
O ex-mandat�rio disse ainda �s autoridades policiais que o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-bra�o direito e ex-chefe da ajud�ncia de ordens do Planalto, "sequer comentou sobre certificados de vacina" com ele. Cid foi preso na mesma opera��o da PF.
Nesta ter�a, foram feitas 60 perguntas pelos policiais ao ex-chefe do Executivo no depoimento de mais de tr�s horas, em Bras�lia, no �mbito da investiga��o sobre fraudes em carteiras de vacina��o no sistema do Minist�rio da Sa�de.
O ex-chefe do Executivo negou ter solicitado a Cid ou outras pessoas envolvidas no esquema a adultera��o dos cart�es de vacina dele e de sua filha, e disse desconhecer motivos para que tenham feito isso. Bolsonaro afirmou ainda n�o acreditar que o seu ex-auxiliar tenha arquitetado a a��o criminosa, que n�o a determinou, e que se ele o fez, "foi � revelia, sem qualquer conhecimento ou orienta��o" dele.
Bolsonaro disse aos policiais que, no dia 29 de dezembro de 2022, o ent�o ministro da CGU (Controladoria-Geral da Uni�o), Wagner Ros�rio, entrou em contato com ele para obter autoriza��o para retirar o sigilo de seu cart�o de vacina��o.
O ex-presidente relatou ter autorizado seu auxiliar e afirmou que "o orientou que, caso houvesse alguma coisa errada, que se procedesse a investiga��o pertinente". Bolsonaro sempre disse n�o ter se vacinado e criticava, sem evid�ncias, a vacina contra a Covid-19.
Durante o depoimento, ele disse que a CGU havia aberto uma investiga��o sobre poss�veis fraudes em seu cart�o de vacina��o quando ele ainda era presidente da Rep�blica.
Suspeita da PF
A suspeita da PF � de que Mauro Cid tenha adulterado, com ajuda de Jo�o Carlos de Sousa Brecha, ent�o secret�rio de Governo de Duque de Caxias (RJ), os cart�es de vacina��o de Bolsonaro e da filha do ex-presidente.
� pol�cia Bolsonaro afirmou n�o ter "a menor ideia" das raz�es que levaram Brecha a fraudar o seu perfil no sistema do SUS (Sistema �nico de Sa�de).
Ele tamb�m foi questionado se conhecia as enfermeiras que, segundo os registros adulterados, teriam aplicado as doses de vacina.
Depois que os dados falsos foram inseridos no sistema, o aplicativo do ConecteSUS emitiu dois certificados de vacina��o em nome de Jair Bolsonaro.
O ex-presidente afirmou que nem sequer sabe mexer no aplicativo e que toda a sua "gest�o pessoal" sempre ficou a cargo de Cid. Mas disse n�o saber se foi, de fato, Cid quem emitiu os certificados.
O primeiro certificado foi emitido em 22 de dezembro de 2022, �s 8h. O segundo, �s 14h19 do dia 27 de dezembro. Nesse dia, Cid j� n�o cuidava dos assuntos pessoais de Bolsonaro no Pal�cio do Planalto, tendo sido substitu�do por outro assessor, Marcelo C�mara. Foi do celular dele que o certificado foi emitido.
O terceiro certificado em nome de Bolsonaro foi emitido no dia 30 de dezembro de 2022. O ex-chefe do Executivo repetiu � PF que n�o tinha raz�o para emitir um certificado falso, j� que, segundo ele, "jamais tomou vacina" contra a Covid.
Bolsonaro questionado
Bolsonaro tamb�m foi questionado pelos policiais sobre �udio enviado por Ailton Barros a Cid em que diz saber quem foi mandante do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, e respondeu que o seu ent�o ajudante de ordens nunca comentou sobre o �udio com ele.
Em outro �udio obtido pela PF, Barros fala ainda sobre influenciar pautas das manifesta��es golpistas em Bras�lia. O ex-chefe do Executivo disse que "nunca repassou qualquer orienta��o sobre as referidas pautas a Ailton e/ou qualquer grupo". Ele disse ainda s� mantinha contato por "conversas espor�dicas" com Barros e que as aproxima��es se davam "principalmente em momentos eleitorais".
