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Posse de Lula ser� segura, mas exige precau��es, diz chefe da seguran�a do DF

Polariza��o pol�tica e discursos inflamados de opositores do petista justificam medidas de precau��o, afirma J�lio Danilo


22/11/2022 04:45 - atualizado 22/11/2022 08:54

Visão da Praça dos Três Poderes a partir dos arcos do Palácio do Planalto
Vis�o da Pra�a dos Tr�s Poderes a partir dos arcos do Pal�cio do Planalto (foto: Flickr)
O secret�rio de Seguran�a P�blica do Distrito Federal, J�lio Danilo, disse � Folha de S.Paulo que, apesar dos "riscos naturais", a posse do presidente eleito Luiz In�cio Lula da Silva (PT) ser� segura.

Para ele, a polariza��o pol�tica e os discursos inflamados de opositores do petista justificam medidas de precau��o. Entre elas, a decis�o de se fazer linhas de revista, para que todo o p�blico na Esplanada dos Minist�rios seja fiscalizado pelas for�as de seguran�a.

"O presidente desfila em carro aberto, p�blico muito grande. Fica sempre aquele temor, se algu�m vai tentar atacar. Mas vai ser bem planejado, a gente tem costume de fazer esse tipo de seguran�a", disse.

 

"[As pessoas que querem ir � posse] podem se sentir seguras. N�s estamos prontos para oferecer seguran�a �s pessoas. A democracia � assim", completou.

Delegado da PF (Pol�cia Federal), J�lio Danilo ainda afirma que n�o h� tratamento desigual entre as manifesta��es da esquerda e os atos antidemocr�ticos em frente ao QG do Ex�rcito, que pedem um interven��o para impedir a posse de Lula.

"N�s tivemos o resultado das elei��es, vem essas manifesta��es e uma onda de amea�a de invas�o a pr�dios p�blicos, amea�a aos Poderes da Rep�blica. A gente faz o poss�vel para que isso n�o ocorra", completou.

Ele disse ainda que a atribui��o para apurar as ilegalidades dos protestos � da Pol�cia Federal, e n�o do DF, e que a �rea ocupada pela manifesta��o em Bras�lia � de responsabilidade dos militares.

 

PERGUNTA - Como o senhor v� as manifesta��es que est�o sendo feitas na frente do QG do Ex�rcito?

J�LIO DANILO - Essas manifesta��es que est�o ocorrendo hoje come�aram de forma diferente. Eles foram para frente do QG e come�aram a se estabelecer. A diferen�a � que l� � �rea militar. Todo o Setor Militar Urbano � da gest�o do Ex�rcito Brasileiro.

[No QG do Ex�rcito] eu n�o posso simplesmente atuar diretamente, tem que ser sempre em coordena��o com eles. Se [a manifesta��o] � na �rea central [de Bras�lia], a gente pega, fala que n�o pode [fazer instala��es] e decide como proceder.

N�s tivemos tamb�m os bloqueios [de rodovias] aqui em Bras�lia, mas conseguimos desfazer rapidamente. Come�ou numa segunda-feira, n�s mapeamos e na ter�a-feira de manh� j� n�o tinha bloqueio.

 

 

P. - Teve a chegada daqueles 115 caminh�es na semana passada. Essa movimenta��o preocupa?

JD - Com a vinda dos caminh�es, a gente ficou um pouco assustado. N�o digo assustado, e sim atento, porque tivemos o epis�dio do 7 de Setembro [de 2021], quando eles ocuparam a �rea central, ficaram durante um tempo [na Esplanada dos Minist�rios]. Deu trabalho para desocupar.

Ent�o, quando eles estavam vindo a gente come�ou a fazer contatos. Falei com o povo do Mato Grosso, Goi�s, Bahia. Eles foram monitorados, a Pol�cia Rodovi�ria Federal foi passando informa��o, e conseguimos interceptar os caminh�es na entrada da cidade.

Surgiram demandas para a gente impedir a entrada dos caminh�es na cidade, mas � o direito de ir e vir, n�? O jeito foi encontrar um espa�o para que os ve�culos ficassem parados e monitorar.

 

P. - Teve a chegada dos 115 caminh�es em comboio, tem comida de gra�a para os manifestantes na porta do QG do Ex�rcito. S�o ind�cios de que h� uma organiza��o por tr�s dos atos?

JD - As lideran�as s�o muito esparsas, voc� tem diversos grupos e pessoas. Tem alguns mais efusivos, que trazem caixa de som e carro e tentam inflamar, outros mais tranquilos. Chegaram alguns caminhoneiros de fora muito mais agitados e querendo ir para a �rea central da cidade. Eu tive de mandar negociador l� e disse "tira isso da cabe�a [dos manifestantes], n�o vai sair do SMU (Setor Militar Urbano)".

 

P. - Numa decis�o sobre as manifesta��es, Moraes cita um artigo da nova Lei de Seguran�a Nacional que fala em "tentar, com emprego de viol�ncia ou grave amea�a, abolir o Estado Democr�tico de Direito". Como o senhor observa as manifesta��es do ponto de vista legal?

JD - Eu n�o sei se eu posso fazer essa an�lise, at� porque esse tipo penal � um tipo de atribui��o da Pol�cia Federal, n�o seria nossa. E as manifesta��es est�o ocorrendo dentro da �rea militar, ou seja, nossa atribui��o na Secretaria de Seguran�a P�blica est� sendo cumprida. Seria uma avalia��o muito particular.

Tem que buscar elementos concretos para que a gente pudesse fazer adequa��o do fato ao tipo penal -e isso seria atribui��o da Pol�cia Federal. Eventualmente, cometimento de crimes dentro dessa �rea militar pode ser considerado um crime militar. Eu n�o tenho como fazer essa avalia��o.

