
Por meio de postagens em seu perfil no YouTube, todas com poucas dezenas de visualiza��es, ele tem defendido sua gest�o no exame da conduta de governantes quanto ao enfrentamento � Covid-19 e tamb�m na �rea do meio ambiente.
Aras foi criticado por apoiadores do atual mandat�rio e opositores de Bolsonaro --que o conduziu duas vezes ao cargo-- sob a acusa��o de ser omisso justamente em rela��o a esses temas.
Nos v�deos publicados nas �ltimas semanas, Aras encampa o discurso de que o �rg�o foi diligente na fiscaliza��o de atos administrativos e gastos p�blicos destinados ao combate da pandemia. Cita situa��es como a crise da falta de oxig�nio em hospitais de Manaus.
Diz que criou o Gabinete Integrado de Acompanhamento da Covid-19 na PGR antes mesmo de a OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de) "declarar o estado pand�mico" e que a atua��o dessa equipe garantiu a libera��o de recursos p�blicos para enfrentar os problemas no Amazonas.Em grava��o divulgada na segunda-feira (26), ele rebate cr�ticas ao fato de n�o terem sido apresentadas den�ncias a partir do relat�rio da CPI da Covid, ap�s a Procuradoria concluir pela insufici�ncia de provas no material compartilhado pela comiss�o do Senado.
"O procurador-geral e todos os colegas que atuaram cumpriram rigorosamente com seus deveres", afirmou. "� preciso distinguir a ret�rica pol�tica do discurso jur�dico."
Aras exalta ainda, em outra publica��o, uma ferramenta chamada Georadar, que segundo ele consegue detectar em dez segundos "uma invas�o, uma queimada, um desmatamento".
"N�s podemos, imediatamente, detectando um il�cito em comunidades ribeirinhas, telefonar para os colegas do estado, as unidades regionais, e conectar todas as institui��es para que com certa rapidez tenhamos medidas n�o s� preventivas, mas repressivas, para evitar o garimpo ilegal, o desmatamento ilegal", diz em um dos v�deos.
Apesar das falas de Aras, a atua��o da PGR nas a��es contra a Covid e sobre o meio ambiente foi controversa.
Inicialmente, ao se manifestar em 8 de abril de 2020 em a��o do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as responsabilidades do presidente e dos estados e munic�pios em definir regras de isolamento social, ele defendeu um posicionamento alinhado ao de Bolsonaro.
"O tratamento normativo do resguardo de servi�os e atividades de car�ter essencial, no contexto de implementa��o de medidas voltadas � mitiga��o das consequ�ncias da pandemia do coronav�rus, h� de se dar de forma linear e coordenada em todo o territ�rio nacional", disse Aras na ocasi�o.
Em outra a��o, Aras enviou ao Supremo um novo parecer no �mbito de uma a��o em que a OAB pedia que o Supremo obrigasse Bolsonaro a seguir as recomenda��es da OMS.
Nesse texto, sob press�o da opini�o p�blica e de ministros dos tribunais superiores, o procurador defendeu que compete ao governo federal editar normas gerais, mas que o presidente da Rep�blica n�o pode afastar atos administrativos de governadores e prefeitos que estejam conforme a lei.
Durante a pandemia, o chefe do Minist�rio P�blico Federal tamb�m foi apontado como conivente com Bolsonaro, que em diversas ocasi�es se manifestou contra medidas de isolamento social e vacinas.
Em a��es no Supremo nas quais partidos de esquerda pediam o reconhecimento da omiss�o do governo Bolsonaro no combate � Covid-19, a PGR disse que uma decis�o nesse sentido "implicaria inger�ncia do Judici�rio no m�rito das a��es adotadas e controle de pol�ticas p�blicas, em atua��o estranha � fun��o jurisdicional".
Em julho do ano passado, a vice-procuradora-geral da Rep�blica e bra�o direito de Aras, Lind�ra Ara�jo, pediu arquivamento das principais frentes de investiga��o decorrentes do trabalho da CPI da Covid. A comiss�o imputou crimes a v�rias autoridades da gest�o Bolsonaro.
O pr�prio Aras pediu duas vezes � ministra Rosa Weber, do STF, para arquivar inqu�rito contra Bolsonaro no caso do processo de compra da vacina indiana Covaxin. Nessa apura��o, o ex-presidente era investigado sob suspeita de prevarica��o.
No meio ambiente, Aras se manifestou integralmente contra uma s�rie de a��es que estiveram na chamada "pauta verde" do Supremo de 2022 e que tinham a inten��o de reduzir o desmatamento na Amaz�nia.
Aras opinou de forma contr�ria a sete a��es que estavam previstas para serem analisadas, inclusive em uma apresentada pela pr�pria PGR na gest�o anterior de Raquel Dodge. � �poca, o julgamento era considerado um recado do STF contra o desmonte de pol�ticas p�blicas ambientais sob Bolsonaro.
As a��es em pauta eram defendidas por um f�rum de ex-ministros do Meio Ambiente dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula, Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Embora considere a possibilidade de um terceiro mandato, Aras sabe que n�o lidera as prefer�ncias do Pal�cio do Planalto. Trabalha, ent�o, por um aliado para suced�-lo.
H� uma preocupa��o do procurador-geral da Rep�blica com a chegada de um advers�rio ao comando do Minist�rio P�blico Federal e uma eventual revis�o de procedimentos da gest�o anterior.
Em rela��o � Covid-19, Aras usou como �libi as chamadas investiga��es preliminares para dizer que apurou suspeitas de irregularidades atribu�das ao ex-presidente e a seu entorno. A PGR contabilizou centenas de representa��es criminais que passaram a ser investigadas internamente.
Ministros do STF, no entanto, criticaram a estrat�gia por falta de supervis�o da corte nesses expedientes e fecharam o cerco ao procurador-geral.
Alexandre de Moraes, Rosa Weber, C�rmen L�cia e Edson Fachin usaram suas decis�es para fazer cr�ticas p�blicas.
Entre os recados, os magistrados afirmaram que pareceres do PGR e de sua equipe geraram "perplexidade", disseram que o chefe da Procuradoria n�o pode assumir papel de "espectador" e at� emitiram nota para afirmar que o �rg�o n�o tinha se manifestado ap�s ter sido provocado pela corte.