidente do TSE.
� noite, Bolsonaro recebeu o chefe da miss�o de observa��o da OEA (Organiza��o dos Estados Americanos) junto ao TSE, que tamb�m se reunir� com Lula.
A ideia da campanha do presidente �, nos pr�ximos dias, explorar o epis�dio das inser��es em r�dios para refor�ar a tese de que o presidente foi prejudicado e n�o enfrentou um pleito equilibrado contra o petista.
A contesta��o sobre a propaganda eleitoral foi apresentada pela equipe do presidente no come�o da noite de segunda-feira (24), 25 horas depois da pris�o do aliado Roberto Jefferson, que resistiu � pris�o, jogou granadas e deu mais de 50 tiros em policiais federais, num epis�dio de viol�ncia que gerou desgaste na campanha de Bolsonaro.
O levantamento feito pela coliga��o de Bolsonaro sobre as inser��es n�o comprova a alega��o de boicote das r�dios e tem fragilidades. As emissoras j� come�aram a contestar os dados da auditoria. Uma das r�dios afirma que o PL deixou de entregar as inser��es durante um per�odo -e por isso elas n�o foram veiculadas.
A campanha de Bolsonaro avalia que o epis�dio permite que o presidente volte a se apresentar como candidato anti-sistema e perseguido pelo Judici�rio.
Moraes encaminhou a decis�o de rejeitar a a��o da campanha � Procuradoria-Geral Eleitoral e ao corregedor-geral do TSE. "Para instaura��o de procedimento administrativo e apura��o de responsabilidade, em eventual desvio de finalidade na utiliza��o de recursos do fundo partid�rio dos autores", disse.
Em com�cios em Minas Gerais nesta quarta, Bolsonaro falou em "manipula��o dos resultados" com "o dedo" do PT e voltou a insinuar que poder� n�o aceitar o resultado do pr�ximo domingo.
"Mais uma do TSE. Voc�s est�o acompanhando. As inser��es do nosso partido que n�o foram passadas em dezenas de milhares de r�dios pelo Brasil. Sou v�tima, mais uma vez. Onde poderiam chegar as nossas propostas nada chegou", afirmou durante discurso em Te�filo Otoni, no interior de Minas.
A campanha de Bolsonaro ainda deve apresentar ao TSE uma Aije (A��o de Investiga��o Judicial Eleitoral) sobre o caso das r�dios. Esse tipo de procedimento pede para a corte abrir uma apura��o sobre suposto abuso de poder e tem poder de cassar a chapa advers�ria.
A tramita��o de uma a��o desse tipo, por�m, � lenta. Para punir a chapa de Lula seria preciso provar que houve uma a��o orquestrada da campanha petista para promover a suposta fraude nas r�dios.
Ainda assim, apresentar a Aije seria a forma de a campanha de Bolsonaro manter vivo o questionamento sobre o equil�brio das elei��es mesmo depois do segundo turno.
Coordenador da campanha e filho do presidente, o senador Fl�vio Bolsonaro (PL-RJ) j� afirmou que o caso deveria levar � cassa��o da chapa do petista.
"O roubo das inser��es de r�dio � batom na cueca do PT: abuso de poder econ�mico cl�ssico! Registro da chapa do PT tem que ser cassado", escreveu o parlamentar nas redes sociais.
Uma medida ainda mais dr�stica, defendida por apoiadores mais radicais nas redes sociais, seria pedir o adiamento das elei��es para que fosse poss�vel repor o tempo perdido por Bolsonaro nas r�dios.
Aliados n�o descartam a possibilidade de Bolsonaro embarcar nesse movimento a fim de tensionar ainda mais a rela��o com a Justi�a Eleitoral e criar um argumento contra a corte em caso de derrota.
De qualquer forma, integrantes da campanha do presidente admitem a interlocutores que um pedido nesse sentido n�o teria chances de prosperar no Judici�rio.
Parte do n�cleo pol�tico da campanha de Bolsonaro avalia, por�m, que � um equ�voco apostar todas as fichas na tese do boicote. Para eles, � um erro usar o caso como a grande estrat�gia da reta final da elei��o para reverter a derrota para Lula sofrida no primeiro turno.
H� uma avalia��o de que o tema das inser��es e as queixas contra o TSE passam ao eleitor o sentimento de derrota e des�nimo � milit�ncia nesta reta final.
A an�lise � que um discurso voltado para a economia e para promessas de melhoria da vida da popula��o mais pobre teria mais efeito do que refor�ar o enfrentamento com o TSE.
O confronto com a corte vem sendo feito por Bolsonaro desde antes do per�odo eleitoral e j� envolveu tamb�m a defesa de voto impresso e questionamentos � confiabilidade das urnas eletr�nicas.
Auxiliares na campanha disseram � Folha que receberam relatos de supostos problemas nas inser��es nas r�dios ao longo do primeiro turno. Mas foi apenas nas duas primeiras semanas do segundo que a tese bolsonarista foi estruturada.
O n�cleo da campanha passou a ter uma disputa mais acirrada pela comunica��o no segundo turno. Por um lado, os filhos do presidente e o publicit�rio Sergio Lima. De outro, integrantes da ala pol�tica e F�bio Wajngarten, ex-secret�rio de Comunica��o da Presid�ncia.
A empreitada das inser��es, contudo, contou com o apoio de integrantes das duas alas. Ela foi tocada pelo ministro das Comunica��es, F�bio Faria, e por Wajngarten.
Levar adiante acusa��es sobre o suposto boicote das r�dios ainda contou com o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente.
Em outra frente, parlamentares bolsonaristas est�o recolhendo assinaturas para uma CPI que busca investigar as den�ncias da campanha do presidente. A lideran�a do PP, partido do presidente da C�mara, Arthur Lira, enviou mensagem a deputados da bancada pedindo apoio ao requerimento.