 

P. - N�o h� um tratamento diferenciado das for�as de seguran�a neste movimento em compara��o com atos da esquerda?

JD - Da nossa parte, n�o houve tratamento diferente. Se quisessem se estabelecer, montar barraca na �rea central de Bras�lia, nem de direita a gente tem permitido isso. Eu n�o considero que a gente fa�a tratamento desigual.

 

P. - O Comando Militar do Planalto chegou a pedir ajuda para limpeza urbana, e um dos objetivos era mitigar o com�rcio dos ambulantes. Mas a estrutura segue crescendo, e os ambulantes continuam. Como tem sido feito o trabalho?

JD - O DF Legal atuou l� [no controle dos ambulantes]. O problema � que a gente tenta reprimir o com�rcio ambulante, o pessoal retira [as mercadorias], mas passa meia hora e o pessoal volta.

 

P. - A Pra�a dos Tr�s Poderes est� interditada, por causa dos caminh�es. Como garantir a seguran�a dos pr�dios e autoridades sem retirar o contato da popula��o com a cidade?

JD - Eu tamb�m estou incomodado com a pra�a fechada, mas � uma a��o preventiva. Tem um pedido formal do Supremo [Tribunal Federal] para que a gente mantenha [o espa�o] fechado. Tem v�rios caminh�es na cidade e, apesar de estar tudo sob controle, a gente preferiu manter a Pra�a dos Tr�s Poderes fechada. A gente vive um momento diferente. N�s tivemos o resultado das elei��es, vem essas manifesta��es e uma onda de amea�a de invas�o a pr�dios p�blicos, amea�a aos Poderes da Rep�blica. A gente faz o poss�vel para que isso n�o ocorra.

 

P. - Como est�o se planejando para a posse?

JD - A equipe de transi��o, inclusive com a primeira-dama, � que vai preparar a festa. Toda a seguran�a do per�metro � responsabilidade nossa. Controle de tr�nsito, de acesso das pessoas. A gente vai botar uma linha de revista -� natural, isso ocorre em toda a manifesta��o-, para evitar que algu�m entre com canivete, com arma, fogos de artif�cio.

 

P. - Na campanha, a PF colocou o Lula na classifica��o de risco n�vel 5, a mais alta. Para esse per�odo de transi��o e posse, continua grande a preocupa��o?

JD - Na campanha a exposi��o � muito maior, o pr�prio candidato quer ter contato com o p�blico. Quando voc� sai da campanha, consegue fazer um controle maior. Na campanha, � o caos quando o pol�tico quer sair, abra�ar e beijar -aquilo � um risco tremendo.

Eu acho que ainda est� muito polarizado. A gente v� que as pessoas est�o com discurso muito inflamado. Ent�o eu acho que tem um risco natural, n�o se pode descuidar disso.

Por isso n�s tomamos todas as precau��es. Mas � aquilo: o presidente desfila em carro aberto, p�blico muito grande. Fica sempre aquele temor, se algu�m vai tentar atacar. Mas vai ser bem planejado, a gente tem costume de fazer esse tipo de seguran�a.

 

P. - O cen�rio ideal � que n�o tenha mais manifesta��o at� a posse?

JD - Pode ocorrer, mas temos bastante tempo at� l�. A gente acha que [o n�mero de caminh�es] pelo menos ser� reduzido at� janeiro, falta um m�s e meio [para a posse]. Se quiserem tentar algum tipo de confronto, a gente vai verificar essa situa��o para evitar. Mas � o que eu falo: n�s n�o tivemos nenhum tipo de situa��o parecida com essa nos �ltimos quatro anos.

 

P. - As pessoas que querem ir � posse podem se sentir tranquilas?

JD - Podem se sentir seguras. N�s estamos prontos para oferecer seguran�a �s pessoas. A democracia � assim.

 

P. - A conversa de que o ministro da Justi�a, Anderson Torres, volta para o Governo do Distrito Federal tem fundamento?

JD - Eu acho que h� conversas nesse sentido, at� porque o ministro j� esteve no GDF (Governo do Distrito Federal), fez um �timo trabalho quando passou por aqui, apresentou bons �ndices. E, mudando o governo, l�gico que h� a possibilidade de ele voltar. O governador sempre gostou muito dele, existe essa possibilidade.

 

P. - A identifica��o do Anderson com o Bolsonaro pode atrapalhar o trabalho da Secretaria de Seguran�a P�blica?

JD - � comum a parceria da pasta com o governo federal. Eu acho que quando a gente se comporta de forma t�cnica, tentando buscar a atua��o voltada ao atendimento do interesse p�blico, eu acredito que a gente consegue quebrar algumas resist�ncias. N�o tenha d�vida que ele estava em um governo de oposi��o [ao Lula] e, logicamente, quem est� no DF tem que fazer essa interlocu��o com o governo federal.

O ministro Anderson � habilidoso e acho que vai conseguir, dependendo da pasta, se relacionar mais ou menos com o governo federal, mas tem possibilidade de ele superar essa diferen�a.

 

RAIO-X

J�LIO DANILO SOUZA FERREIRA, 46

� formado em direito e delegado da Pol�cia Federal desde 2002. Est� secret�rio de Seguran�a P�blica do Distrito Federal desde mar�o de 2021. Na PF, j� passou por v�rios setores e chefiou �reas como a de Investiga��o de Desvios de Produtos Qu�micos e a de Opera��es de Repress�o a Drogas. Tamb�m foi adido na Bol�via.


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