
O relat�rio em posse do Minist�rio da Justi�a tamb�m lista funcion�rios como frequentadores do acampamento golpista no Quartel-General do Ex�rcito em Bras�lia. O documento indica ainda manifesta��es deles nas redes sociais.
O mesmo dossi� produzido pela equipe de transi��o tamb�m apontou ao menos oito militares da ativa lotados na Presid�ncia durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) que compareceram aos atos antidemocr�ticos e ao QG do Ex�rcito.
"H� informa��es internas do Pal�cio do Planalto de que outros servidores da Diretoria de Tecnologia, da Secretaria de Administra��o da Presid�ncia da Rep�blica, bem como funcion�rios de outras unidades da Presid�ncia da Rep�blica teriam participado de manifesta��es antidemocr�ticas em frente ao QG do Ex�rcito ou em redes sociais", diz trecho do documento ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso.
Mapeamento
O documento foi produzido durante a transi��o com base em conversas obtidas de grupos de WhatsApp e acompanhamento de redes sociais.
Nele, constam fotos de cada um dos servidores acompanhados de suas respectivas fun��es, com exce��o de um caso no qual o cargo n�o foi identificado e outro sem especifica��o da �rea em que o funcion�rio atua.
Dos 18 servidores citados no documento, 16 ainda permanecem lotados em cargos comissionados na Presid�ncia --dois foram exonerados desde o in�cio de janeiro.
Quatro deles, quando procurados pela Folha, negaram ter participado de atos golpistas ou frequentado o QG do Ex�rcito. Outros dois disseram s� ter passado nos arredores do QG, mas sem participar das manifesta��es.
Secom
A Folha procurou a Secom (Secretaria de Comunica��o Social da Presid�ncia) para questionar o motivo da manuten��o dos servidores, uma vez que integrantes do pr�prio governo mapearam a atua��o deles nos atos golpistas.
Em nota, o �rg�o afirmou que "condena com veem�ncia os atentados �s institui��es democr�ticas no Brasil" que ocorreram no �ltimo dia 8 em Bras�lia e que defende que "todas as pessoas envolvidas sejam investigadas e punidas, nos termos da lei, sendo assegurado a todos o amplo direito de defesa".
A Secom disse ainda que os servidores identificados n�o ingressaram na Presid�ncia na atual gest�o. "O envolvimento de cada um deles ser� devidamente apurado pelos �rg�os competentes e as medidas cab�veis ser�o tomadas."
O argumento utilizado reservadamente para explicar a perman�ncia � que o governo aguarda esta ter�a-feira (24), quando ser� feita uma reforma organizacional. De acordo com pessoas que acompanham o tema, servidores em cargos comissionados ligados � antiga gest�o ser�o exonerados depois da reorganiza��o.
A Folha conversou com dois servidores listados no dossi� que foram exonerados neste m�s. S�rgio Bastos Dytz, que era lotado na Secretaria-Geral da Presid�ncia, afirma que isso � "coisa do passado" e que esteve uma vez no acampamento "no comecinho, logo quando come�ou, num domingo � noite". Ele n�o soube dizer exatamente a data.
"N�o participei de nada, n�o. Fui l� visitar, ver como � que era, o que � que tinha, mas em contato com ningu�m", afirmou. "Fui apoiar a candidatura do presidente Bolsonaro na �poca em que ele estava concorrendo a presidente. S� isso. Como muitos. Como 70 milh�es de brasileiros foram", seguiu.
Bolsonaro derrotado
Bolsonaro foi derrotado em segundo turno para Lula. O ex-presidente teve cerca de 58 milh�es de votos.
Ao ser questionado se o motivo de sua exonera��o foi sua presen�a no acampamento, S�rgio Bastos Dytz negou e disse que o novo governo est� exonerando "mais de 3.000 funcion�rios com curr�culo excelente". "Trocando gente que � capacitada por gente que n�o sabe nem escrever."
O dossi� feito pela transi��o aponta que Dytz � filho de general e que ele teria participado com a sua esposa das manifesta��es em frente ao QG do Ex�rcito.
Coronel reformado, Renato Fernandes Morais, exonerado na semana passada e que tamb�m atuava na Secretaria-Geral da Presid�ncia, disse � Folha que sua vida particular "n�o interessa a ningu�m" e que ele n�o tem "liga��o com o governo, com nada".
Ao ser questionado se esteve no QG, respondeu: "N�o tenho que dizer nem sim nem n�o, embora eu n�o tenha estado".
