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Estado de Minas RELA��O DIPLOM�TICA

Rela��o do Brasil com a China amea�a os Estados Unidos?

N�o h� a menor chance de o Brasil sair da esfera de influ�ncia do Ocidente, porque o 'americanismo' est� incorporado ao modo de vida dos brasileiros


16/04/2023 09:24 - atualizado 16/04/2023 09:54

Lula
Encontro do presidente Lula com o presidente da China, Xi Jinping, teve mais repercuss�o na m�dia norte-americana do que sua reuni�o com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (foto: Sergio Lima / AFP)
O encontro do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) com o presidente da China, Xi Jinping, teve mais repercuss�o na m�dia norte-americana do que sua reuni�o com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
 
Talvez o discurso do ex-presidente Donald Trump acusando o democrata de perder a R�ssia, o Brasil, a Col�mbia e toda a Am�rica Latina para a China tenha esquentado o notici�rio.
 
O fato � que o Brasil voltou � cena internacional para a opini�o p�blica do Ocidente, ainda que muitos considerem essa agressiva proje��o de poder de Lula desnecess�ria e desprovida de sustenta��o econ�mica e pol�tica.

No Brasil, a aproxima��o com a China est� sendo interpretada como uma deriva do governo Lula em dire��o �s ditaduras, numa proje��o das rela��es com a Venezuela, Nicar�gua e Cuba ao Oriente.
 
 
Lula tamb�m est� sendo acusado de fazer o jogo do presidente da R�ssia, Vladimir Putin, ao propor um acordo de paz com a Ucr�nia em que a desocupa��o da regi�o do Dombass pelas tropas russas teria como contrapartida a entrega da Crimeia, tamb�m ocupada pela R�ssia. A viagem de Lula virou um prato cheio para a oposi��o bolsonarista e sua narrativa anticomunista, que agora encontra eco em setores que desejam ressuscitar a chamada "terceira via".

Mas o fato � que a pol�tica externa brasileira voltou � pauta dos jornais como pol�mica. N�o � a primeira vez. Entre a Revolu��o de 1930 e o fim da II Guerra Mundial, em 1945, a ditadura de Getulio Vargas flertou com a Alemanha nazista. Entretanto, o poder de barganha do Brasil na disputa entre EUA e Alemanha pelo mercado brasileiro era muito restrito, devido � depend�ncia da nossa economia prim�rio-exportadora. O poder econ�mico e militar dos EUA eram t�o superiores que Vargas n�o tinha tanta autonomia para negociar vantagens comerciais com a pot�ncia norte-americana.
 

O capital alem�o no Brasil era importante at� o come�o da guerra (1939), mas nunca houve de fato a possibilidade de o Brasil romper com os Estados Unidos e ingressar no Eixo Alemanha, It�lia e Jap�o. Um grupo liderado pelos generais Eurico Gaspar Dutra e G�es Monteiro realmente via na Alemanha um importante parceiro comercial e militar, em oposi��o ao chanceler Oswaldo Aranha e o almirante Amaral Peixoto. Liderados por eles, german�filos e american�filos, como eram chamados, se digladiavam nos bastidores do Pal�cio do Catete.

Aranha e Amaral eram admiradores da sociedade norte-americana e percebiam que o Brasil, ao se aliar com os EUA, teria muito mais a ganhar do que com Alemanha. Os militares, por sua vez, nunca quiseram um alinhamento total com Berlim, embora admirassem a m�quina de guerra alem� e adotassem ideias fascistas. Dutra e Monteiro n�o temiam a americaniza��o do Brasil, tinham medo mesmo era de um ataque alem�o, porque as nossas For�as Armadas estavam sucateadas.
 

Americanismo

O Brasil, por ordem geogr�fica e hist�rica, estava na esfera de influ�ncia dos Estados Unidos, pa�s que emergira como grande pot�ncia mundial ap�s a Grande Guerra de 1914-1918. Nossa economia se tornara mais dependente dos Estados Unidos. Entretanto, o principal trunfo americano era a sua cultura, utilizada como "soft power" para ampliar sua influ�ncia na Am�rica Latina, principalmente no Brasil. O carro-chefe foi o cinema, que formava opini�o e revolucionava os costumes.
 

Houve outros momentos pol�micos na pol�tica externa brasileira. Um dos mais significativos foi o fasc�nio de J�nio Quadros pelo guerrilheiro Che Guevara, um dos l�deres da Revolu��o Cubana e seu primeiro chanceler, que visitou o Brasil, em 1961.

Esse encontro empurrou para a oposi��o o governador da antiga Guanabara, Carlos Lacerda, feroz anticomunista, e foi uma das causas da ren�ncia do ent�o presidente da Rep�blica.
 
Outro, a aproxima��o do presidente Jo�o Goulart, que o sucedeu, com a China e a antiga Uni�o Sovi�tica, cujo ponto alto foi a visita do astronauta Iuri Gagarin e a Exposi��o Sovi�tica no Campo de S�o Crist�v�o, no Rio de Janeiro. Mas a maior ruptura ocorreu em 1975, durante o governo do general Ernesto Geisel, que adotou uma pol�tica externa independente, foi o primeiro a reconhecer a independ�ncia de Angola, rompeu o acordo militar com os EUA e assinou um acordo nuclear com a Alemanha.

A aproxima��o com a China n�o � uma amea�a aos Estados Unidos, mas provoca tens�es. A tese da "desdolariza��o" do nosso com�rcio com a China sinaliza o enfraquecimento do d�lar, mas n�o o fim de sua hegemonia.
 
O acordo cient�fico e tecnol�gico na �rea aeroespacial, por causa da estrat�gica base de Alc�ntara, n�o � visto com bons olhos, nem o acesso da China aos semicondutores que o Brasil pretende produzir para fornecer aos Estados Unidos. N�o h� a menor chance de o Brasil sair da esfera de influ�ncia do Ocidente, porque o "americanismo" est� incorporado ao modo de vida dos brasileiros e a alternativa � democracia no Brasil n�o � o comunismo, mas o "iliberalismo" de Bolsonaro.


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