O ex-chefe do Executivo disse ainda que Barros "n�o possui lideran�a" para arregimentar pessoas para ato golpista, e ressaltou "que n�o concorda com qualquer tratativa nesse sentido".
Bolsonaro diz ainda que "n�o participou ou orientou qualquer ato de insurrei��o ou subvers�o contra o Estado Democr�tico de Direito" e que duvida que Cid tenha dado refor�o a pautas golpistas.
O ex-presidente tamb�m fez uma defesa do seu ex-ajudante de ordens e bra�o direito. Quando questionado se Cid teria repassado a ele o conte�do dos �udios de teor golpista de Barros, Bolsonaro disse que n�o e elogiou o militar.
"Cid � um militar altamente qualificado, primeiro lugar em todos os cursos militares em que � graduado, sendo portanto um militar disciplinado e que jamais compactuaria com atos subversivos", diz trecho do depoimento.
Bolsonaro tamb�m falou, mais de uma vez, n�o ter conhecimento da participa��o de Cid nas fraudes do cart�o de vacina e que acredita que ele n�o tenha arquitetado a inser��o de dados falsos nos sistemas.
O ex-secret�rio da Secom (Secretaria Especial de Comunica��o Social) da Presid�ncia Fabio Wajngarten acompanhou o depoimento com os advogados Daniel Tessler e Paulo Cunha Bueno. Ele tamb�m � advogado de forma��o, mas auxilia o ex-presidente na �rea de comunica��o.
Segundo Wajngarten escreveu no Twitter, Bolsonaro respondeu a todas as perguntas e reiterou que jamais se vacinou. Tamb�m afirmou, segundo o aliado, desconhecer "qualquer iniciativa para eventual falsifica��o, inser��o, adultera��o no seu cart�o de vacina��o bem como de sua filha".
Ainda sobre a vacina��o, o ex-presidente disse que seu governo comprou 500 milh�es de doses de vacina, mas que ele n�o tornou a imuniza��o obrigat�ria.
O ex-chefe do Executivo tamb�m foi indagado por policiais a respeito de �udios do ex-major do Ex�rcito Ailton Barros, que teria conversado sobre um eventual golpe de Estado com Mauro Cid.
"O Pr [ex-presidente Bolsonaro] respondeu que n�o orientou, que n�o participou de qualquer ato de insurrei��o ou subvers�o contra o Estado de Direito", disse Wajngarten no Twitter.
Essa � a terceira vez que Bolsonaro presta depoimento �s autoridades policiais em 2023. A primeira oitiva foi em 5 de abril, a respeito do caso das joias recebidas de autoridades da Ar�bia Saudita; e a segunda em 26 de abril, sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro.
No in�cio de maio, no �mbito da apura��o sobre os cart�es de vacina, a PF realizou opera��o de busca e apreens�o na casa de Bolsonaro e prendeu tr�s dos seus principais auxiliares: Mauro Cid, Max Guilherme e Sergio Cordeiro.
O ex-ajudante de ordens Cid, apesar de n�o integrar oficialmente a equipe de assessores a que Bolsonaro tem direito como ex-presidente, � considerado o bra�o direito dele por sua fidelidade e proximidade. Na semana passada, o advogado Rodrigo Roca deixou a defesa de Cid e foi substitu�do por Bernardo Fenelon, que tem trabalhos sobre dela��o premiada.
Ainda assim aliados de Bolsonaro dizem ter confian�a de que Cid n�o far� colabora��o. A expectativa no entorno do ex-presidente � que o ex-ajudante de ordens admita culpa no esquema de inser��o de dados fraudulentos sobre vacina��o.
Conforme a Pol�cia Federal, os alvos da investiga��o s�o suspeitos de realizar inser��es de informa��es falsas no sistema da Sa�de entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. O objetivo era que os benefici�rios pudessem emitir certificado de vacina��o para viajar aos Estados Unidos.