
Passado esses dias de recesso branco na C�mara, o governo ser� obrigado a se acertar com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). � ele quem ditar� a velocidade de tramita��o do arcabou�o fiscal na C�mara e indicar� o relator. H�, pelo menos, quatro deputados do PP interessados no cargo de relator, mas o deputado Cl�udio Cajado, da Bahia, presidente em exerc�cio do Progressistas, tem a prefer�ncia de Lira. Afinal, com o presidente interino do PP no papel de relator, o partido ter� mais chances de votar mais fechado. At� aqui, a proposta foi alvo de cr�ticas diretas do senador Ciro Nogueira (PP-PI), partido de Arthur Lira, antes mesmo do texto desembarcar no Congresso. A ideia de fazer de Cajado relator � para ajustar o PP.
senador Ciro Nogueira foi ao Twitter em pleno Domingo de Ramos. Em seu perfil, escreveu: “Um arcabou�o baseado no aumento de receitas, que n�o prev� corte de despesas, ou seja, um arcabou�o inflacion�rio, n�o � um arcabou�o fiscal. Vamos tratar as coisas como elas s�o: Arcabou�o fatal”, comentou. Num outro post, ainda fez chacota da nova regra fiscal comparando-a ao “lobo mau” do conto infantil. “Para que essa despesa enorme? Para te proteger, Chapeuzinho. E as receitas t�o baixas? Para te fazer crescer! Mas, arcabou�o, e se n�o der certo? Eu vou te devorar! Moral da hist�ria: O arcabou�o fatal � o lobo mau fantasiado de vovozinha”.
Presidente licenciado do partido, o Os tu�tes do senador Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, foram vistos por integrantes do PP como um recado ao Centr�o para bombardear o texto, antes mesmo de ser conhecido. Em entrevista ao Estado de Minas, Ciro afirmou que Lula n�o se atualizou e n�o deveria ter voltado. A leitura dos parlamentares foi a de que Ciro trabalhar� para manter o seu partido na oposi��o. O PP hoje tem uma parcela expressiva da bancada interessada em se aproximar do governo.
No escuro n�o d� para contar votos
Entre os deputados tanto do PP quanto de outras legendas prevalece a cautela em rela��o �s novas regras fiscais. Muitos dizem que, sem conhecer os detalhes das novas regras fiscais, n�o d� para garantir aprova��o em tempo recorde, como deseja o Pal�cio do Planalto. Para se ter uma ideia, na semana passada, dois deputados de diferentes matizes ideol�gicas foram cautelosos e com declara��es id�nticas: “O diabo mora � nos detalhes”, disseram os l�deres do Psol, Guilherme Boulos (SP), e do PL, Altineu C�rtes (RJ).
A tend�ncia a pre�os de hoje � a de que o arcabou�o fiscal seja aprovado, mas n�o sem altera��es ou algum estresse na rela��o pol�tica. A forma��o do bloco entre MDB, PSD, Podemos, Republicanos e PSC, deixando o PP de Arthur Lira com um grupo menor de partidos, � um desses problemas. Aliados do presidente da C�mara tentam agora juntar um n�mero de legendas maior, para tentar suplantar essa nova for�a de 142 deputados, configurada pelos presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do Republicanos, Marcos Pereira.
Nessa queda de bra�o interna do centro e do centr�o, caber� ao governo estabelecer um ambiente pol�tico saud�vel, a fim de que o projeto do arcabou�o fiscal n�o pague o pre�o das brigas pol�ticas. Entre os integrantes do Uni�o Brasil, que trabalha um bloco com o PP, j� h� quem veja o dedo do governo na forma��o do bloco que dividiu o Centr�o. A turma mais pr�xima a Lira diz que, por enquanto, o presidente da C�mara n�o v� essa movimenta��o dos l�deres do governo. A avalia��o � a de que a disputa � pela presid�ncia da C�mara, em fevereiro de 2025. Marcos Pereira, deixado de lado na forma��o entre PP e Uni�o Brasil e candidat�ssimo a presidente da C�mara, resolveu buscar seu pr�prio caminho e n�o ficar esperando Lira e o Uni�o, partido que planeja lan�ar Elmar Nascimento ao comando da Casa.
As �ltimas contas dos governistas indicam que o presidente Lula conta hoje com cerca de 240 votos na Casa. Assim, para aprovar o arcabou�o, ter� que ampliar esse n�mero, mantendo uma rela��o amistosa com os partidos de Centro e com uma parcela expressiva do centr�o. Isso passa por atendimento na libera��o de emendas e indica��es nos segundo e terceiro escal�es do governo. O conselho de quem conhece profundamente a Casa � a de que, para facilitar o pr�prio jogo, melhor o governo se acertar com Arthur Lira, hoje o senhor do tempo na C�mara dos Deputados.