
Em decis�o do s�bado (12/11), Moraes mandou bloquear contas banc�rias ligadas a 43 pessoas e empresas suspeitas de envolvimento com os protestos que questionam o resultado das elei��es.
Ao todo, as doa��es feitas por esses investigados atingiram R$ 1,04 milh�o. Bolsonaro foi o campe�o de doa��es privadas neste ano, com R$ 88,2 milh�es recebidos de pessoas f�sicas. Muitos desses repasses vieram do agroneg�cio, setor do qual vem parte significativa dos alvos de Moraes.
As manifesta��es pedem interven��o das For�as Armadas para impedir a posse do presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT), que venceu as elei��es deste ano com 50,9% dos votos v�lidos no primeiro turno, contra 49,1% de Bolsonaro.
A maior doa��o entre os atingidos pela decis�o de Moraes foi feita por Atilio Rovaris, s�cio da Transportadora Rovaris. Ele repassou, sozinho, R$ 500 mil para a campanha de Bolsonaro. A Folha de S. Paulo tentou contato com o empres�rio por meio da sua empresa, mas n�o houve resposta.
Rovaris chegou a se encontrar com Bolsonaro em 21 de maio, quando participou de um almo�o de empres�rios do agroneg�cio com o presidente. A doa��o para a campanha presidencial foi feita em 11 de outubro, no segundo turno das elei��es.
A investiga��o identificou seis caminh�es da sua empresa na manifesta��o que ocorre em frente ao Quartel-General do Ex�rcito, em Bras�lia. H� pessoas acampadas no local desde pouco depois do segundo turno e h� uma grande �rea reservada para caminh�es estacionarem.
A segunda maior doa��o foi feita por Ilo Pozzobon, s�cio da Fermap Transportes, outro alvo de Moraes no inqu�rito que investiga os financiadores dos atos antidemocr�ticos.
Ele doou R$ 122 mil para Bolsonaro em tr�s remessas diferentes. A primeira, em 13 de setembro, foi de R$ 2,2 mil. Depois, em 11 de outubro, foram mais R$ 22,2 mil. A maior doa��o aconteceu nas v�speras do segundo turno, em 26 de outubro, quando o empres�rio transferiu R$ 97,8 mil para a campanha.
Procurado, Pozzobon n�o quis se pronunciar. A Fermap Transportes tinha dois de seus caminh�es na manifesta��o em frente ao QG do Ex�rcito.
A terceira maior doa��o foi de R$ 100 mil, feita por Sergio Bedin em duas transfer�ncias de R$ 50 mil, sendo uma para o primeiro turno e outra para o segundo. Bedin � um alvo direto da opera��o, ao contr�rio dos dois primeiros casos nos quais as empresas foram citadas.
Um ve�culo de Bedin � mencionado na investiga��o. O empres�rio n�o respondeu a questionamentos feitos pela reportagem.
Ao todo, 234 caminh�es s�o listados pela Secretaria de Seguran�a P�blica do Distrito Federal. Eles foram identificados a partir do "monitoramento preventivo da seguran�a p�blica e n�o relacionadas a infra��es de tr�nsito cometidas".
Na decis�o de Moraes, o ministro aponta que as manifesta��es nas quais caminhoneiros bloquearam diversas rodovias "n�o podem obstar o exerc�cio, por parte do restante da sociedade, dos demais direitos fundamentais, configurando-se claramente abusivo o exerc�cio desses direitos que impe�am o livre acesso das demais pessoas aos aeroportos, rodovias hospitais, por exemplo".
Em 2 de novembro, tr�s dias depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sacramentar Lula como o vencedor das elei��es, a PRF (Pol�cia Rodovi�ria Federal) j� tinha desfeito 631 pontos de bloqueio.
No mesmo dia, Bolsonaro fez um pronunciamento em v�deo no qual pediu para que as interdi��es em estradas fossem desfeitas. Ele n�o condenou, entretanto, o tom antidemocr�tico dos atos e chegou a dizer que "os protestos, as manifesta��es s�o muito bem-vindas. Fazem parte do jogo democr�tico".
A PRF foi acusada de leni�ncia em lidar com os bloqueios. Parte das acusa��es se deve ao fato de, no dia do segundo turno, a PRF organizar opera��es sobretudo no Nordeste - basti�o eleitoral de Lula - vistas como tentativas de supress�o do direito a voto.
O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, que no dia do segundo turno fez uma postagem em favor de Bolsonaro, � investigado pela possibilidade de ter usado a corpora��o para o benef�cio de um candidato.