O presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) voltou a criticar ontem a Selic, taxa b�sica de juros da economia, e o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central. Segundo o chefe do Executivo, n�o h� raz�es para a taxa de juros estar a 13,5%. No entanto, o petista errou ao citar o n�mero, que est� em 13,75% desde 3 de agosto. A declara��o ocorreu durante a posse de Aloizio Mercadante na presid�ncia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. “N�o existe nenhuma justificativa para a taxa de juros a 13,5% (sic), � s� ver a carta do Copom para ver a vergonha que � esse aumento de juros e a explica��o que deram para sociedade brasileira”, apontou.
Lula disse tamb�m que o pa�s tem “cultura” de juros altos, o que “n�o combina com a necessidade de crescimento”. “O problema n�o � a independ�ncia do Banco Central, � que esse pa�s tem uma cultura de viver com o juro alto que n�o combina com a necessidade de crescimento que temos”, completou. Em entrevista em janeiro, o presidente disse considerar uma “bobagem” a independ�ncia do Banco Central e afirmou que a solu��o para economia � que o Brasil volte a ter crescimento econ�mico, aliado a pol�ticas de distribui��o de renda.
O presidente ainda conclamou setores do empresariado a fazer cobran�as sobre o n�vel dos juros no pa�s. Lula disse que a “classe empresarial precisa aprender a reivindicar, a reclamar dos juros altos”. “Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. O �nico dia em que a Fiesp (federa��o da ind�stria paulista) falava era quando aumentava os juros. Era o �nico dia [...]. Agora, eles n�o falam."
O presidente e ministros consideram que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, traiu a confian�a do governo, que contava com o �rg�o para participar de um esfor�o conjunto para o Brasil superar os problemas econ�micos atuais sem passar por uma recess�o. As cr�ticas de Lula � condu��o do BC, por�m, t�m ampliado a expectativa de infla��o e pressionado os juros, gerando um efeito contr�rio ao pretendido pelo governo.
Lula afirmou tamb�m que o BNDES “foi v�tima de difama��o muito grande”. A declara��o � uma indireta ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Executivo defendeu ainda que a empresa p�blica federal � “a mais importante ag�ncia de desenvolvimento e financiamento”. “Eu n�o poderia deixar de lembrar a voc�s que esse banco foi v�tima de difama��o muito grave durante o processo eleitoral. Vivemos um momento no Brasil em que as narrativas, mesmo que mentirosas, valem mais que a verdade se forem ditas muitas vezes. Vivemos nos �ltimos quatro anos uma mentira tresloucada”, apontou.
“Esse banco foi v�tima de muita mentira. A primeira � que o BNDES nunca foi caixa-preta. De tanto martelar isso teve que gastar mais de R$ 42 mil�es em 2020 em uma auditoria, e o resultado foi que nada foi encontrado de irregular porque tudo foi contratado de forma s�ria altamente qualificada. Voc�s sabem o quanto essas mentiras custam para o povo brasileiro durante o processo eleitoral?”, emendou. Lula disse tamb�m que “outra mentira” � que o BNDES “dava dinheiro” a outros pa�ses.
Lula afirmou ainda que a inadimpl�ncia de pa�ses que tomaram empr�stimos com a institui��o, como Cuba e Venezuela, foi incentivada pelo governo Bolsonaro, que cortou rela��es com esses pa�ses.”No nosso governo eu tenho certeza que eles v�o pagar”, afirmou. At� setembro de 2022, Venezuela, Cuba e Mo�ambique somavam US$ 1,03 bilh�o (R$ 5,1 bilh�es) em atrasos de d�vidas com o banco de fomento.
Lula afirmou que a cr�tica ao financiamento � exporta��o de bens e servi�os brasileiros � uma das mentiras disseminadas contra a institui��o nos �ltimos anos. O petista defendeu que todos os contratos t�m garantias que preservam o banco em caso de inadimpl�ncia. "E vamos ser francos, os pa�ses que n�o pagaram, seja Cuba, seja Venezuela, � porque o presidente (Bolsonaro) decidiu cortar rela��es internacionais”, disse.

Bolsonaristas
O presidente Lula usou o discurso na posse do novo presidente do BNDES tamb�m para criticar os respons�veis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro. “O que aconteceu no Pal�cio do Planalto, no Congresso e no STF foi uma revolta dos ricos que perderam as elei��es. N�s n�o podemos brincar, porque um dia o povo pobre pode se cansar de ser pobre e fazer as coisas mudarem nesse pa�s”, disse Lula.
Lula atribuiu os atos golpistas ao inconformismo da elite com a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas elei��es.A Pol�cia Federal tem realizado opera��es para identificar participantes, financiadores e fomentadores dos ataques �s sedes dos tr�s Poderes, em Bras�lia. O petista destacou novamente a import�ncia do “equil�brio social” junto com o equil�brio fiscal. Ele lembrou que hoje h� 33 milh�es de pessoas passando fome. “Se n�s decepcionarmos esse povo e eles pararem de acreditar em n�s, n�o sei o que ser� desse pa�s. Esse pa�s n�o pode continuar sendo governado por uma parcela da sociedade, tem que ser governado para a maioria.” (Com ag�ncias)